A Terceira Margem – Parte DLXXVIII

Jornada Pantaneira

Morro da Margarida

A Retirada da Laguna –Parte XVI

XVI

Lampejo de Esperança que se Desvanece Logo. A Cólera. Reaparece o Inimigo. O Incêndio Sempre. Recrudesce a Cólera. Um Recurso: Os Palmitos. Terrível Passagem de um Pântano.
O Tenente Santos Sousa. Acampamento. Conseguimos Acender Fogo.

Lopes que, desde algum tempo, víramos perturbado a ponto de duvidar de si, acabara, enfim, descobrindo onde estava, e orientando-se. À vista de uma elevação, a distância, dissipara-se-lhe subitamente o mistério; apontando-a, deu-nos a certeza de que dois dias mais tarde chegaríamos à sua fazenda. “De lá se avista, afirmou, aquele pico que os senhores veem”. Aos mais fracos e desani­mados, reanimou esta notícia. Chegamos à estância do Jardim, a 21.05.1867, poderíamos, pelo dia 25.05.1867, entrar em Nioaque antes dos paraguaios e preservar a Vila de novo saque, graças a esta marcha executada em onze dias, e não em quinze.

Assim tínhamos muito próximo de nós o termo de tantas misérias, quando outra novidade, mais terrível que tudo, veio agravar a situação, além de qualquer previsão por mais sinistra que fosse: circulou de repente pelo acampamento a notícia que nele havia cólera. Já desde algum tempo tinham os doutores Quintana e Gesteira levado o fato ao conhecimento do Coronel.

Pouco depois morrera, com um dia de moléstia apenas, um índio Terena recebido na enfermaria de Bela Vista. Supusera-se, a princípio, que seria mero caso esporádico; e sobre o fato se guardara segredo, nada se podendo fazer, tudo nos faltando para dominar a doença.

Em todas as paradas, enormes fogueiras se acende­ram supondo os soldados que se empregava um processo saneador da atmosfera do pantanal. No silêncio consistia, realmente, o melhor preservativo contra a propagação da peste. Mas a 18.05.1867 rasgou-se o véu do mistério: caíram três homens atacados pela epidemia e com os mais graves sinto­mas, e, desde então, os nossos dois médicos que haviam assistido à primeira irrupção da cólera no Rio de Janeiro, julgaram imperioso dever não mais dissi­mular a verdade. Fora-nos necessário, contudo, prosseguir na marcha, subitamente salteados de mal-estar e desmaios caíram alguns soldados; o que provocou a perturbação e a confusão gerais em nos­sas fileiras. Não se caminhava mais. Os três homens já atingidos pelo flagelo sucumbiram. Dentro em pouco estavam a carreta que nos restava e um carroção de munições, que se lhe adicionara, reple­tos de enfermos, cujos gemidos por toda a parte apressavam o surto da epidemia.

Teve este dia cruel uma tarde e uma noite como era de prever. A 20.05.1867, pela manhã, o tempo, a princípio chuvoso, melhorou; e logo tornou-se o Sol ardente. Ainda caminharam menos os animais e os homens mal se arrastavam, tendo a morte sob os olhos e no coração. Haviam os paraguaios recons­truído a ponte e passado. Já à nossa frente estavam, apenas dissipara o calor do dia o orvalho e secara a macega. Puseram-lhe fogo, e com tal êxito que não fora um mato de pindaíbas, felizmente provido d’á­gua, teria a coluna sido colhida pelo incêndio.

Mal teve Lopes o tempo de nos alojar neste abrigo; deu-nos o Coronel ordem de acampar. Atacados, até aí, defendemo-nos como quem defende o refúgio derradeiro. Afinal obrigou o tiro de nossos canhões o inimigo a retirar-se. Tudo em volta de nós era fumo, trevas e vapores ardentes. Caiu um de nossos soldados asfixiado. Outro, cego, no meio de um redemoinho, metera-se entre os pa­raguaios, conseguindo, contudo, graças à escuridão, safar-se e voltar sem ser reconhecido.

Neste dia fez a cólera nove vítimas. Assinalaram-se vinte casos novos: o Chefe dos Terenas, Francisco das Chagas, chegou moribundo numa rede que sua gente carregava. Estavam estes desgraçados índios no auge do terror, mas não podiam mais abandonar a coluna, ocupado como se achava todo o campo por um inimigo que, quando os apanhava, jamais deixa­ria de os fazer perecer nos mais horríveis suplícios.

