RR – Aula Magna da Universidade Estadual é proferida em macuxi

A Universidade Estadual de Roraima (UERR) realizou na comunidade indígena de Vista Alegre, área rural de Boa Vista, na noite de sábado (23), a Aula Magna ministrada em língua macuxi e em português, abrindo o primeiro semestre letivo de 2013, fato inédito na história das universidades brasileiras. Nove etnias do Brasil e uma da Venezuela prestigiaram o evento.

A Aula Magna foi proferida pelo tuxaua, vice-prefeito de Pacaraima, pedagogo e bacharel em Direito, Jonas Marcolino. Ele falou dos 500 anos de derrubada de florestas, exploração e extermínio de povos indígenas e dos reflexos sentidos até os dias de hoje. “As políticas públicas desenvolvidas pela elite brasileira, no passado, são responsáveis pelo atual sistema educacional, de saúde, de segurança e de provimento dos bens e serviços públicos ofertados aos povos indígenas, entre outros, refletindo todas as suas injustiças e mazelas”.

Ele declarou que naquele dia (sábado, 23), silenciosamente, o governo e a UERR “estavam dizendo a todos os índios: Nós respeitamos vocês e queremos dar-lhes as mesmas oportunidades que foram oferecidas apenas à elite durante os cinco séculos passados”. Concluiu dizendo que a Universidade Estadual estava resgatando e valorizando as culturas indígenas, criando desafios para que os professores indígenas “possam libertar a sociedade menos favorecida de todas as armadilhas da escravidão”.

Em entrevista Marcolino disse ainda que a educação é a força motriz do desenvolvimento e que um povo educado é feliz e livre. Disse que estava feliz em poder contribuir com a construção da liberdade econômica e financeira dos povos indígenas e que a Universidade Estadual estava dando um exemplo para o Brasil e o mundo.

O governador do Estado e chanceler da UERR, José de Anchieta, disse que a realização da Aula Magna em uma comunidade indígena era gratificante e que mostrava o respeito do governo às comunidades. “Trazer a Academia representa promover a transferência do capital intelectual aos povos indígenas e dar as mesmas oportunidades que todos os roraimenses têm. Temos que capacitar, levar o desenvolvimento sustentável e beneficiar todas as comunidades”.

Márcio Meira, ex-presidente da Funai e assessor especial do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, considerou importante para o Ministério a formação de jovens em nível superior, em magistério intercultural indígena . “O MEC reconhece essa valorização da diversidade cultural e por isso estamos aqui para prestigiar”, disse Meira.

O reitor da UERR, Hamilton Gondim, disse que o evento foi a demonstração de que o Estado é plural. “Temos vários povos indígenas, de diferentes origens, de diferentes línguas e culturas. A UERR dá apoio a todas as manifestações culturais em suas próprias línguas, tanto que a Aula Magna foi proferida por um tuxaua, o Jonas Marcolino”.

O deputado federal e doutor Honoris Causa da Universidade Estadual, Luciano Castro disse que a instituição foi criada para levar educação aos povos do interior e comunidades indígenas, já que representam uma grande parcela da população. “Hoje (23) vemos uma demonstração clara disso. A UERR já funciona no Contão (Uiramutã) e Trairão (Amajari) e em várias outras comunidades. Ela também está em São João da Baliza. Vamos inaugurar outras unidades, nos próximos meses, em Alto Alegre, Mucajaí e na Vila Félix Pinto (Cantá). Os nossos alunos precisam estudar com conforto”, disse o deputado se referindo às novas instalações da UERR que estão sendo construídas.

O indígena Augusto Samuel da Silva, da região do Uiramutã, disse que estava feliz e que a aproximação com a Universidade Estadual traria melhorias para sua comunidade. “Precisamos fortalecer nossos jovens e precisamos ter na nossa comunidade uma escola de qualidade como a Universidade Estadual”, concluiu.

O reitor Hamilton Gondim explicou que a iniciativa de levar cursos de graduação às comunidades indígenas faz parte da política governamental de interiorização do ensino superior e qualificação dos profissionais do Estado. A UERR está presente hoje em 16 localidades, além de Boa Vista, incluindo as comunidades de Surumu e Contão, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde oferta Pedagogia e também Ciências da Natureza e Matemática.

FONTE :  SECOM/RR 

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