Constituição brasileira vai ganhar versão em língua indígena Nheengatu da Amazônia

MANAUS – O Brasil receberá, em primeira mão, a inédita versão da Constituição Federal em Nheengatu, a ‘Língua Geral’ dos povos indígenas da Amazônia, no dia 19 de junho. A língua falada no Alto Rio Negro, no Amazonas, até o Médio Tapajós, no Pará, está sendo traduzida por 12 representantes dos povos amazônicos, com a consultoria de integrantes do Direito, sob supervisão da juíza Andrea Medeiros.

Constituição Brasileira em volta de um cocar indígena (API/Reprodução) – Postada em: Agência Cenarium

De acordo com Medeiros, em entrevista à REVISTA CENARIUM, o projeto surgiu das observações da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, quando veio ao Amazonas. “Nessa viagem, ela teve contato com os povos e as realidades de regiões como o Vale do Javari e, assim, teve a ideia de criar essa versão da nossa Carta Magna”, explicou a magistrada.

A inciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por meio da Escola Superior da Magistratura do Amazonas (Esmam), sob direção do desembargador Flávio Pascarelli, a pedido da ministra Weber, que também é presidente da entidade.

Coube a Andrea Medeiros, magistrada com experiência em populações indígenas do Amazonas, coordenar e ajudar a construir o projeto. “Convidamos 12 tradutores para fazer parte do projeto que caminha a passos largos para ser concluído o mais breve possível, porque já temos 70% da Constituição traduzida”, revelou.

Entrega

Os trabalhos da equipe tem prazo curto para conclusão, já que a no dia 19 de junho a ministra Rosa Weber volta ao Alto Rio Negro para, mais uma vez, visitar os povos originários e as comunidades tradicionais. Na ocasião, Weber irá entregar a Carta Magna traduzida. “A Constituição em Nheengatu será entregue, em cerimônia, no município de São Gabriel da Cachoeira, às organizações e lideranças presentes”, afirmou Andrea.

Participam do projeto Marco Lucchesi, da Biblioteca Nacional, a convite do CNJ e o linguista José Ribamar Bessa Freire. A consultoria jurídica ficou a cargo de Luana Marley de Oliveira e Silva, Andrea Medeiros e Inory Kanamary. A coordenação é de Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, Andrea Medeiros e Luanna Marley de Oliveira e Silva.

Os cinco líderes da equipe de 12 tradutores são: Dadá Baniwa, Edison Cordeiro Gomes, George Borari, Melvino Fontes e Edilson Martins. “Todos os envolvidos, bem como o TJAM, a Esmam e o CNJ, além da Biblioteca Nacional, estão empenhados nesse marco na literatura jurídica do Brasil”, comemorou Andrea.

Mencius Melo – Da Agência Cenarium – Agência Cenarium Amazônia (aamazonia.com.br) 

Relacionada:

Constituição e Lei Maria da Penha receberão tradução para idioma indígena pela primeira vez – Revista Cenarium