A que causa devíamos atribuir esta irrupção da cólera ou, melhor, a que causa não a atribuirmos? Seria talvez a carne estragada que éramos obrigados a comer, ou a fome curtida quando as náuseas ven­ciam o apetite, ou ainda o insuportável ardor dos incêndios que nos escaldavam o sangue, quiçá a infecção oriunda de todas as substâncias vegetais que devorávamos, brotos, frutos verdes e podres, ou também, enfim, a insalubridade do ar viciado pela água estagnada dos charcos e lodaçais que naquela região tanto abundam. Supunham alguns fosse o próprio inimigo o veiculador do morbo. É muito possível que aos paraguaios houvesse acontecido – embora jamais suportassem as mesmas privações que nós – porque, de seu exército do Sul, dizimado pelo flagelo, tinham recebido reforços. Uma circunstância ocorria fazendo-nos crer que também reinasse o mal em suas fileiras: a frouxidão, para o fim, dos ataques, embora sempre frequentes.

No entanto, o número do “El Semanario de Asunción” ([1]), anexo a esta narrativa, nenhuma menção faz da epidemia na coluna paraguaia.

Para a noite caiu abundante chuva, agravadora de todos os nossos padecimentos. Amontoados perto da pequena barraca dos médicos, sem abrigo e ao ar livre, receberam os coléricos, nos corpos gélidos, a chuva grossa que desabava, de espaço em espaço.

Era horrível ver estes míseros, presos de agitação extrema, dilacerando os andrajos com que procu­rávamos cobri-los, rolando uns sobre os outros, a se torcerem com câimbras, vociferando soltando bra­dos, que se fundiam numa só voz articulada: Água!

Tinham os médicos esgotado todos os recursos; a princípio zelosos e ativos, desanimavam os enfer­meiros ante o número crescente dos enfermos e apesar da ordem que proibira o uso da água, como fatal, davam-na alguma para satisfazer, um instante ao menos, aos moribundos. A isto se limitavam os seus cuidados.

Apesar de tudo, recomeçamos a caminhar no dia 21.05.1867. A carreta e o carroção, com o dobro da lotação, de todos os lados deixavam pender braços, pernas, cabeças onde já se imprimiam os sinais da morte. Aos carros de munição da artilharia, aos armões ([2]) das peças igualmente atulhavam des­venturados recentemente atacados e já agonizantes.

Mas logo que a macega perdeu a umidade empre­gou-se novamente contra nós o odioso expediente de guerra dos paraguaios.

Cerca de um quarto de légua de nossa última parada pareceu o incêndio, tangido por esperta aragem, na iminência de nos envolver, exatamente no mesmo lugar onde nos detivéramos e onde, de todo, se baldaria o zelo de Lopes, se acaso uma mudança do vento não houvesse desviado aquele furação de chamas.

Recomeçamos o lúgubre desfilar; mas ainda não vencêramos meia légua, quando os bois da artilharia afrouxaram, por não terem bebido, desde o acampa­mento do dia 19.05.1867. Estávamos felizmente num terreno cuja macega escapara ao fogo da ma­nhã, graças, provavelmente, à corrente de ar que nos salvara. Era uma chapada extensa que, ines­peradamente, se levantava de uma depressão onde corre um Riacho. Outra chapada, um pouco mais alta, e voltada para o Sul, ligava-se a um campo imenso, o mesmo que Lopes, numa primeira incur­são, batizara Campo das Cruzes; e no fundo do qual se erguia a nossa baliza – o morro da Margarida. Tem o perfil deste pico algo de notável em sua regu­laridade elegante. Já da Bela Vista o avistáramos; agora o saudamos como a velho amigo.

Se tal foi a nossa impressão, teve Lopes outra muito mais viva, ainda. Via-se, após tantas dúvidas cruéis, justificado no seu foro íntimo. Restituíra-lhe a alegria toda a vivacidade da primeira mocidade. Arrebentara naquele momento novo incêndio no campo; vimo-lo correr, de archote em punho, para combatê-lo, com armas iguais, dizia. E conseguiu-o, varando por entre os cavaleiros paraguaios, espalhados pelo campo e que quase o apanharam. Estava, novamente, na plena posse de si, liberto da responsabilidade que o agoniara e quando lhe obser­vávamos quanto precisava poupar-se, respondia que ninguém podia ir de encontro à vontade de Deus, devendo cada qual entregar-se às mãos do Senhor.

