Repam Venezuela divulga nota sobre situação humanitária no país

A Rede Eclesial Pan-Amazônica manifesta sua solidariedade à Igreja venezuelana, em particular ao Vicariato Apostólico de Caroní, em sua incansável defesa dos direitos da população.

 

A Repam pede respeito pelos direitos dos povos indígenas e que se abram os olhos para a terrível realidade social da Venezuela
A Repam pede respeito pelos direitos dos povos indígenas e que se abram os olhos para a terrível realidade social da Venezuela 

Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) da Venezuela divulgou uma nota sobre a situação humanitária no país.

No texto, a Repam manifesta sua “dor, angústia e indignação diante dos fatos dolorosos que estão acontecendo em meio à tensão desencadeada pela intenção de levar ajuda humanitária ao país, desde 23 de fevereiro passado, para a população de Santa Elena de Uairén, e para o Território da Gran Sabana, no Estado Bolívar, vizinho ao Estado brasileiro de Roraima.

Segundo informações divulgadas nas redes sociais e em alguns meios de comunicação social, assim como de pessoas que vivem e desenvolvem atividades de promoção social na área, já morreram 4 pessoas e mais de 26 estão feridas, algumas das quais foram levadas para o Hospital de Boa Vista, em Roraima, por causa da incapacidade do Hospital de Santa Elena de Uairén de atendê-las, e há um número indeterminado de detentos e desaparecidos.

Aumento do número de massacres e desaparecimentos

Contatos diretos falam de números maiores a serem contabilizados e, sobretudo, denunciam o clima de violência e perseguição que vem aumentando. Um grande número de pessoas chegou das áreas urbanas do Estado Bolívar.

De acordo com o texto, chama a atenção o ensinamento dado pelos habitantes dessa região, permanentemente abandonada e ao mesmo tempo cobiçada por seus recursos naturais.

“Pedimos que essa agressão seja detida. Os povos indígenas que vivem ancestralmente nela pedem há décadas o reconhecimento formal da propriedade comunitária e da demarcação de suas terras e territórios, um direito reconhecido formal e peremptoriamente pela Constituição de 1999 (dois anos depois de sua aprovação) e pela Lei Orgânica dos Povos e Comunidades Indígenas (LOPCI)”, ressalta a Repam no texto.

Não obstante todos os esforços, estudos e autodemarcações realizadas pelos povos indígenas, todo foi deixado numa promessa não cumprida, na invasão e depredação de suas terras e ameaças permanentes de despejo.

Em vez de reconhecer os territórios indígenas, o Governo venezuelano criou a Área Nacional de Desenvolvimento Estratégico do Arco de Mineração Orinoco, cujo decreto 2.248 foi publicado no Diário Oficial em 24 de fevereiro de 2016, e acabou de completar três anos, para exploração do ouro, diamante, cobre, coltan, ferro e terras raras.

Tudo isso sem consulta prévia, livre e informada aos povos indígenas e comunidades, e sem realizar um estudo de impacto socioambiental. A partir desse decreto, aumentou o número de massacres e desaparecimentos nos municípios mineiros, cujo controle está nas mãos de gangues criminosas.

Atitude crítica diante dessa situação

Segundo a Repam, a isso se acrescenta a acusação constante, mais ou menos velada, escondendo interesses e propósitos injustificáveis, de uma vontade separatista do povo Pemon (“balcanização”, como dizem alguns) pelo fato de defender seus direitos, identidade e cultura.

O trabalho realizado por determinados setores (privado, político e governamental) para minar a unidade desses povos e criar divisões que se aproveitam deles é constante nos territórios indígenas. A situação nesses dias em Santa Elena de Uairén é mais um exemplo do que se faz contra os indefesos.

“Elevamos a nossa voz, junto com as de muitos venezuelanos, para denunciar essa situação, assumir uma atitude crítica diante da gestão da mesma, exigir respeito pelos direitos dos povos indígenas, e abrir os nossos olhos para a terrível realidade social sofrida pela grande maioria da população da Venezuela”, afirma ainda a Repam.

Solidariedade da Repam

O cinismo que existe em não reconhecer e socorrer essas necessidades, negando-as ou acusando os outros, e impedindo as ajudas que nos são oferecidas, constitui um crime e um pecado que só refletem desumanidade e egoísmo.

Exortamos os responsáveis por essa situação inaceitável para que deponham sua atitude de violência e intransigência diante de abordagens alheias a seus interesses, aos venezuelanos de toda  cultura e condição a promoverem o reencontro e a reconciliação, e à Comunidade internacional para que acompanhe e apoie a Venezuela em sua luta para tornar vigente sua Constituição, através de caminhos civilizados e não-violentos.

A Rede Eclesial Pan-Amazônica manifesta sua solidariedade à Igreja venezuelana, em particular ao Vicariato Apostólico de Caroní, em sua incansável defesa dos direitos da população.

Também manifestamos nossa solidariedade ao povo irmão de Pemon e a toda a sociedade venezuelana, e reafirmamos nosso compromisso com a defesa da vida e dos direitos humanos.

Cidade do Vaticano

FONTE: VATICAN NEWS    –    https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-03/repam-venezuela-situacao-humanitaria-pais.html

 

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