Coisas da Amazônia – Parte II

O aconchego da casa provoca harmonicamente o embelecimento da alma e os devaneios do imaginário privilegiado do sentimento de lugar. A casa ribeirinha é fabulosa e estesiante, e convive entranhada aos modos de vida das populações originárias e tradicionais da Amazônia brasileira.

Foto: Marquelino Santana

A casa invade a alma como se fosse o vento manso soprando por ordem do pai-da-mata, para que a benevolência dessa alma nunca cesse, e possa continuar internalizando os fenômenos transcendentais da natureza colossal. Gaston Bachelard nos ensina que a palavra alma pode ser dita poeticamente com tal convicção que envolve todo um poema, e, portanto, o registro poético que corresponde à alma deve ficar aberto às nossas indagações fenomenológicas.

Bachelard nos instiga a refletir
Na fenomenologia do imaginário
Um produto intrínseco da percepção
Onde a alma do ser pode sentir.
A imagem poética é o luzir
Que emerge da própria consciência
É a pureza do ser em sua essência
Um desdobramento do pensamento
A origem imaculada do sentimento
Encontrada nas temporalidades da vivência

A alma apropria-se do cotidiano na dinamicidade do espaço e tempo. A alma amazônica é desmesurada e fenomenologicamente ontológica. A alma ribeirinha é a incompletude do mundo vivido, justamente porque vai sendo preenchida ao ser do ente, para que o pertencimento não caia na invisibilidade social excludente.

A alma é uma palavra imortal
Assim diz Gaston Bachelard
Microscópica e também elementar
Como fenômeno do ser transcendental.
A alma vai além do espiritual
E quando narrada poeticamente
Ela viaja entrelaçada intimamente
Como o mais peculiar tema.
A alma responde por todo um poema
Que surge no ser divinamente.

Por: Marquelino Santana

FONTE: Correio Eletrônico (e-mail) recebido do autor

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