Inpa recebe três filhotes de peixe-boi resgatados no Amazonas e no Pará

O Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) integrou ao seu berçário mais três filhotes de peixe-boi da Amazônia, neste mês de setembro. Os filhotes são recém-nascidos, com a idade estimada entre um e quatro meses. Desde janeiro deste ano, o Inpa já recebeu 15 filhotes, a grande maioria são órfãos e vítimas de caça ilegal.

Os três peixes-bois, uma fêmea e dois machos, chegaram ao Inpa na última semana de setembro, segundo relatos, foram encontrados sozinhos por ribeirinhos e bastante debilitados – Foto: Camila Barbosa -Postada em: INPA

Sob os cuidados da equipe do LMA/Inpa e da assistência veterinária PREVET, os animais estão em processo de reabilitação. De acordo com o veterinário da PREVET Antony Filho, os filhotes apresentam sinais de acentuada desidratação, raquitismo e muito abaixo do peso, além disso, um deles está com as nadadeiras machucadas e outro com um furo na cauda, sugerindo que permaneceu amarrado por algum tempo.

“Vamos fazer uma série de exames de sangue e físicos, administrar antibióticos necessários para os ferimentos, e colocá-los sob cuidados intensivos. Quando fazemos o resgate, estamos contribuindo para a conservação da espécie”, enfatiza.

No berçário dos  peixes-bois, os filhotes estão sob uma rotina de cuidados intensivos, recebendo alimentação adequada e um suplemento para garantir os nutrientes necessários para seu desenvolvimento saudável, além de serem avaliados periodicamente até atingirem o estado saudável para os padrões da espécie.

A pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, e chefe do LMA/Inpa, destaca que resgates de filhotes, como o dos três, é importante para a conservação e manutenção da espécie na natureza, pois ao serem entregues para o Inpa os filhotes passam por um processo de cuidados e avaliações visando a reintegração dos animais a natureza. Porém, só devem ser realizados se o animal estiver muito debilitado e machucado, caso contrário a mãe pode estar por perto e quando o filhote é retirado d’água ela perde a conexão com ele e a chance de reencontrá-lo.

“Se o filhote estiver saudável, o ideal é soltá-lo da rede e deixá-lo ir embora, porque certamente sua mãe está por perto. A mãe peixe-boi é muito dedicada e não abandona seu filhote enquanto ele estiver na água e vocalizando,” enfatiza Vera.

Sobre os resgates

O filhote mais recente chegou ao Inpa nesta quarta-feira (13/09). Foi encontrado por ribeirinhos na comunidade da Serrinha, no município de Oriximiná (PA), no dia 28 de agosto, e resgatado por servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). O filhote estava muito debilitado e pesando apenas 13,1 quilos, quando foi entregue aos cuidados da equipe da Secretaria e  recebeu os primeiros cuidados. Entre o resgate e a chegada ao Inpa foram 17 dias sem os cuidados veterinários necessários a um filhote recém-nascido.

O outro filhote chegou ao berçário alguns dias antes, segundo relatos, foi encontrado por um ribeirinho enrolado em uma rede de pesca  no município de Nhamundá. O filhote chegou ao Inpa pesando 11,5 quilos, com o peso muito abaixo do ideal para um filhote saudável.

A peixe-boi fêmea do trio chegou ao Inpa no feriado da Pátria, 7 de setembro. O animal foi encontrado no dia 26 de agosto, enrolado em uma rede de pesca, na comunidade de Boca do Mato Grosso, próxima a Parintins. Ela também chegou abaixo do peso, apresentando sinais de desidratação e desnutrição. Foi entregue ao Inpa pela equipe da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Sedema) de Parintins 13 dias após seu resgate.

“Infelizmente muitos filhotes chegam ao Inpa em estado tão raquítico e debilitado que a sua recuperação é quase impossível e eles acabam vindo a óbito. Mas, uma vez reabilitados, os filhotes recebem uma dieta láctea desenvolvida no Inpa até cerca de 2 anos”, explica a pesquisadora sobre o estado de saúde dos três peixes-bois ao chegarem no Inpa.

O Centro Aquático Robin Best do Inpa, possui um  berçário destinado aos filhotes de até dois anos, onde recebem os cuidados necessários e são amamentados com uma formulação desenvolvida pelo Inpa, com base nas características do próprio leite da espécie. Depois, são levados para os tanques reservados aos animais jovens e adultos, que já se alimentam de verduras como couve, abóbora e  feijão-de-corda e de plantas aquáticas coletadas na natureza como alface d’água e capim-membeca.

O peixe-boi está na lista de espécies ameaçadas de extinção, e a sua caça é proibida desde 1967.

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