A Terceira Margem – Parte DCCXLVIII

Jornada Patriótica – 3ª Perna

– Taim

Curral Alto – Arroio Aguirre, Capilla (31.03.2016)

O dirigente de um dos principais partidos no Congresso Nacional avaliou que a Presidente Dilma Rousseff pode dar como certa a sua queda caso o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva continue mostrando desânimo e dúvidas sobre a possibilidade de derrotar o impeachment. (Mônica Bergamo ‒ Folha de S. Paulo, São Paulo, SP, 31.03.2016)

I Circunavegação dos Mares de Dentro
Jornada Patriótica

 Recebi centenas de e-mails e mensagens nas redes sociais indagando sobre a origem do nome de nossa Expedição ‒ Jornada Patriótica. Fiz um necessário suspense até a data de hoje ‒ data magna da Revolução Redentora de 31.03.1964 ‒ para revelar, finalmente, que o nome faz uma dupla homenagem, reverenciando, hoje, a atitude dos jovens e heroicos juízes, capitane­ados pelo Dr. Sérgio Moro e aos heróis civis e militares de outrora que combateram os sicários terroristas, trai­dores da Pátria.

A Operação “Lava a Jato”, desencadeada pela Polícia Federal, está prendendo hoje, dentre outros celerados, os mesmos “inocentes” cidadãos que se diziam “injustamente perseguidos” pelo regime militar.

Os jovens e destemidos juízes hodiernos estão dando mostras gabais aos vetustos membros do STF, de fala mansa, “discursos lindos e palavras vãs”, de que não se submetem a conchavos políticos e pressões de qualquer espécie.

Nossos denodados combatentes das Forças Amadas enfrentaram naquela época uma escória mercenária que, a soldo de potências alienígenas, tentavam implantar no Brasil uma “República Sindicalista” e não titubeavam em assaltar, sequestar, matar e mutilar vítimas inocentes.

Os mesmos celerados que hoje se autointitulam “defensores da democracia”, facínoras que ao serem vencidos pelas armas das forças legais dominaram os meios de comunicação, aliciaram os formadores de opinião nas áreas da sociologia, história e filosofia e adulteraram criminosamente nosso passado.

Reproduzimos, na íntegra, texto relativo ao Contragolpe de 31 de março assinado pelo General de Brigada Paulo Chagas e pelo General de Brigada Rocha Paiva;

– Taim

Há 52 anos!

 Um fato histórico não pode ser apagado da memória da Pátria, muito menos da memória dos que o protagonizaram e dos que herdaram, institucional­mente, a responsabilidade e os ensinamentos dele decorrentes.

Vivemos, no momento atual, mais do que em qualquer outro, a necessidade de repensar o Brasil e de voltarmos os olhos para março de 1964 e fazer valer as lições aprendidas, apanágio da profissão que escolhemos pela vocação do amor à Pátria.

As circunstâncias, hoje, são outras e só o são porque, no período que sucedeu a Revolução, as instituições que a promoveram não fugiram do dever de assumir o caos e de transformálo em ordem e progresso, conforme propõe o lema republicano, desde o advento do regime, em meio a sucessivas crises político-militares, que mantinham em suspensão os escom­bros da implosão súbita do Império. Vivenciamos outra vez o caos político e econômico, agravado por um descalabro moral e ético jamais visto na história. O povo brasileiro, deixado à mercê de sua vontade, mas, “deseducado e iludido, elegeu uma classe política absurdamente corrupta, irresponsável e despreparada”. E “de repente, diante do caos, cresce o desejo de mudar esse cenário e muitos pedem que retornemos ao passado e limpemos o chiqueiro”.

Esta atitude é o testemunho incontestável do choque com a realidade e da desilusão que contamina todos os níveis da sociedade minimamente informada e que atesta, em regime de sofrimento e de falta de perspectivas, o quanto devemos aos heróis de 1964 que, abraçados aos interesses da Pátria, em meio às ameaças da Guerra Fria, espremidos entre dois poderosos blocos antagônicos, souberam interpretar a vontade nacional, identificar o perigo e tomar a iniciativa para neutralizá-lo. É nesse contesto que devemos rememorar e enaltecer o contragolpe de 31 de março de 1964.

