Manejo do pirarucu fortalece proteção territorial nas terras indígenas Paumari, em Tapauá (AM)

Há 14 anos, os Paumari das Terras Indígenas (TI) Lago Manissuã, Lago Paricá e Cuniuá, na área de influência da BR-319, passavam por um momento desafiador, com escassez de alimentos e invasões do seu território. Tudo mudou quando eles decidiram que era hora de sistematizar atividades de fortalecimento econômico e territorial e buscaram elaborar um plano de manejo sustentável de pirarucu. No início, eles tinham apenas 266 peixes nos lagos, entre adultos e juvenis. Atualmente, têm mais 11 mil e a realidade é bem diferente, com fartura e organização social consolidada. A última pesca deste ano, rendeu 650 peixes totalizando 33 toneladas de carne de pirarucu. Hoje, a atividade é a mais importante fonte de renda dos Paumari, em Tapauá (AM).

Chico Paumari (em pé) é o coordenador da pesca Paumari. Foto: Adriano Gambarini/OPAN – Postada em: IDESAM

Francisco Braz da Silva de Oliveira, o Chico Paumari, estava lá no começo dessa história. “Primeiro tentamos a apicultura, mas vimos que não era uma atividade boa pra gente. Então fomos atrás de parcerias para o manejo de pesca. Só que achávamos que o retorno viria logo, mas não foi assim. Levamos cinco anos para conseguir a primeira pesca”, recordou. A escassez era tanta, que muitos Paumari deixaram os territórios em busca de melhores condições de vida em outros locais. “Muitos saíram porque não tínhamos mais recursos o suficiente para garantir o bem-estar de todos”, disse Chico. “Nem todo mundo acreditava que a gente ia conseguir, mas mostramos que somos um povo capaz de resistir”, destacou. Hoje, Chico é um dos coordenadores da pesca.

Os Paumari, assim como outros povos da região do rio Purus, foram impactados pelo Ciclo da Borracha, que desestruturou a organização social e o modo de vida dos indígenas. Os que sobreviveram, foram inseridos no trabalho em seringais e outras atividades paralelas. Por muito tempo, os Paumari praticaram atividades econômicas baseadas no escambo, em que trocavam, por exemplo, açaí e pescado, e, também, arrendavam suas terras para exploração, em troca de favores, equipamentos e outros alimentos, mas não dinheiro. O manejo do pirarucu é a primeira atividade remunerada com dinheiro que eles desenvolvem.

Texto: Comunicação OBR-319
Fotos: Adriano Gambarini/OPAN e Divulgação/Coletivo Pirarucu

TEXTO NA ÍNTEGRA DISPONÍVEL EM: Manejo do pirarucu fortalece proteção territorial nas terras indígenas Paumari, em Tapauá (AM) – Idesam

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