Dizia-lhe Ele que estávamos chegando ao termo de nossas provações. “Saibamos morrer, acrescentava; dirão os sobreviventes o que fizemos”.

A 22.05.1867 apenas andamos três quartos de légua, pois dependíamos inteiramente das juntas que puxavam os canhões e ainda na véspera quase não tivera o gado o que beber. Mal dera o minguado filete, junto ao qual acampáramos, água bastante para os homens. Tivemos de parar, forçadamente, junto a um brejo, cuja vegetação era bastante capaz de dar algum alento aos nossos animais. Aí ficamos encostados a um mato que, felizmente, ia até um Riacho chamado Prata, o primeiro afluente Meridional do Miranda, como Lopes no-lo disse.

Já, portanto, nos abeirávamos desse caudal, objeto de tantos anseios. Uma vez neste lugar, entendeu o Coronel que nada obstava informar a gente de Nioaque de nossa proximidade e da do inimigo. Estava o caminho livre, pela mata do Prata, que se perde na do Miranda; não correndo risco algum quem a atravessasse. Para esta comissão escolheu dois homens corajosos, afeitos à vida do mato, caçadores sabidos daquelas terras.

Fora o bilhete, que se lhes deu, endereçado ao Coro­nel honorário que comandava o depósito redigido em francês para, pelo menos, escapar às probabilidades mais fortes de divulgação. Noticiava em suma que a coluna batera em retirada; e, provavelmente, atingi­ria Nioaque antes do inimigo, convindo, no entanto, transportar para lugar seguro e o mais depressa pos­sível, as munições, os víveres, o arquivo, e alguma bagagem dos oficiais.

Era, sobretudo, necessário que toda a tropa dispo­nível marchasse às ordens do Capitão Martinho a emboscar-se para deter os paraguaios, caso apare­cessem.

A 24.05.1867 chegavam os mensageiros à Colônia de Miranda ali encontraram os negociantes que com a lentidão habitual haviam retrocedido, tendo acha­do, ainda, avolumados pelas chuvas, os grandes Rios, que evitáramos graças à estrada pela fazenda do Jardim. Deixando este comboio à retaguarda, a 27.05.1867 atingiram Nioaque os nossos correios, com a missiva do Comandante, divulgando o que em nosso acam­pamento haviam presenciado, assim como todos os boatos sinistros de que se fizeram ecos mercadores em caminho.

A 25.05.1867 progredimos cerca de légua e meia, considerável esforço, pois os nossos soldados válidos quase todos se empregavam em carregar as padiolas dos enfermos e destes padioleiros, vários, subita­mente atacados, em vez de ajudarem aumentavam a carga. As contínuas convulsões dos agonizantes ain­da e de tal modo agravavam esta faina horrivelmen­te penosa que os soldados, estafados, punham-se de repente, como à porfia com os coléricos, a soltar selvagens gritos impacientes, ameaçando arriar e abandonar o fardo.

Só algumas redes, ocupadas por oficiais, conserva­vam certo decoro lúgubre: jamais esqueceremos o belo rosto resignado do Tenente Guerra, moço exem­plar, filho único de uma viúva que nunca o tornaria a ver. Neste dia, ao incêndio precedeu um ataque de atiradores. Repeliram-no alguns dos nossos e o fogo também passou; mas o outro inimigo, a cólera, o adversário oculto, redobrou os golpes com que nos feria, a ninguém perdoando. Desapareceu no mesmo dia uma família inteira; pai, mãe e filho em horas fulminados juntos. De inanição pereceu uma criança de peito que, dos braços da mãe moribunda, passara aos do pai e deste aos de camaradas, que também não tinham alimento algum.

Soubemos que dois soldados haviam enlouquecido. Assim se explicavam os gritos, cujas notas estriden­tes se haviam associado aos ruídos que habitual­mente nos afligiam; lamentos, furores e desespero. Outro mal começou: a deserção; desapareceram vinte e quatro soldados da linha de defesa do acam­pamento. E, no entanto, impossível lhes era escapar à morte pela fome ou às mãos do inimigo. A partir deste dia não houve, no mato, moita onde se não escondesse algum fugitivo. Abandonaram-nos os nossos índios Guaicurus, não conseguindo mais detê-los o receio do destino que os aguardava, se os paraguaios os apanhassem.

