Governo se defende pelo aumento de mortes entre Yanomami

Dez ministros da gestão Lula vão a Roraima inaugurar a Casa de Governo, mas reconhecem que falta organização para acabar com o garimpo ilegal e a violência na Terra Indígena,

– Foto: Leo Otero – Ascom | MPI

Boa Vista (RR) e Manaus (AM) – Diante do impacto negativo do aumento de mortes de Yanomami no ano passado, o governo Lula fez um mea culpa e indicou que vai revisar dados da gestão de Jair Bolsonaro, sobretudo aqueles ligados à área de saúde e de segurança. Foi o que anunciou nesta quinta-feira (29) o ministro da Casa Civil, Rui Costa, em visita à capital Boa Vista. Acompanhado de outros nove ministros, um sinal da importância da agenda federal em Roraima, Costa reconheceu que ainda falta organização para combater de forma mais efetiva o garimpo, crimes ambientais e o avanço do crime organizado que afeta os povos da floresta.

“Infelizmente, as unidades de saúde que atendem na ponta as comunidades indígenas foram abandonadas. Isso é um fato, isso não é uma alegação”, justificou Rui Costa. “E por terem sido abandonadas, os registros dos últimos anos não foram feitos. Então nós não sabemos afirmar [se houve subnotificação] e por isso foi determinado a abertura de inquérito sanitário para apuração.”

O chefe da Casa Civil adotou um tom diplomático ao responder à pergunta sobre o aumento de mortes, mesmo com ações governamentais em curso.

Dois dias antes da comitiva chegar à capital roraimense para essa inauguração, o portal Poder360 revelou dados desagradáveis para a cúpula do governo federal. No primeiro ano da gestão do terceiro mandato de Lula (PT), o número de óbitos entre Yanomami cresceu 5,8%, atingindo 363 casos. Foram 20 a mais do que em 2022, último ano do governo Bolsonaro (PL). Em 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB), morreram 240 indígenas. Sob Bolsonaro (PL) foram 263 mortes em 2019; 334 em 2020; 354 óbitos em 2021 e os 343 do ano retrasado.

Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, reforçou as falas de Rui Costa ao dizer que os profissionais de saúde não conseguiam atender por falta de segurança na Terra Indígena Yanomami (TIY). A justificativa veio com o reconhecimento, por ambos, da necessidade de resolver a crise na região. “Os números absolutos de 2023 já demonstram a gravidade do problema, e por isso nós ampliamos o grau de mobilização e de integração”, disse o ministro da Casa Civil.

A ministra avaliou a persistência de mortes entre os Yanomami: “Entendendo que ainda há uma situação de emergência, e ainda há um grande número de mortalidade, nós estamos aqui agora para estabelecer novas medidas, mais estruturantes, e de forma permanente”, falou confiante.

Por Felipe Medeiros e Leanderson Lima – Por Amazônia Real

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