Antropóloga e indigenista. Uma mulher à frente das missões com índios isolados e de recente contato

Paula Wolthers de Lorena Pires será a nova Coordenadora-Geral de Índios Isolados e de Recente-Contato (CGIIRC). Servidora da Funai há oito anos, a antropóloga e indigenista é uma das primeiras mulheres a encabeçar a coordenação.

Paula, à esquerda, em uma missão junto aos Korubo, em 2016. Foto: CGIIRC/Funai

Nossa prioridade é manter as equipes em campo de forma permanente para a proteção dos povos indígenas isolados e de recente contato. O cerne do trabalho da CGIIRC é esse. Queremos abrir as bases de proteção que precisam ser abertas e lutar pela manutenção de todas que estão ativas “, comenta Wolthers que atualmente é coordenadora de Planejamento e Apoio às Frentes de Proteção Etnoambiental (Coplaf).

Atuante na CGIIRC há cinco anos, a servidora conhece os desafios ao objetivo da coordenação. “Para garantir a proteção desses povos e a posse plena aos seus territórios, precisamos de recursos e de um trabalho voltado aos direitos e proteção desses servidores que atuam em campo também”, aponta.

Bacharel em Ciências Sociais e mestre em Antropologia Social na área de Etnologia Indígena, Paula Wolthers construiu sua carreira acadêmica na Universidade de São Paulo (USP), com pesquisa sobre parentesco e organização social entre os Rikbaktsa. Na Funai, atuou junto aos povos Banawá, Deni, Jarawara, Jamamadi, Apurinã e Paumari no Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional Médio Purus e à frente da Coplaf acompanhou atividades com povos isolados e de recente-contato, como missões junto aos Korubo em 2016.

As indigenistas

Povos do Xinane
Povos do Xinane. Foto: CGIIRC/Funai

A presença feminina no indigenismo tem crescido, mas o trabalho com povos isolados e de recente-contato ainda é uma área de atuação cuja participação das mulheres é numericamente pequena. Além das três servidoras que compõem a equipe voltada aos povos de recente-contato na sede da Funai, em Brasília, apenas sete mulheres atuam nas 11 Frentes de Proteção Etnoambiental (FPE) do país, compostas por cerca de cem homens.

“Temos muitos desafios a serem vencidos. Temos exemplos para seguir de mulheres que atuam há muito tempo na área, mas muitas vezes a visibilidade delas é menor. Vamos mostrar que temos competência e que ainda que não saibamos tudo, isso está relacionado ao crescimento técnico e não ao gênero”, explica Paula Wolthers.

Os braços da CGIIRC

As ações finalísticas da CGIIRC são executadas por 11 Frentes de Proteção Etnoambiental espalhadas na região Amazônica, cuja jurisdição abrange 71 terras indígenas, o que computa mais de 77 milhões de hectares de territórios sistematicamente monitorados e protegidos pela Funai. O monitoramento e proteção territorial de povos indígenas isolados e de recente contato ocorre a partir das 19 Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs), alocadas estrategicamente no interior das Terras Indígenas com presença destes povos.

As Frentes operacionam ações permanentes e continuadas de proteção, fiscalização, vigilância, coibição de ilícitos, controle de acesso, acompanhamento de ações de saúde, de educação não escolar, promoção do etnodesenvolvimento, dos direitos indígenas, entre outras atividades.

Kézia Abiorana
Assessoria de Comunicação/Funai 

 

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