Tais os incidentes que entre nós ocorriam. Embora dizimados, serenamente mantinham os oficiais o es­pírito geral da corporação; uns procuravam os ou­tros, reuniam-se, trocavam palavras amigas e de bom conselho. Esta serenidade d’alma só era natural entre homens de têmpera especial como José Tomás Gonçalves, Pisaflores e Marques da Cruz; ou excep­cionalmente fortes como Lago, Catão e José Rufino.

A mesma atitude impassível tornava-se em outros igualmente notada, embora menos energicamente constituídos. Tomava, no Tenente-Coronel Juvêncio, laivos de melancolia ao lembrar-se da família. Quanto ao Comandante este se reconcentrava em sua dignidade e no sentimento do dever. Aproxi­mava-se a hora em que, a tal respeito, nos daria as mais extraordinárias provas. Na manhã de 24.05.1867 uma chuva torrencial, e contínua, não tardou em transformar em atoleiro o solo argiloso sobre o qual acampáramos. O vento áspero e impetuoso lançava-nos verdadeiras enxur­radas. Assim mesmo partiu Pisaflores, o bravo Rio-grandense, à testa de cem homens, a um quarto de légua, à margem do Prata, abrir uma picada num lugar indicado por Lopes.

Este serviço, rapidamente executado, deu aos trabalhadores o ensejo de descobrir na mata palmitos em profusão, inesperado recurso que levou o Comandante a mandar que estacássemos, porque também ali estava o solo mais seco.

Não pôde, entretanto, a marcha recomeçar antes das 17h00, e o que foi este deslocamento de posição só uma palavra traduz: desolação. Observando-nos de muito perto assaltaram-nos os paraguaios, com vaias e tiros, a que tratávamos de responder do melhor modo. Mas o que mais penoso foi, ao atravessarmos grande charco, o banho gelado em que até a cinta afundamos.

Rompeu-se a formatura; nem sequer nos víamos mais. À espessa escuridão que sobrevie­ra seguiu-se a noite, sem intervalo, uma destas noi­tes propícias aos desastres e aos crimes: e mais de um doente afogaram os seus carregadores.

Às 20h00 horas, passara o grosso da coluna acam­pando então, às 22h00 veio a retaguarda ocupar o seu posto. Até tarde, pela noite adentro, chegaram retardatários, condutores de carretas extraviadas e até coléricos que haviam podido pôr-se de pé, depois de atirados das padiolas ao chão. Deu-se, entretan­to, uma cena que à memória consola evocar.

Entre as padiolas, onde prostrados se achavam soldados, uma houvera que a queda de um dos padioleiros ia submergir no pântano, prestando-se os demais três, talvez, a este caso que os libertava do fardo, quando um quarto apoio, o ombro de um oficial, se apresen­tou para salvar o infeliz que ia perecer. O Tenente Clímaco dos Santos Sousa, autor deste ato de altruísmo, teve, em prêmio, os louvores de nós todos.

Fôramos ficar em terreno menos lodoso; mas muito tempo decorreu antes que pudéssemos acender a lenha encharcada. Era felizmente resinosa. Oh! Com que alegria saudamos as primeiras chamas! Qual­quer lugar junto destas fogueiras era cobiçado; qua­se todos conseguiram, contudo, aboletar-se, sãos e enfermos misturados. Morreram dois coléricos ali.

Foram os cadáveres removidos, eram heranças a receber, lugares de calor.

Apareceram logo os palmitos que os mais ágeis dos nossos tinham corrido pedir aos trabalhadores do Capitão Pisaflores, apenas se sentiram um pouco alentados pelo fogo. Foi o alimento prontamente co­zido sobre brasas na cinza e cada qual teve o seu quinhão, uns mais, outros menos. Nunca se desmen­tiram os hábitos hospitaleiros da mesa brasileira, nem ali nem em parte alguma; e até mesmo nas mais terríveis conjunturas. (TAUNAY, 1874) (Continua…)

El Semanario n° 690, 13.07.1867

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 26.04.2023 – um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia 

TAUNAY, Alfredo de Escragnolle. A Retirada da Laguna: Episódio da Guerra do Paraguai – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Tipografia Americana, 1874.  

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;  

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

[1]    El Semanario n° 690, 13.07.1867. (Hiram Reis)

[2]    Armões: jogo dianteiro dos reparos e viaturas de artilharia. (Hiram Reis)

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