A Terceira Margem – Parte DCXXXIII

Jornada Pantaneira

A Medicina na Guerra do Paraguai – Parte VII

A MEDICINA NA GUERRA DO PARAGUAI
(Mato Grosso)

LUIZ DE CASTRO SOUZA
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Membro titular do Instituto Brasileiro de História da Medicina. 

O Governo Imperial, a 01.12.1865, mandava respon­der o Cel Drago a Conselho de Guerra, antes proce­dido o de investigação, cujos membros nomeados foram: Brigadeiro Henrique de Beaurepaire Rohan, Presidente, e vogais os Coronéis Sebastião Francisco de Oliveira Chagas e Alexandre Maria de Carvalho Oliveira (JOURDAN, 1893).

O Coronel Manoel Pedro Drago não era responsável pelas dificuldades imensas e obstáculos sem conta encontrados pelos lugares percorridos, e esta Expedição era minguada de recursos para sustentá-la na vastidão de território deserto que ela tinha de palmilhar e ultrapassar, a fim de atingir o seu objetivo.

Diz Taunay, que o Cel Drago ficou em Campinas, sem dinheiro e sem autorização para assinar o contrato de transporte de bagagem, de fornecimento etc., que o obrigou a esperar, durante um mês e meio, pelos funcionários encarregados de tais providências, e acrescenta, que, em Uberaba, ele encontrou 1.600 homens sem armas nem instruções e com a artilharia em péssimo estado (TAUNAY, 1944).

Tornaram-se, então, necessários aqueles quarenta e sete dias de acampamento, em Uberaba, para adestramento das Forças. A demora do Coronel Drago era justificável e revelava bom senso, mas exaspera o Governo Imperial e daí a sua demissão.

Ainda mais, Drago, em vez de seguir a estrada de Santana do Paranaíba, conforme instruções, tomou a do Rio Claro, aumentando, desse modo, o percurso do objetivo da expedição, que era o sul de Mato Grosso. Sua intenção seria atingir Cuiabá, para, então, assenhorear-se melhor da situação e aumen­tar o efetivo da tropa, reunindo meios suficientes para enfrentar o inimigo.

A 19.10.1865, quando estava quase terminada a trabalhosa passagem do Rio dos Bois e a coluna havia marchado sessenta léguas de Uberaba e encontrava-se a dezoito léguas de Mato Grosso, assumia o comando geral da Força Expedicionária o Coronel José Antônio da Fonseca Galvão.

No dia seguinte, o Coronel Manoel Pedro Drago ([1]), partia para a Corte, cercado de toda consideração, respeito e simpatia dos seus comandados. No dia 22 estava terminada, finalmente, a transposição do Rio dos Bois, com todo o contingente e bagagem da Expedição na sua margem direita, e no dia seguinte era levantado o acampamento em direção à vila das Dores do Rio Verde, também denominada Vila das Abóboras, hoje cidade do Rio Verde.

A coluna vai penetrar mais ainda no sul da Província de Goiás, terreno constituído de lindos campos e formosos vales, que na concepção poética de Taunay (TAUNAY, 1944), formavam cenários inesquecíveis para todos. Diz ele que, no início das marchas, pela madrugada, deparava com incontável número de passarada e da mais variada: bem-te-vis, canários, papa-capins, bicudos, sangues-de-boi, tizius, azu­lões, graúnas, lavadeiras, anus, pintassilgos, sabiás. E mais adiante, encontravam bandos e bandos de papagaios, araras, periquitos, gaviões. Revoadas de pombas-caboclas e rolas fogo-apagou, andorinhas e tesouras. Emas e seriemas. Junto aos barreiros e regatos: os veados, as perdizes, as antas, os queixos-ruivos, as sucuris. As onças e as jiboias trazendo terror e sobressaltos. Havia, também, mangabeiras em profusão e a presença dos buriti­zais, embelezando a paisagem com suas palmeiras e anunciando a existência d’água. Desde Uberaba que os buritis eram encontrados pelos caminhos. Nos grandes rios: jacarés, ariranhas, piranhas e peixes das mais variadas espécies.

