A operação Xawara, deflagrada em julho pela Polícia Federal e Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR), desarticulou o motor econômico da atividade de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Desde então, diversos garimpeiros têm sido retirados da área. A Fundação Nacional do Índio em Roraima (Funai/RR) estima que mais de 150 pessoas que atuavam no garimpo na reserva indígena foram removidas para Boa Vista.
Ontem, em ação do Exército Brasileiro, um grupo de dez garimpeiros foi retirado da terra indígena. Familiares procuraram apoio junto à Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE/RR) para a remoção das pessoas que estavam sem alimentação e doente.
Segundo o deputado Coronel Chagas, o grupo passou dias caminhando pela mata em busca de meios para sair da área. Por meio de rádio amador, os garimpeiros se comunicavam com a família e repassavam a situação crítica em que se encontravam.
Para a retirada do grupo, o parlamentar buscou apoio junto ao comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general José Luiz Jaborandy, que articulou com o Comando Militar da Amazônia aeronave para ser empregada na ação humanitária de resgate. Os garimpeiros foram encontrados na cabeceira do rio Apiaú.
“A Assembleia está empenhada em apoiar e ajudar esses trabalhadores. A gente sabe que essas pessoas que estão lá dentro são os operários que estão lá porque não conseguiram outra oportunidade de emprego aqui. Não é fácil ir para uma região inóspita, com todos os perigos que se apresentam, para trabalhar para sustentar a família”, comentou o deputado.
Com a escassez de alimentação e de demais suprimentos necessários para a permanência na área indígena, a Funai acredita que outros garimpeiros buscarão ajuda para serem removidos ainda nos próximos dias.
Operação Abelha de Tibau monitora a presença garimpeira no rio Apiaú
O coordenador da Funai, André Vasconcelos, informou que muitos garimpeiros estão saindo dos seus acampamentos via terrestre ou fluvial rumo ao Pelotão de Fronteira de Surucucu e aos postos de saúde da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para serem retirados da área.
A estimativa, com base no levantamento do número de garimpos ativos na reserva Yanomami que ultrapassa os 30, é que existam mais de 300 pessoas envolvidas com a atividade ilegal na área. A expectativa é que todos sejam removidos e apresentados à Polícia Federal para que sejam adotadas as medidas cabíveis.
OPERAÇÃO – Na semana passada, a Funai junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e a Companhia de Policiamento Ambiental da Polícia Militar realizaram a operação denominada Abelha de Tibau para monitoramento da calha do rio Apiaú.
O foco, segundo André Vasconcelos, é fechar todas as portas de entrada do garimpo na Terra Indígena Yanomami. A equipe destruiu balsas, motores e acampamento que foram encontrados vazios. O objetivo foi também o de remover garimpeiros da área, mas nenhum foi encontrado.
Existe a preocupação do retorno desses garimpeiros para a reserva indígena. Segundo o coordenador da Funai, eles têm encontrado novos meios de atuação, até mesmo abrindo passagens na mata para utilização de transportes via terrestre.
FONTE : Folha de Boa Vista