No início dos anos 60, o Brasil não tinha instituições maduras e fortes para sustentar a democracia, abalada por sucessivas crises político-militares. O progresso não proporcionava as necessidades básicas da maioria da população, o que facilitou a ocupação de espaços importantes pela esquerda radical infiltrada em sindicatos, no meio acadêmico, na mídia, nos órgãos de governo, na Igreja e até nas Forças Armadas. A situação político-social prenunciava um conflito com potencial para desaguar numa guerra civil de cunho revolucionário. Luiz Carlos Prestes, declarara que seu partido já tinha o governo e só lhe faltava o poder.

Em 13.03.64, o Presidente João Goulart radicalizou o discurso, tentando, na lei ou na marra, intimidar as instituições, inclusive o Legislativo, visando aprovar medidas populistas e angariar o apoio ou a neutra­lidade da população face ao golpe em curso. A quebra da hierarquia e da disciplina nas FFAA reforçava a crença na vitória. Jango juntara-se ao golpe comunis­ta e os setores do governo, sindicatos e partidos de esquerda articulavam-se para implantar aqui uma República Sindicalista, pela qual o país ingressaria no bloco comunista, seguindo os passos de Cuba.

O “31 de Março” foi o desfecho de um movimento civil-militar que mobilizou toda nação e impulsionou as FFAA, sem dar condição de reação a um governo que perdera a autoridade moral e o respeito da nação. A Folha de São Paulo, de 27 de março de 1964 publicou: “Até quando as forças responsáveis deste país, as que encarnam os ideais e os princípios da democracia, assistirão passivamente ao sistemático, obstinado e agora já claramente declarado empenho capitaneado pelo Presidente de República de destruir as instituições democráticas?”. Nos dias subsequentes, milhões de cidadãos comemoraram a vitória da demo­cracia em todos os estados da Federação, como regis­trou a mídia em âmbito nacional.

O insucesso da via pacífica levou, no entanto, a esquerda radical a deflagrar a luta armada. O Brasil, ao cortar o mal na raiz, escapou do destino infeliz que lhe desejavam os mesmos que hoje ocupam o poder pela via da mentira e da exploração das próprias vulnerabilidades da democracia.

Em 21 anos de regime militar, foram cerca de 500 mortos em confrontos nas áreas urbanas e rurais, sendo 400 militantes da esquerda armada aos quais, seguindo o exemplo magnânimo de Caxias, pediremos o perdão e o consolo divino, amanhã, na missa em memória dos mortos na luta armada. Um alto custo para poucos, mas muito baixo se comparado ao da impunidade e da criminalidade que hoje nos intimida. É hipocrisia a condenação dos Governos Militares por excessos na reação à luta armada, feita por quem idolatra ditaduras e lideranças criminosas; concede asilo a terroristas estrangeiros condenados, mas devolve fugitivos da ditadura cubana; financia e confraterniza com ditos movimentos sociais, cujas ações resultam, impunemente, em invasões, destruições e mortes.

De 1922 a 1964, houve cerca de duas dezenas de crises institucionais onde chefes militares, envolvidos na política partidária, arrastavam consigo parte da tropa em um Brasil ainda imaturo para a democracia. Havendo ou não honestidade de propósitos, ficavam prejudicados: o compromisso militar, que deve ser exclusivo com a nação; a dedicação, que deve ser integral à missão constitucional; e os princípios de hierarquia e disciplina, comprometendo a coesão nas FFAA e a própria unidade nacional. O regime de 1964 afastou as Forças e os militares da ativa da política partidária e criou condições para o fortalecimento das instituições. As crises políticas não tiveram mais o envolvimento militar e, hoje, são resolvidas nos foros apropriados.

Os Generais Presidentes reconheciam a excepciona­lidade do regime e manifestavam permanentemente o objetivo de retorno à normalidade democrática, o que se cumpriu com a revogação do AI-5, a anistia e a abertura política logo após a derrota da luta armada e a aceitação pelos ex-guerrilheiros das regras do jogo democrático. A redemocratização veio a partir de 1978, não por obra da esquerda revolucionária já desmantelada. É um engano considerá-la vitoriosa porque antigos militantes ocupam, hoje, posições importantes na sociedade. Eles não chegaram ao poder pela força das armas e sim como cidadãos com plenos direitos assegurados na anistia concedida pelo próprio regime em 1979. Abandonaram a luta armada, derrotados, e se submeteram às normas democráticas, reintegrando-se à sociedade na forma da lei, em pleno regime militar e como exigiam a Nação e o Estado.