A 31 de outubro, entrava a Força na Vila das Abóboras. Após quatro dias de descanso, seguiu destino ao depósito de mantimentos denominado Baús [MT], aí chegando a 24 de novembro. Antes de atingir este local, atravessou o contingente outro obstáculo respeitável que foi o Rio Claro. A Força Expedicionária, começou, então, a ressentir-se de mantimentos e foi obrigada a diminuir a ração diária, quando faltou totalmente a farinha de mandioca e o sal escasseava.

Os recursos locais eram bem reduzidos, pois tratava-se de regiões quase despovoadas e sem grande cultivo, ainda agravado pela seca do ano transcurso. Infelizmente, o depósito de abastecimentos de Baús, organizado pelo Presidente da Província de Goiás, não foi tão promissor e a esperança da soldadesca caía por terra… A tropa, nesse local, foi obrigada a refazer-se, depois de contínuas marchas, aí permanecendo pelo espaço de cinco dias. No dia 30 de novembro prosseguia a marcha para Coxim.

Em derredor da Vila das Abóboras, Goiás, observou Taunay a incidência de numerosos papudos, tendo chamado sua atenção uma mulher portadora de bócio demasiadamente volumoso e tão cheio de protuberâncias, que ele não resistiu e fez um desenho (TAUNAY, 1944). Possivelmente, tratava-se de bócio endêmico difuso. Não acrescentou Taunay outros dados que pudéssemos afirmar ser bócio acompanhado de cretinismo, o que é frequente encontrar-se nas regiões onde há bócio endêmico.

O aumento de volume da tiroide nos habitantes daquela Província fora também observado em outras regiões de Goiás, pelo médico e botânico escocês Dr. George Gardner, quando por lá andou, em fins de 1839 e começos de 1840 (GARDNER, 1942). As Forças transitavam por estradas que eram trilhas de gado e por isso a imensa dificuldade no transpor­te, principalmente para as viaturas das peças de artilharia e das carroças de mantimentos, pois estas sempre se encontravam atrasadas, obrigando às paradas quase frequentes.

A 16 de dezembro, a coluna chegava à margem esquerda do rio Taquari e no dia 18 iniciava a sua passagem, cujos trabalhos se encerraram a 20, com todo o contingente acampado no lugar denominado Coxim, local de pequena Colônia Militar de Taquari ou Beliago, fundada mui recentemente e destruída pelas hostes paraguaias, na invasão. Até este ponto e segundo a avaliação feita pela Comissão de Engenheiros, a Força Expedicionária havia percorri­do, de Santos ao Taquari, 264 léguas (TAUNAY, 1928). E no período de quase nove meses!

VII

O ACAMPAMENTO DE COXIM E
A MARCHA PARA O SUL DO MATO GROSSO

Em Coxim, território mato-grossense, já se encontravam acampadas, de há muito, as seguintes Forças da Província de Goiás: 20° Batalhão de Infantaria com 376 praças e o Esquadrão de Cavalaria, constituído por uma Companhia de Cavalaria de Linha da Província e outra Companhia de Cavalaria de Voluntários da Pátria, formando um efetivo de uns 200 homens. O Batalhão havia partido da capital de Goiás, a 15.05.1865, sob o comando do Tenente-coronel Joaquim Mendes Guimarães e o Esquadrão de Cavalaria, em 8 de julho, comandado pelo Major em comissão Eliseu Xavier Leal. Ambas as Forças seguiram a direção da via Rio Verde, percorrendo umas cento e trinta léguas.

