Perigo à vista: tubarões são detectados por pesquisadores no Rio Amazonas

Peixes carnívoros, sempre em busca de alimentos, estão deixando o mar e entrando em rios de água doce, diz o Inpa

Tubarão é fisgado acidentalmente por pescadores no Rio Amazonas – Postada em: CONTILNET

Se um simples banho no Rio Amazonas sempre foi um perigo, pela turbidez da água, feras e profundidade daquele que é considerado o maior rio do mundo, agora é que a situação piorou de vez: técnicos da área detectaram a presença de tubarões no rio e em seus afluentes, que incluem o Acre, o Purus e o Juruá. A presença de tubarões em água doce foi detectada por pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), sediado em Manaus (AM).

“Há, sim, a possibilidade desses animais subirem e entrarem em nossos rios. Eles estão sempre em busca de alimentos, cada vez mais escassos em seu habitat natural”, disse o geógrafo Claudemir Carvalho de Mesquita, um acreano que há muito tempo estuda a bacia hidrográfica amazônica e que já escreveu inclusive livros sobre o rio Acre.

Os peixes carnívoros detectados no Amazonas são da espécie conhecida como tubarão-touro, que, como outros peixes, como bagres e outros de médio e pequeno porte, embora sejam da água salgada, também se adaptam à água doce. Isso acontece porque essas espécies marinhas entram nas águas doces por causa dos chamados estuários, dizem especialistas.

Estuário é como a ciência qualifica o ambiente aquático de transição entre um rio e o mar. Um estuário sofre a influência das marés e apresenta fortes gradientes ambientais, desde águas doces próximos da sua cabeceira, águas salobras, e águas marinhas próximo da sua desembocadura. As zonas entre marés são geralmente constituídas de vazas (lama) ou ostreiras e outras zonas cobertas de sapais e pântanos que são ótimas zonas para o desenvolvimento de espécies aquáticas. Os estuários são áreas de extraordinária produtividade e diversidade biológica. Do ponto de vista da ecologia e da oceanografia, um estuário é uma região semi-fechada do oceano influenciada pelas descargas de água doce de terra, quer seja um ou mais rios, ou apenas da drenagem do continente, como acontece com o rio Amazonas quando desemboca no Oceano Atlântico.

Muitas vezes, usa-se a palavra estuário em contraposição ao delta, onde o rio se mistura com o mar através de vários canais ou braços do delta. No entanto, um delta pode considerar-se também uma região estuarina. Há várias formas de estuários, determinadas não só pela geomorfologia da costa, mas também pelas características dos rios e das massas de águas oceânicas que ali se encontram.

Um aspecto muito importante é que, devido aos nutrientes que as águas de terra transportam, um estuário é geralmente uma região com elevada produtividade biológica. É dessa diversidade biológica, rica em nutrientes e de espécies das quais se alimentam, que os tubarões detectados no Amazonas estão atrás e subindo rio adentro.

Apesar de ser possível, são poucas as espécies de tubarão que foram encontradas longe do mar. Uma das principais razões para os tubarões trocarem as águas salgadas por doces está ligada à manutenção da espécie. É que esses animais sentem-se à vontade para estarem em rios, dado o baixo nível de competitividade com outros predadores.

Outra possível motivação para o aparecimento dos animais em águas doces é o chamado ‘estresse fisiológico’, um gatilho químico que facilita a reprodução dos tubarões, segundo a pesquisas do Inpa.

POR TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

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