Fusca – patrimônio cultural material de Porto Velho

A paixão pelo Fusca transcende gerações, conectando admiradores através de sua história única e design icônico. Desde seu papel como “carro do povo” na Alemanha até se tornar um fenômeno global, o Fusca conquistou corações com sua simplicidade, confiabilidade e charme atemporal. Os entusiastas valorizam não apenas sua estética clássica, mas também a comunidade apaixonada que se forma em torno desse veículo emblemático.

Pensando em toda essa história que a memória guarda através do tempo, a vereadora Márcia Socorristas, criou o projeto para tornar o Fusca Patrimônio Cultural de Porto Velho. A cerimônia acontecerá nesta sexta feira 08 de dezembro de 2023 às 19 h em frente ao prédio da Unir – Centro em Porto Velho.

A cerimônia de entrega da placa pela homenagem contará com a presença de dezenas de fusqueiros que estarão com suas preciosidades (fusca) para que o público possa apreciá-los. A consagração pela merecida homenagem se dar pelo fato o fusca ser o carro mais carismático do Brasil e do Mundo. A história do fusca começou na Alemanha bem antes da II Guerra Mundial (1939-1945) pois ninguém imaginaria que se tornaria um clássico atemporal.

O Fusca é frequentemente considerado um patrimônio cultural, representando uma era específica da história automotiva. Sua preservação e apreciação como um ícone da cultura popular refletem não apenas conquistas industriais, mas também a conexão emocional entre as pessoas e esse veículo. Para a autora do projeto, em alguns lugares do Brasil se destaca seu valor como parte integrante do patrimônio cultural, preservando não apenas um carro, mas uma peça viva da memória coletiva.

Conheça a história do Fusca

Ferdinand Porsche, austríaco de nascimento foi o criador do designe do carro mais querido do mundo. Em sua mente trazia o desejo de criar um carro do povo, para o povo. O design clássico arredondado e o motor boxer são velhos conhecidos do público brasileiro.

Ferdinand Porsche

O Fusca é o carro que rodou o mundo com inúmeros nomes. Os alemães chamam de Käfer, os norte-americanos de Beetle e os portugueses de Carocha.

O fusca é o modelo mais produzido da história e conta com mais de 60 anos de produção marcados por 21 milhões de unidades. O modelo “teve filhos”, veículos que foram derivados da tecnologia do velho besouro. Entre eles, conhecidos dos consumidores tupiniquins, como Karmann Ghia, Variant e Kombi.

O projeto do fusca começou a ganhar vida ainda nos anos 1930, durante o regime hitlerista. Hitler estava focado em levar a Alemanha a um nível de modernidade compatível com as grandes potências mundiais.

Introduziu a tecnologia do rádio, da geladeira e do fusca que foi batizado como o Carro do Povo (Volkswagen, o nome original que também batizou a marca alemã).

Hitler encomendou o projeto ao projetista Ferdinand Porsche. A ideia era criar um carro acessível, barato e que cumprisse algumas exigências curiosas, a exemplo, a capacidade de levar uma metralhadora montada no capô.

Ferdinand Porsche apresentando o fusca a Hilter

Para a construção do projeto, Porsche garantiu o respaldo do regime para a criação de uma fábrica moderna. A ideia era diminuir os custos de produção e o governo fundou a cidade que futuramente se chamaria Wolfsburg para esse propósito, servindo como espaço para acomodar os operários. É nela que o regime criou a primeira fábrica da Volkswagen e até hoje é onde fica sua sede.

Ainda assim, o “Carro do Povo” teve dificuldade para atingir seu propósito. Isso porque a sociedade alemã era adepta da bicicleta e o automóvel era visto apenas como um lazer reservado à classe média e aos ricos.

As primeiras unidades foram, em sua maioria, para as autoridades do alto escalão do regime hitlerista.

Durante a segunda guerra, os alemães interromperam a produção e o Fusca tradicional foi substituído por uma versão militarizada. Similar ao jipe, o novo carro tinha o nome de “Kübelwagen”, ou “carro caixote”. No fim da guerra, a maior parte do maquinário da Volkswagen estava intacto e, a partir dele, a empresa alemã foi reconstruída.