Como responsável pelo Serviço de Saúde, adido ao 20° Batalhão de Infantaria, encontra-se o Tenente 2° Cirurgião, Dr. Cândido Manoel De Oliveira Quintana, natural da cidade do Rio de Janeiro [Corte], nascido em 10.09.1829 e filho de Domingos Manoel de Oliveira Quintana e de D. Cândida Angélica da Nóbrega Quintana. Doutor em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1855 (QUINTANA, 1855). Assentou praça como Alferes 2° Cirurgião, em 29.08.1857, sendo promovido a Tenente 2° Cirur­gião, em 23.09.1857. Mui brevemente seria Capitão 1° Cirurgião, isto é, aos 22.01.1866.

Nesse acampamento, a Coluna Expedicionária sob o comando geral do Cel José Antônio da Fonseca Galvão, recebeu uma nova organização, formando duas Brigadas: a primeira, com 1.157 praças e constituída pelo 17° de Voluntários de Minas Gerais, o 21° Batalhão de Infantaria e o Corpo de Artilharia do Amazonas; a segunda, com um contingente de 914 homens, composta pelo 20° Batalhão de Infantaria e Esquadrão de Cavalaria de Goiás, voluntários e policiais de São Paulo e Minas Gerais. Totalizava um efetivo de 2.071 homens.

O Serviço de Saúde compunha-se de 9 médicos e 28 enfermeiros. Além dos expedicionários, a concen­tração de Coxim reunia um número considerável de pessoas, mulheres e crianças, famílias dos soldados, que seguiam na esteira da Coluna.

Era um hábito antigo do Exército, que fazia transtornar a marcha e criar problemas sérios quanto à disciplina e à alimentação, principalmente.

O acampamento de Coxim ocupava uma extensão de quase uma légua e ficava à margem direita do Rio Taquari, iniciando-se na confluência deste com o Rio Coxim. Neste local havia um agrupamento humano calculado em 3.000 pessoas, com as praças e suas famílias, carreteiros, bagageiros etc. Iniciadas as chuvas, a Coluna ficou imobilizada, resultando, em consequência, a escassez do abastecimento. O Coronel José Antônio da Fonseca Galvão, velho e austero soldado, presenciando aquela situação aflitiva, envia constante correspondência solicitando recursos e numa delas, dirigida ao Presidente da Província de Mato Grosso, dizia que se encontrava

com imensa preocupação para atender a quase três mil bocas ([2]).

Quem surge em socorro da Coluna é o Presidente de Goiás, Augusto Ferreira França. Diz Taunay, que

se não fora a incansável dedicação daquele distinto brasileiro, a Expedição teria infalivelmente se dissol­vido no Coxim, depois dos mais tremendos horrores (TAUNAY, 1878).

Realmente, o Presidente da Província de Goiás foi inexaurível no apoio às Forças Imperiais e não media esforços para atendê-las. Quem lê a correspondência do Cel Galvão para este Presidente de Província nota a enorme preocupação e desalento do chefe da Expedição pelo destino dos seus comandados, solici­tando gêneros e mais gêneros. Até sentimos a sensação de fome no manuseio desses documen­tos… Porém, existem os inúmeros quadros demons­trativos das remessas de alimentos que comprovam o pronto atendimento do Dr. Augusto Ferreira França.

O próprio Cel Galvão, nas suas comunicações, reconhece e enaltece a presteza dessas providências, mas o grande problema eram os meios de transpor­tes. Os pontos de abastecimento criados pelo Presi­dente da Província de Goiás, estavam abarrotados de alimentos. É necessário ser lembrado que tudo em volta do Coxim, era um imenso território deserto e com as chuvas caídas completavam o isolamento e as dificuldades.

Ainda sobre o acampamento de Coxim, diz Taunay que a sua permanência foi um lento martírio e ao escrever o Relatório Geral da Comissão de engenhei­ros nas Forças em operações ao sul da Província de Mato Grosso, 1866, anexo, ao Relatório do Ministério da Guerra de 1867, afirmara:

Neste estado desesperado a Força achou-se a braços com a mais completa míngua. Reduzida à simples carne, por espaço de mais de mês, muitas vezes lhe faltou aquele alimento exclusivo, que deu em resultado o aparecimento de várias moléstias [Os grifos são nossos].