O Brasil tornou-se uma democracia, aspiração da sociedade, da oposição legal e dos governos militares, e não um país comunista escravizado por um partido único, objetivo permanente da esquerda revolucionária, hoje, outra vez, no poder, mas não no domínio das mentes e dos corações dos brasileiros que, em massa, retornaram às ruas, 52 anos depois do Comício da Central do Brasil, no último 13 de março, para dizer BASTA! Basta à corrupção e ao enriquecimento ilícito! Basta à incompetência, à desonestidade, à luta de classes. Basta à política de gênero, à desvalorização do mérito, ao desrespeito à vida. Basta ao desemprego, à recessão, à inflação, aos impostos escorchantes e ao descaso para conosco que somos os verdadeiros donos deste País!

Os Marinheiros, Soldados e Aviadores, cidadãos fardados nunca apartados da sociedade a que servem e em nome da qual impunham suas armas, não estão alheios à conjuntura hostil ou descuidados do cumprimento do seu dever. Têm a motiválos o exemplo histórico da Revolução Democrática de 1964 que não pode ser, nem nunca será, apagado da memória dos que amam com fé e orgulho este solo sagrado das Terras de Santa Cruz!

– Taim

BRASIL, ACIMA DE TUDO!!!

Respondidas às indagações, continuemos a reportar nossa jornada nesse dia tão especial. Partimos, às 07h00, com um céu plúmbeo, pesado, que aos poucos foi desanuviando exatamente como aconteceu na década de 60. O Patrão Celestial, Senhor de Todos os Exércitos convenceu os deuses dos ventos e dos mares a proteger-nos neste dia abençoado e o que se viu foi uma Lagoa espelhada que refletia quase que perfeitamente a abóboda celeste. Eu tinha a nítida impressão de que meu caiaque ganhara asas planando suavemente sobre as nuvens, sob o olhar atento de São Pedro – Capataz da Estância Divina.

– Igreja – Vila do Taim

Vozes d’África
(Castro Alves)

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em que estrela tu te escondes
Embuçado nos céus? […]

O Supremo Arquiteto acompanhava-nos por trás das nuvens, e vez por outra mirava-nos brevemente com seu fulgente olhar e certificando-se de que os deuses estavam cumprindo fielmente suas ordens e sentindo que nossos corpos estavam suficientemente aquecidos, ocultava-se novamente.

– Igreja – Vila do Taim

Diversas culturas associam o Astro Rei ao olho do Supremo Arquiteto do Universo ‒ o olho onisciente. Para os gregos era o olho de Zeus, para os egípcios ‒ o olho de Hórus, para os indianos ‒ o olho de Varuna, para os povos de origem germânica ‒ o olho de Odin e para os muçulmanos ‒ o olho de Alá.

O astrônomo Nicolau Copérnico afirmava poeticamente que “A Lua, era o olho da noite e o Sol, o olho do dia”. O poeta nacional da Inglaterra, o “Bardo do Avon” ‒ William Shakespeare ‒ menosprezando o Sol, que aparece embuçado, esmaecido, nas brumosas tardes inglesas, aludi que “aquele ponto acinzentado não é o olho do dia…”.

O escritor maçom Ir:. João Ivo Girardi, no seu “Vade-Mécum Maçônico”, menciona que o “Olho que Tudo vê”: “Na Loja Maçônica representa a onisciência do Grande Arquiteto do Universo. O Olho que jamais dorme. O Olho simboliza, no plano físico, o Sol visível, de onde emana a Vida e a Luz; no plano intermediário ou astral, o Verbo, o Logos, o Princípio Criador; no plano espiritual ou divino, o Grande Arquiteto.”

Chegamos ao Taim às 13h20 e como não conseguimos adentrar no Canal (32°31’08,4”S/ 52°34’52,2”O), em decorrência dos bancos de areia, seguimos direto para o Arroio Aguirre, lindeiro à Vila do Taim (Capilla). O Geminiano, um prestativo pescador, deu carona ao Norberto até a cidade para que ele efetuasse algumas compras. Percorremos 49,6 km. Trocando o número 4 de posição obtemos 964, curiosas artimanhas da Numerologia Cabalística do Grande Arquiteto do Universo em homenagem à histórica data (31.03.1964).

²  1° Perna Total =         349,1 km.
²  2° Perna Total =         322,2 km.
²  3° Perna Parcial =       185,1 km.
²  Total Parcial =            856,4 km.

Por: Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 03.06.2024 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP);
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com

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