Estradas cortam ou se aproximam de 41% da área de floresta na Amazônia, mostra mapeamento inédito

Feita pelo Imazon com auxílio de inteligência artificial, identificação das vias mostrou que um terço está sobre terras públicas, o que as coloca sob maior pressão de desmatamento

Trecho da BR-319 no Amazonas (Foto: DNIT/Divulgação)

Relacionadas com o avanço do desmatamento, as estradas já cortam ou estão a menos de 10 km de 41% da área florestal amazônica no Brasil. A conclusão foi de um mapeamento inédito realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) com auxílio de inteligência artificial, que identificou 3,46 milhões de km de vias na Amazônia Legal.

Publicada recentemente na revista científica internacional Remote Sensing, a pesquisa também mostra em quais tipos de territórios estão as estradas mapeadas. Embora a maior parte fique em propriedades privadas e assentamentos (67%), um terço está sobre terras públicas (33%). E, entre as diferentes categorias de áreas públicas, as que têm o maior comprimento de estradas são as chamadas de “não destinadas”: 854 mil km. Elas concentram um quarto das vias mapeadas em toda a Amazônia (25%), o que provavelmente indica que estão sendo pressionadas por crimes ambientais como extração ilegal de madeira, garimpo e grilagem.

Já nas áreas protegidas foram encontrados 280 mil km de estradas, 8% do total na Amazônia, sendo principalmente em unidades de conservação, 184 mil km (5%), e em terras indígenas, 91 mil km (3%). Números que os autores da pesquisa afirmam representar uma alta pressão de vias e, consequentemente, do desmatamento nesses territórios.

“Por isso, mapear e monitorar as estradas é crucial para identificar ameaças à floresta e aos povos e comunidades tradicionais que vivem nela, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Em estudos anteriores, já havíamos indicado que 95% do desmatamento na Amazônia se concentrava em até 5,5 km das estradas. E que 85% das queimadas ocorriam em até 5 km delas”, explica o coordenador da pesquisa, Carlos Souza Jr.

Além da proteção ambiental, o estudo também chama a atenção sobre a importância do mapeamento e do monitoramento das estradas para aprimorar o planejamento urbano e os sistemas de transporte. Ou seja: pode ajudar gestores públicos a tomar melhores decisões para o desenvolvimento sustentável da região.

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