Os gêneros de primeira necessidade chegaram a preços exorbitantes, aproveitando-se a ganância e o espírito de lucro abusivo, da desgraça, a que todos se viam reduzidos. Um conjunto, contudo, de fatos tão tristes fez mais realçar as virtudes que imperam no soldado brasileiro, patenteando o seu caráter eminentemente sofredor e resignado, à subordina­ção e disciplina, que lhe são naturais.

E prosseguia a narração:

Depois de dias, em que nada se distribuía, nenhuma queixa se erguia, nenhuma exigência se ouvia: todos se compenetravam das dificuldades que presidiam a qualquer providência que tomar, e calmos espera­vam pelo que lhes reserva a sorte. Não nos compete a apreciação dos fatos que deram em resultado esta ordem de coisas:

consignamos simplesmente as fases por que passou a expedição, nas quais sempre presenciamos o comportamento altamente recomendável do pessoal que a compunha; galhardo nas marchas e pronto para todos os trabalhos, suportando, enfim, as maiores privações, a que pode ser sujeito o homem na guerra, sobretudo nas condições difíceis, que proporcionam distâncias imensas e sertões inóspitos.

E concluindo:

Depois da mais penosa marcha por centenares de léguas, rodeada de perigos e incômodos, na qual de contínuo se lutava com circunstâncias imprevistas, acompanhadas de inúmeras aflições, veio a estada prolongada do Coxim pôr à prova a abnegação e o sentimento íntimo do dever, de que tantos exemplos brilhantes tem dado o brasileiro, que enverga os distintivos da vida de sofrimentos.

Após transcrever este trecho do relatório, Taunay comenta em um dos seus livros:

Quadro exato da triste situação que apresentava a Expedição de Mato Grosso, atirada a um canto da Província, que vinha socorrer, reduzida à inação por obstáculos invencíveis de um lado, do outro pelos poucos meios de que dispunha, para somente sobre si, empreender a ofensiva. De nenhum conselho lhe servia o título pomposo, com que, a pedido, a haviam agraciado. Forças lhe faltavam; “operações” era uma ironia cruel para um espírito filosófico e o sul da Província de Mato Grosso é tão vasto, tão medonhamente inçado de dificuldades, sobretudo naquela época, quanto o eram os sinistros pauis[3]) da Germânia em que se abismaram as bizarras Legiões de Varo ([4]).

Assim, pois, não nos iludíamos sobre o presente; e o futuro como derivação natural, não nos abria horizontes de flores (TAUNAY, 1923).

A carne para o abastecimento da tropa havia com relativa quantidade, com as boiadas trazidas dos pastos mato-grossenses e enviadas também pelo presidente de Goiás. Diz Taunay:

no Coxim, comíamos, pura e simplesmente churras­co: o hábito custara-nos a adquirir, mas o organismo acomodara-se (TAUNAY, 1923).

Porém, para aumentar o sofrimento dos nossos sol­dados, surgia uma epizootia que inutilizava e matava aos montes a muares e equinos. Era o conhecido “mal-de-cadeiras”, endêmica naquela região e no sul da Província de Mato Grosso. A cavalaria paraguaia que havia chegado até àquele ponto, em abril de 1865, teve seus animais sacrificados pela epizootia. Com o flagelo da “peste-de-cadeiras” houve, em con­sequência, a diminuição do fornecimento de carne para o acampamento do Coxim, provocado pela ausência de cavalos para vaquejar. O “Trypanosoma equinum” é o agente causal desta doença, cuja sin­tomatologia principal é a paralisia dos membros posteriores dos animais, que valeu o nome popular dado a essa tripanossomose.

