Servidores da Funai e representantes dos programas de saúde mental da prefeitura de Manaus e do governo do Amazonas realizaram, durante esta semana (27 e 28/06), visitas aos Centros de Atenção Psicossocial localizados na capital do estado. A iniciativa faz parte de um amplo trabalho de articulação com vistas a qualificar os trabalhos de atendimento à população indígena no que diz respeito à saúde mental ou a problemas relacionados ao uso prejudicial do álcool e outras drogas.
Desde 2013, um Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI) sobre Saúde Mental e Povos Indígenas, formado por representantes do Ministério da Saúde e da Funai, vem atuando com o propósito de analisar conjuntamente prioridades e construir estratégias a serem realizadas junto às equipes que atuam nos diversos territórios. Para a Coordenadora de Articulação e Acompanhamento das Ações de Saúde e Segurança Alimentar da Funai, Sílvia de Almeida, a qualificação do atendimento das populações indígenas passa, em um primeiro momento, por um processo de capacitação dos próprios servidores da autarquia sobre a importância do papel da instituição no fortalecimento da rede de atenção psicossocial aos indígenas.
Outro ponto destacado pela Coordenadora diz respeito ao contexto no qual o processo de alcoolização ocorre: “É preciso superar eventuais visões coercitivas sobre a temática e passar a identificar os modos de beber, a forma de trabalhar o problema junto aos povos indígenas e, principalmente, identificar as situações envolvidas no processo de alcoolização, que muitas vezes se relacionam a processos de violência”, declarou.
Os encontros do GTI constituem metodologia de articulação das ações da rede de atenção psicossocial com vistas a integrar os serviços, identificar os problemas e estabelecer ações e metas para atender à população indígena de forma diferenciada, específica e dialogada, mediante a promoção do protagonismo do usuário do serviço segundo sua própria cultura.
Como parte das ações do GT, profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD) também estão realizando articulação com indígenas que estão em contexto urbano em Manaus. De acordo com a psicóloga Luciana Oliveira Lopes, para colocar em prática essas ações, profissionais do Caps AD e da Funai estiveram reunidos com representantes da comunidade Sol Nascente, localizada no bairro Cidade Nova (zona Norte), onde residem 40 famílias de 13 diferentes etnias indígenas. “O objetivo foi levar até a comunidade indígena informações sobre os serviços existentes na rede de atenção psicossocial para pessoas que fazem o uso prejudicial de álcool e drogas, e sobre como podem buscar tratamento”, declarou.
Para a assistente social Katleen Sado de Lima, que integra o GT representando a Rede de Atenção Psicossocial do Estado do Amazonas, os encontros também objetivam aproximar a população indígena, por meio da Funai, dos serviços oferecidos em saúde mental nos municípios do interior do estado: “Temos esses serviços em outros municípios do Amazonas, mas muitas vezes a população indígena não tem informação sobre isso e acaba procurando atendimento em Manaus. O Grupo de Trabalho busca fortalecer a comunicação para facilitar o acesso da população indígena aos serviços disponíveis e para que a rede de atenção tenha as informações necessárias para realizar o atendimento e a abordagem adequada”.
GTI
A Coordenação de Articulação e Acompanhamento das Ações de Saúde e Segurança Alimentar (Coasa/DPDS/Funai) participa, em conjunto com o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) e da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (CGMAD), de um Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI) sobre Saúde Mental e Povos Indígenas, cujo objetivo é o estudo, a discussão e a definição de encaminhamentos sobre os assuntos relacionados à saúde mental e ao bem viver nas terras indígenas. Os esforços do grupo objetivam a busca de caminhos e ações propositivas para a diminuição do sofrimento, considerando as diretrizes da Política de Atenção Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas, estabelecidas na Portaria nº 2.759, de 27 de outubro de 2007.
Nesse sentido, o GTI organizou, em parceria com a Fiocruz-Brasília, a “I Oficina sobre Povos Indígenas e Necessidades Decorrentes do Uso de Álcool: Cuidados, Direitos e Gestão”, ao final de 2016. O objetivo do encontro foi o de ampliar o debate sobre saúde mental, bem viver e povos indígenas. Na ocasião, a Funai realizou um encontro prévio com seus servidores(as), quando foi discutido um texto base, de forma a contextualizar o propósito da Oficina e trazer propostas para o trabalho compartilhado entre as Redes de Atenção.
Mônica Carneiro
Ascom Funai