Lideranças indígenas tinham solicitado do Exército, em abril, o retorno da fiscalização permanente contra os garimpos nos rios Uraricoera e Mucajaí.
![](https://www.ecoamazonia.org.br/wp-content/uploads/2019/08/noti-1565322976.jpg)
Exército realiza pequenas operações que buscam impedir a entrada de mais pessoas no garimpo ilegal (Foto: Arquivo Cedida pela Ascom Exército )
O Comando da 1ª Brigada de Infantaria de Selva pediu que as pessoas que ainda estão na região de garimpo nos rios Uraricoera e Mucajaí abandonem a região de forma ordeira e pacífica. O pedido foi feito após um incidente envolvendo garimpeiros e uma equipe da 1ª Brigada que estava fazendo bloqueio fluvial no Rio Mucajaí.
Os militares tentavam, com o bloqueio, impedir o abastecimento do garimpo ilegal na terra indígena Yanomami.
Segundo o registro da ocorrência, por volta da 23h30 a tropa avistou uma embarcação que se deslocava no rio em direção à área indígena. Ao solicitar a parada para verificação, o piloto que conduzia o barco acelerou o motor tentando fugir da abordagem.
A tropa perseguiu a embarcação e conseguiu interceptá-la. No interior do barco encontrou cinco pessoas e apreendeu cerca e 850 litros de combustível, além de gêneros alimentícios que serviriam para abastecer garimpeiros que fazem mineração na reserva Indígena Yanomami. Os gêneros e combustível foram apreendidos e os ocupantes do barco cadastrados.
Na ação da tropa, um dos garimpeiros feriu-se levemente sendo conduzido para a Sesai na Comunidade Indígena Sikamabiu, onde foi atendido.
Na atual fase da Operação, o Exército permite o acesso de embarcações à região desde que as pessoas que desejam adentrar a área sejam cadastradas e cumpram as regras determinadas (embarcação tripulada por no máximo duas pessoas e conduzir apenas os alimentos e combustível necessário para a viagem de ida e volta).
“Essa ação visa permitir a retirada dos garimpeiros que hoje se encontram na região. Ações empreendidas no sentido de tentar furar o bloqueio somente servem para que o Exército reforce a presença na região. O Exército Brasileiro continuará a cumprir suas atribuições conforme determina a Constituição e as leis, visando proteger o território nacional, a população e prevenir as ações ilícitas na área da fronteira norte de nosso país”, informaram os militares por meio de nota.
Indígenas denunciam que 20 mil garimpeiros estão no local
![](https://www.ecoamazonia.org.br/wp-content/uploads/2019/08/noti-text-1565323018.jpg)
Vista aérea de garimpos ilegais na TI Yanomami, próximo à comunidade Ye’kwana, região Waikás | (Foto: Rogério Assis – ISA )
Lideranças dos povos Yanomami e Ye´kwana tinham solicitado do Exército, em abril, o retorno da fiscalização permanente contra o garimpo nos rios Uraricoera e Mucajaí . No início do ano, o Exército abandonou as bases de fiscalização permanente na área, o que fez a invasão se intensificar. A estimativa dos indígenas é que mais de 20 mil garimpeiros estejam ilegalmente dentro da Terra Indígena Yanomami, ocupando as calhas dos Rios Uraricoera, Mucajaí, Couto de Magalhães e as cabeceiras dos Rios Catrimani, Novo e Apiaú.
Sindicato
O presidente do sindicato dos Garimpeiros do Estado de Roraima, Crisnel Francisco Ramalho, disse que não se envolve em questões do garimpo ilegal e que o sindicato não apoia ou tão pouco aprova atitudes que de acordo com ele são consideradas ´baderneiras`.
“O sindicato é totalmente legalizado. Há 22 anos estamos nos preparando para que, se houver legalização da atividade de extração na mineração em Roraima, possamos participar. Somos o único sindicato que atua dentro das leis e esclarecemos que nenhuma atitude de garimpeiros dentro das reservas possui ligação conosco”, ressaltou.
Exportação
O ouro se tornou, em 2019, o segundo maior produto de exportação de Roraima sem que o Estado tenha uma única mina operando legalmente.
Atualmente, o governo Bolsonaro prepara um projeto para legalizar a mineração em terra indígena, o que pode afetar um terço das Tis no país. Prevista na Constituição de 1988, a atividade nestes territórios nunca foi regulamentada e é alvo de discussão no Congresso.
Por: Polyana Girardi
Fonte: Folha de Boa Vista
VER MAIS EM: https://amazonia.org.br/2019/08/exercito-pede-para-que-garimpeiros-deixem-area-indigena/
Deixe um comentário