Em Coxim, houve baixas e deserções na Coluna, tendo falecido, a 21.04.1866, o comandante do esquadrão de cavalaria de Goiás, Major em comissão Eliseu Xavier Leal e o Alferes Capelão Padre Antônio Augusto de Andrade e Silva esteve adoentado e deu baixa, voltando para o Rio de Janeiro. Além deste sacerdote que anteriormente servia na Fortaleza de Santa Cruz, ainda se incorporaram à Coluna a fim de prestarem serviços religiosos, os seguintes Alferes-Capelães: Padre Tomás de Molina, da guarnição da Província de São Paulo e o Padre Antônio Augusto do Carmo, da Brigada mineira, que não pertencia ao Quadro Efetivo do Exército. A Expedição transporta além de alfaias e paramentos, um altar portátil, tudo fornecido pelo Arsenal de Guerra da Corte ([5]). O Coronel José Antônio da Fonseca Galvão estava impaciente com a imobilização do acampamento de Coxim e desejava cumprir imediatamente a sua mis­são que era expulsar o inimigo ainda ocupando o sul da Província, porém, não possuía mapas topográficos que dessem a orientação necessária. O Presidente de Mato Grosso, Barão de Melgaço, profundo conhece­dor da Província, não podia atendê-lo, pois, não havia transitado pelos terrenos compreendidos entre o Taquari e o Aquidauana e por isso não possuía carta com tal ou qual exatidão (TAUNAY, 1931). Aconselhava o comandante da Expedição a determi­nar aos oficiais engenheiros realizarem a exploração da região. Assim, o Coronel José Antônio da Fonseca Galvão, seguindo a sugestão recebida, escolhe os engenheiros militares Capitão Antônio Pereira do Lago e o 2° Tenente Alfredo d’Escragnolle Taunay, que partiram, a 13.02.1866, com a missão de

reconhecer aqueles terrenos, informando sobre a praticabilidade da viação e procedendo a uma explo­ração cuidadosa daquela fralda de serra.

O Comandante da Coluna, a 2 de abril, começava a receber os relatórios dos oficiais engenheiros, com os dados colhidos, informações e a topografia do deser­to que iriam atravessar. Baixando as águas e após um mês de sol constante que veio secar o caminho dos pantanais, e ciente do relatório dos engenheiros, o Coronel, já então Brigadeiro graduado, José Antônio da Fonseca Galvão, ordena a partida.

E a 25.04.1866, seguia em direção ao Aquidauana, contornando a serra de Maracaju e percorrendo zonas pantanosas e malarígenas. A permanência em Coxim fora de 127 dias. As trilhas palmilhadas pelos expedicionários margeando a serra, evitando, de um lado, a água demasiado profunda e, de outro, a medonha mata virgem, eram vencidas e, com grandes dificuldades os seus 135 km, quando, a 8 de maio, chegaram à margem direita do Rio Negro. (CONTINUA…)

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 06.09.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia  

SOUZA, Luiz de Castro. A Medicina na Guerra do Paraguai (I a V) – Brasil – São Paulo, SP – USP, Revista de História, 1968, 1969 e 1970.  

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

[1]    Caxias, nomeado Chefe do Exército em Operações, envia ofício ao Ministro da Guerra, em 15.12.1866, relacionando os oficiais que deveriam acompanhá-lo e entre estes se distinguia o nome do Cel. Drago. [Arquivo Nacional. Códice 547, Guerra do Paraguai (pg. 22-23) v. 10]. Faleceu o Cel Drago no Rio de Janeiro, a 12.04.1882, com a graduação de Brigadeiro reformado. Dizem que sua morte tivera causa no profundo desgosto pela perda da filha, operada pelo cirurgião e anatomista francês, Dr. J. A. Fort. O Brigadeiro Drago, como tantos outros brasileiros, mantiveram violenta polêmica, pela imprensa, com este médico e professor gaulês. A estada do Dr. Fort, no Brasil. nos anos de 1880 e 1881, foi revestida, inicialmente, por manifestação de simpatia e apreço, tendo o mesmo lecionado cursos livres assistidos pelo Imperador Dom Pedro porém, [TAUNAY, 1948 e SILVA ARAÚJO, 1961].

