Rio Acre: após 18 dias, nível sai da cota de inundação na capital, Rio Branco (AC)

Monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) indica redução no nível do rio, que chegou à marca de 13,8 m, na manhã desta segunda-feira (11)

Casa em Brasiléia (AC) afetada pela enchente do Rio Acre (Foto: Victor Malverdi/SGB)

O Rio Acre saiu da cota de inundação em Rio Branco (AC), após 18 dias. Na manhã desta segunda-feira (11), o nível chegou a 13,8 m, com tendência de redução ainda maior nas próximas horas. Os dados fazem parte do 36º Boletim de Alerta Hidrológico, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Na quarta-feira (6), o rio atingiu a cota de 17,89 m na capital acreana, o que corresponde à segunda maior cheia do histórico, atrás do recorde, de 18,53 m, registrado em 2015.

Essa foi uma cheia histórica na Bacia do Rio Acre, provocada pelas fortes chuvas que atingiram a região, principalmente nas nascentes. Entre os dias 21 e 25 de fevereiro, choveu 272 mm, mais do que o esperado para o mês inteiro, que seria de 260 mm, conforme análises do SGB, feitas com base nos dados do produto MERGE, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que cruza informações de satélite e dados obtidos em campo.

“Em decorrência desse evento, o Rio Acre começou o processo de cheias ao longo de toda a sua calha. Em Assis Brasil (AC), o rio atingiu a cota de inundação (12,5 metros) no dia 24 de fevereiro e alcançou o pico de 13,3 m no dia 25”, explica o coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Acre (SAH Acre), Marcus Suassuna. Atualmente, a cota no município é de 3,83 m.

Com o passar dos dias, o volume de água que aumentou repentinamente na cabeceira desceu para estações. Em Brasiléia (AC), o rio superou a cota de inundação (11,4 m) no dia 23 de fevereiro e chegou à cota máxima, de 15,58 m, no dia 28. “Foi o maior nível do histórico de monitoramento nessa localidade, retornando a um nível abaixo da inundação no dia 1º de março”, acrescentou o pesquisador do SGB. A cota observada na manhã desta segunda-feira (11) foi de 2,86 m.

No município de Xapuri (AC), o rio atingiu a cota de inundação, de 13,4 m, no dia 24 de fevereiro e alcançou o pico, de 17,08 m, no dia 1º de março – a segunda máxima histórica, atrás do recorde de 2015, quando o Rio Acre alcançou 18,24 m na cidade. O nível saiu da faixa de inundação no dia 4 de março e está em 5,0 m, segundo medições realizadas na manhã desta segunda (11).

Trabalho de monitoramento

Desde o dia 21 de fevereiro, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) iniciou um intenso trabalho de monitoramento, com emissão de boletins de alerta hidrológico por meio do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Acre (SAH Acre), com informações sobre os níveis dos rios e previsões essenciais para auxiliar defesas civis e órgãos municipais nas atividades de prevenção e apoio às populações afetadas por inundações. Com base nos dados do SGB, é possível, por exemplo, saber com antecedência qual parte da cidade pode ser atingida e adotar medidas para proteger vidas.

“Ao longo de todo esse processo de cheia do Rio Acre, o SGB manteve equipes de plantão, articulando trabalhos de monitoramento e previsão de níveis do Rio Acre, além de trabalhos de campo, realizando manutenção de equipamentos e medições de vazões do rio em seus diversos trechos”, explica Suassuna. O pesquisador detalha que o monitoramento foi realizado por meio de estações automáticas, que realizam observações de 15 em 15 minutos e transmitem os dados coletados via satélites a cada hora.

Além disso, observadores e agentes das defesas civis também enviavam informações complementares a partir das leituras das réguas instaladas às margens do Rio Acre. Esse trabalho em campo foi muito importante, especialmente nos momentos em que estações automáticas foram destruídas pela força do rio.

“A partir desses dados, a equipe de previsão rodava continuamente modelos matemáticos que estimam a velocidade e magnitude da elevação dos níveis do rio e também modelos que estimam o impacto de chuvas observadas e previstas sobre as vazões e níveis”, explica o pesquisador do SGB. Os resultados eram continuamente comunicados para a Sala de Situação da Secretaria de Meio Ambiente do Acre (SEMA-AC), bem como para as defesas civis (municipais, estadual e nacional) e outros órgãos interessados.

As previsões geradas pelo SGB se confirmaram e evidenciaram a assertividade dos modelos utilizados. Em reunião realizada no dia 1º de março, pela SEMA-AC, Marcus Suassuna apresentou dados indicando que, em Rio Branco (AC), as máximas poderiam ocorrer aproximadamente na cota de 17,85 metros, entre 5 e 6 de março, o que de fato se concretizou.

A equipe que realizou o trabalho em campo foi liderada pela pesquisadora Joana Cavalcanti Pinheiro e pelo chefe da Residência de Porto Velho (REPO), Ardiles Henrique. Estiveram envolvidos nessa etapa os técnicos: Victor Malverdi, Guilherme Jordão, Iago Silva Barbosa, Fábio Carvalho, Daniel Carvalho e Sebastião Bezerra. A operação do SAH Acre também contou com a atuação do coordenador-executivo da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT), Artur Matos, que coordena o Sistema de Alerta Hidrológico; do pesquisador Marcus Suassuna, coordenador do SAH Acre; e da pesquisadora Luna Alves.

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Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia – Rio Acre: após 18 dias, nível sai da cota de inundação na capital, Rio Branco (AC) (sgb.gov.br)