No período de 2006 a 2016, houve um aumento da contribuição da degradação florestal para as emissões líquidas de CO2, relacionada à diminuição das taxas de desmatamento por corte raso. Ainda, nessa década, a regeneração de florestas degradadas absorveu 1,8 GtCO2 – um componente normalmente esquecido no balanço de carbono regional.
As conclusões acima são relatadas no artigo que acaba de ser publicado na revista Environmental Research Letters: “CO2 emissions from forest degradation in Brazilian Amazon” (Emissões de CO2 por degradação florestal na Amazônia), de autoria dos pesquisadores do INPE Talita Oliveira Assis, Ana Paula Dutra de Aguiar , Celso von Randow, Diego Melo de Paula Gomes , Juliana Nunes Kury e Jean Pierre H. B. Ometto, e Carlos A. Nobre, ex-pesquisador do INPE, atualmente na USP.
A degradação florestal é generalizada em todo o mundo, devido a vários fatores, como extração insustentável de madeira, agricultura, espécies invasivas, fogo, coleta de lenha e pastagem de gado. Na Amazônia Brasileira, a degradação florestal de agosto de 2006 a julho de 2016 atingiu 1.1869.800 ha.
Os processos de degradação florestal ainda são pouco conhecidos, sendo um componente ausente nas estimativas antrópicas de emissão de CO2 em florestas tropicais. O trabalho analisou as trajetórias temporais da degradação florestal de agosto de 2006 a julho de 2016 na Amazônia Brasileira, para avaliação de seu impacto no balanço de carbono regional.
O processo de degradação foi combinado com os processos relacionados ao desmatamento (desmatamento por corte raso e dinâmica da vegetação secundária), usando o modelo de emissão de carbono espacialmente explícito do INPE-EM. A análise da trajetória mostrou que 13% da área degradada acabaram sendo desmatados e convertidos no período, e 61% do total da área degradada sofreram apenas um evento de degradação em todo o período.
As emissões líquidas somaram 5,4 GtCO2, considerando as emissões da degradação e desmatamento florestal, absorção da recuperação da floresta degradada e dinâmica da vegetação secundária.
A análise integrada das emissões e absorções de CO2 decorrentes das mudanças na cobertura do solo no período confirmam o potencial impacto da degradação florestal no balanço de carbono regional. A emissão total de CO2 decorrente da degradação é menor que a do desmatamento, mas ainda é expressiva.
A dissociação entre áreas degradadas e desmatadas observadas, a partir da baixa ocorrência da Trajetória de Degradação para Corte Raso reforça a importância de se considerar as emissões de CO2 provenientes da degradação, uma vez que seus impactos não podem ser calculados apenas a partir das emissões de CO2 do desmatamento. Ainda, a absorção de CO2 proveniente da recuperação de florestas degradadas apresentou um papel essencial no balanço de carbono.
Link para o artigo: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ab9cfc
PUBLICADO EM: CCST INPE