[2]    Arquivo Nacional. IG 1 – 241, doc. 205. (SOUZA)

[3]    Pauis: pantanais. (Hiram Reis)

[4]                              “Varo: Devolve as Minhas Legiões!

     O acontecimento histórico que evoco hoje teve lugar há dois mil anos. Corria o ano 9 da era de Cristo quando o fabuloso exército romano [que consumia cerca de 90% dos recursos do orçamento do Estado romano!] sofreu uma das maiores humilhações da sua história.

     Aconteceu em Teutoburgwald [ou floresta de Teutoberg], na parte noroeste da Alemanha, perto de Osnabrück e da fronteira com a atual Holanda. Nada mais, nada menos do que três legiões romanas [cerca de 15.000 homens, quase todos peões], acompanhadas por seis Coortes de infantaria auxiliar e por três Alas de cavalaria auxiliar [tropas de origem bárbara recrutadas nas fronteiras do Império] foram surpreendidas e aniquiladas por uma Força de Germanos chefiada pelo líder rebelde Armínio, príncipe dos Queruscos. A operação, além de brutal [nela pereceram uns 20.000 soldados], teve algo de insólito.

     O exército romano era chefiado por Publius Quinctilius Varus, Legado Provincial da Germânia, antigo governador da Síria e parente de Octávio Augusto, o primeiro imperador romano [27 a.C. – 4 d.C.]. A marcha florestal que Varus levava a cabo na Germânia inseria-se no projeto de Augusto para fazer chegar as fronteiras do colossal Império até às margens do rio Elba. Os riscos eram conhecidos, mas havia um pelo qual Varo decerto não esperava: ser surpreendido e dizimado durante a marcha por uma emboscada planejada e liderada pelo seu amigo pessoal Armínio, um antigo servidor do exército romano e um homem que chegara a receber a cidadania romana e o estatuto de cavaleiro de Roma…

     Não se conhecem demasiados detalhes da operação, mas os arqueólogos identificaram o local da emboscada e têm revelado elementos impressionantes para o conhecimento da verdadeira dimensão da chacina. Sabe-se também que Varus, desesperado com a surpresa do ataque germânico, se suicidou antes de consumado o massacre [algo bastante contrário ao procedimento habitual dos Generais romanos].

     Nos dias seguintes, muitos pequenos destacamentos de tropas romanas espalhados pela região sofreram ataques violentos dos bárbaros, entusiasmados com o sucesso da operação de Teutoburgwald, sendo poucos os legionários e auxiliares que conseguiram alcançar em segurança a região do rio Reno, para aí ficarem ao abrigo de outras legiões do Império. O desastre configurou um dos poucos fracassos do projeto militar de Augusto, cujo exército [contando perto de 300.000 efetivos, distribuídos por 25 Legiões, tropas auxiliares, guarnição de Roma e marinha] conquistara o Noroeste da Península Ibérica, os Alpes e os seus grandes vales, que submetera a Judeia e o Egito e que ousara até promover expedições militares na Arábia [atual Jordânia] e na Etiópia.

     Compreende-se, por isso, o que as fontes literárias nos relatam acerca da reação de Augusto, quando informado do desastre na floresta alemã: já bastante idoso, conta-se que deixou crescer o cabelo e a barba durante um mês, em sinal de luto, e que passou a vaguear pelo seu palácio, em Roma, batendo com a cabeça nas paredes e gritando: “Quintili Vare, legiones Redde!”. (GOUVEIA MONTEIRO)

[5]    Diário Oficial. Império do Brasil, edição de 11.04.1865. (SOUZA)

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