Levantamento aponta contaminação por mercúrio em indígenas Yanomami

Levantamento preliminar de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou a contaminação por mercúrio em mulheres e crianças do povo Yanomami, no Amazonas.

De acordo com a Fiocruz, 56% dos indígenas apresentaram concentrações de mercúrio acima do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O número é resultado da amostra de cabelo de quase 300 indivíduos, das aldeias de Maturacá e Ariabu, localizadas no norte do estado do Amazonas, próximo ao Pico da Neblina.

Em uma criança indígena de três anos de idade, a concentração de mercúrio foi sete vezes maior que o limite indicado pela OMS e o dobro da concentração limite para o surgimento de efeitos adversos à saúde, que é de 6 microgramas por grama.

De acordo com o Ministério da Saúde, a exposição humana ao mercúrio por meio da ingestão de pescados contaminados pode atingir os rins, fígado e o sistema nervoso central, provocando a perda de coordenação motora, dificuldades na fala e na audição. Em casos mais graves, pode provocar sequelas irreversíveis e até a morte.

A pesquisa para avaliação da exposição dos Yanomami ao mercúrio foi um pedido das próprias lideranças locais, que já desconfiavam da contaminação dos moradores dessa região devido à proximidade aos pontos de garimpo de ouro.

A liderança indígena Dário Kopenawa Yanomami alerta que a contaminação por causa da extração ilegal de ouro preocupa os povos indígenas e deve atingir as populações que vivem nas cidades.

O mercúrio é um metal usado no garimpo em sua forma líquida para auxiliar na separação do ouro do leito dos rios.

Dário Kopenawa relata ainda que cerca de 20 mil pessoas trabalham ilegalmente em garimpos dentro do território Yanomami. Ele denuncia violências cometidas pelos invasores.

A Terra Indígena Yanomami possui uma área de quase 10 milhões de hectares, entre os estados do Amazonas e Roraima, onde vivem cerca de 27 mil indígenas.

A Funai informou que realiza constantemente ações de combate a ilícitos, com a parceria de órgãos de segurança, como a Polícia Federal, o Exército e Polícia Militar.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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