1943 VW SCHWIMMWAGEN Amphibious Boat Car | Cool Material

O Fusca em terras Tupiniquim

Assim que foi eleito em 1950, Juscelino Kubitschek assumiu na esteira do chamado “nacional-desenvolvimentismo” e do ambicioso plano de crescer “50 anos em 5”, incentivando a produção de automóveis com capital privado — normalmente, de origem estrangeira. Assim, as multinacionais se concentraram na região do ABC paulista.

No ano de 1959, a Volkswagen lançou o primeiro Fusca com montagem no Brasil. JK aproveitou a fama de pai da indústria automobilística brasileira e desfilou a bordo do carro.

JK homenageia os primeiros carros “Made in Brazil”

O clássico da multinacional Volkswagen alemã foi evoluindo ao longo dos anos e logo se tornou o carro mais vendidos do Brasil. Nos anos 1970, ganhou cinto de segurança e começou a passar por testes de impacto. A produção foi interrompida nos anos 1980, já que o carro era considerado obsoleto e a linha de montagem da filial de São Bernardo do Campo precisava ser atualizada.

O Legado do Fusca 

Apesar da origem controversa, o Fusca se tornou exatamente o oposto do que o regime hitlerista representava, sendo um sucesso comercial em países democráticos e que respeitam os Direitos Humanos. Diante disso, teve um papel importante para o acesso ao mundo automotivo em economias emergentes e para a democratização do acesso à mobilidade por quatro rodas.

A Volkswagen é uma marca de prestígio no Brasil e está por aqui há mais de 60 anos. Assim, a história do Fusca tem seus altos e baixos e dá algumas pistas do porquê o carro é tão querido por aqui.

Além do design clássico, a mecânica robusta do Fusca também contribui para sua popularidade duradoura. Sua simplicidade torna a manutenção mais acessível, atraindo entusiastas que apreciam a experiência prática de cuidar de seus próprios carros. A personalização criativa e as histórias de aventuras vividas em um Fusca também desempenham um papel significativo, fortalecendo a ligação emocional que muitos desenvolvem com esse carro singular.

A cultura do Fusca vai além das estradas; eventos, clubes e encontros dedicados proporcionam uma plataforma para compartilhar histórias, dicas de manutenção e a celebração coletiva dessa paixão. A resiliência do Fusca ao longo do tempo, resistindo às mudanças no cenário automotivo, acrescenta uma camada de nostalgia e apreço pela durabilidade desse clássico adorado por gerações.

Sua presença na mídia ao longo das décadas contribui para a manutenção de sua relevância e a continuidade da paixão que transcende fronteiras geracionais. Essa interseção entre cultura popular e o legado do Fusca destaca seu papel duradouro como mais do que um simples meio de transporte, mas como uma expressão cultural que perdura.

A presença constante do Fusca em eventos automotivos, desfiles e exposições também reforça seu status como patrimônio cultural. A diversidade de modelos, cores e personalizações exibidas nessas ocasiões destaca a versatilidade do Fusca e a forma como ele se integra às preferências individuais, contribuindo para sua rica herança cultural. Esse fenômeno é uma celebração coletiva da nostalgia e da admirável longevidade do Fusca no cenário automotivo global.

Hoje em Porto Velho pessoas se reúnem nos finais de semanas para falarem sobre suas máquinas, trocar ideias, trocar peças, pedir sugestões disso ou daquilo. Nesses encontros, nasce em agosto de 2021 o clube dos “Amigos do Fusca”, são homens e mulheres reunidos em prol de uma paixão, o Fusca, uma forma de manter viva a cultura do automobilismo em nossa cidade.

 Hoje o grupo tem um total de 50 integrantes, que periodicamente, são convidados para estarem presentes em eventos automobilísticos, social e cultural pelo estado de Rondônia, como bem sabemos o Fusca com suas curvas nostálgica, conta histórias silenciosas de viagens e aventuras.

Por Lourismar Barroso 

FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor

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