Justiça manda criar novo cronograma contra garimpo na Terra Yanomami

Garimpeiros estão voltando para áreas de onde já foram expulsos

Áreas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami vistas em sobrevoo ao longo do rio Mucajaí. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Justiça Federal de Roraima determinou a realização de uma audiência para que seja criado um novo cronograma de ações contra o garimpo ilegal na Terra Yanomami, o maior território indígena do mundo.

A nova agenda deve ser estabelecida em conjunto entre Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) feito no último domingo.

A retirada dos garimpeiros é determinada pela Justiça desde 2020. Diversas ações foram realizadas neste ano, mas, segundo o MPF, ainda há muito trabalho a ser feito.

A procuradoria destacou que, neste segundo semestre, os garimpeiros retornaram principalmente para áreas já desmatadas. Também há relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e bebidas alcoólicas. É que o garimpo tem “alta capacidade de reorganização” e a atividade irregular tem ligação com organizações criminosas, que fornecem suporte logístico, financeiro e armas.

Nesta semana, por exemplo, a Polícia Federal, com apoio da Funai, prendeu dois garimpeiros venezuelanos na Terra Indígena Yanomami. Eles foram detidos pelos próprios indígenas, que entraram em contato com as autoridades.

Além disso, a Hutukara Associação Yanomami denunciou o estupro coletivo sofrido por uma criança, de 11 anos, na última segunda-feira, nas proximidades da Casa de Apoio à Saúde Indígena, na capital Boa Vista.

Essa Casa de Apoio, que deveria ser de acolhimento, não possui ala separada para mulheres ou crianças e adolescentes. Segundo a associação, a capacidade do local é para cerca de 200 pessoas, mas tem mais de 700.

Em nota, o Ministério da Saúde repudiou o crime e disse prestar apoio à vítima. A Secretaria de Saúde Indígena pediu reforço de segurança à Força Nacional e à Secretaria de Segurança Pública de Roraima.

De acordo com a pasta, a situação decorre da “grave crise humanitária que atingiu as comunidades indígenas nos últimos anos” e ainda são “consequências do abandono e do avanço do garimpo”. Além da identificação dos criminosos, também foi instaurado um processo administrativo para apurar o caso.

PUBLICADO POR: EBC RADIOAGÊNCIA NACIONAL – Justiça manda criar novo cronograma contra garimpo na Terra Yanomami | Radioagência Nacional (ebc.com.br)    

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PF prende dois ocupantes da Terra Indígena Yanomami — Polícia Federal (www.gov.br) –  A Polícia Federal prendeu na data de ontem (20/12) dois venezuelanos por ocuparem a Terra Indígena Yanomami. A ação ocorreu após recebimento de informações da FUNAI de que dois possíveis garimpeiros teriam sido detidos por indígenas em uma comunidade, os quais teriam entrado em contato e solicitado a retirada dos homens. Policiais Federais se deslocaram ao local, com apoio da FUNAI, e constataram a situação de flagrante dos suspeitos, os quais teriam invadido o território do povo Yanomami. Os suspeitos foram encaminhados ao sistema prisional, onde permaneceram à disposição da Justiça.