Lideranças assinam nota de repúdio contra ações do Ministério da Defesa dentro de terras indígenas

As lideranças dizem que dos 20 mil garimpeiros, metade continua dentro das terras, trabalhando de forma escondida, no período da noite, com novas estratégias para burlar as operações.

Lideranças dos povos indígenas  Yanomami e Ye’kwana, assinaram uma nota de repúdio à comitiva organizada pelo Ministério da Defesa, que na terça-feira (27), sobrevoou à Terra Indígena Yanomami.

“Primeiro, queremos deixar claro que para qualquer entrada a TI, o governo necessita consultar as lideranças locais e lideranças das associações Yanomami, de acordo com o nosso documento do Protocolo de Consulta dos Povos Yanomami e Ye’kwana. Chega de comitivas na nossa terra, queremos desintrusão do garimpo ilegal”, diz.

“Temos nossos próprios modos de organização social e nossos conhecimentos tradicionais, que compartilhamos entre as gerações, e isso deve ser respeitado. São conhecimentos que garantem a existência da Urihi – a terra-floresta, a proteção dos nossos filhos e netos, dos recursos naturais e dos nossos rios. O governo tem o dever de consultar os Yanomami e Ye’kwana com boa fé, clareza e transparência nas ações que são realizadas no nosso território sagrado. Nossa terra é a maior Terra Indígena do Brasil e forma uma das maiores e mais importantes áreas de floresta contínua do país, mas que hoje está invadida, devastada e destruída pela invasão do garimpo”.

As lideranças dizem que dos 20 mil garimpeiros, metade continua dentro das terras, trabalhando de forma escondida, no período da noite, com novas estratégias para burlar as operações.

“Ainda presenciamos movimentações de aviões, helicópteros e barcos subindo e descendo os nossos rios. A vida das nossas crianças e idosos continua ameaça. As mulheres continuam sempre estupradas, abusadas, violadas. Os jovens aliciados com armas, munições e drogas”, continua.

” Os Pelotões do Exército Brasileiro que estão localizados dentro da Terra Yanomami não se envolvem e nem dão apoio as operações e não colaboram no combate ao garimpo ilegal. A exemplo disso, é o 4° Pelotão Especial de Fronteira do Exército (PEF), de Surucucu, considerado uma das rotas mais acessadas por garimpeiros. O mesmo fato acontece no 5º Pelotão, em Auaris, com a presença de grupos armados”.

“As atuais operações realizadas pela Polícia Federal e IBAMA não são suficientes. São quase 10 milhões de hectares de extensão de terra, com lugares de acesso extremamente difíceis. Várias comunidades indígenas ainda permanecem sem ajuda básica, como cestas básicas. O governo precisa trabalhar, de fato, de forma integrada e urgente, com ações bem planejadas para que se possa realizar uma desintrusão suficiente para acabar com o garimpo ilegal”, conclui.

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