“Inquisição verde-indígena” amplia sua teia

Definitivamente, a “Inquisição verde-indígena” se instalou no País e está sedenta de sangue (pelo menos, espera-se, no sentido figurado). Em uma nova fase de agressividade, os neoinquisidores “politicamente corretos” não se limitam mais a atacar os “hereges” que se atrevem a contestar os cânones da sua liturgia anticientífica, anti-humana e antidemocrática, agora, querem “queimá-los”.

Em outro artigo neste sítio (“Evaristo de Miranda e Embrapa Territorial na mira da ‘inquisição verde“), comentamos o caso da investida de um grupo de cientistas engajados na agenda alarmista climático-amazônica contra o Dr. Evaristo de Miranda e a Embrapa Territorial, acusando-os de difundir “pseudofatos” e “falsas controvérsias científicas”. Outros casos conhecidos demonstram que o patrulhamento está se intensificando.

No início do ano, o Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF-UFRJ) cancelou uma palestra virtual do físico Dr. José Carlos Parente de Oliveira, professor do Instituto Federal do Ceará (IFC) e professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC), sobre o tema “Evidências científicas indicam que não há aquecimento antropogênico”. A medida, determinada dois dias antes do evento, se deveu às pressões sofridas pelo instituto, tendo a diretora Belita Koiller divulgado uma “nota tímida” (segundo a avaliação do Observatório do Clima-OC), afirmando que “a escolha de palestrantes convidados por qualquer dos programas de pós-graduação do Instituto de Física é de responsabilidade integral e exclusiva do respectivo coordenador”, e concluindo com a declaração de que “a direção do IF sempre se colocou e continua se colocando pessoal e institucionalmente a favor da ciência”.

O Dr. Parente, como é mais conhecido, não é um “negacionista”, como o rotula o OC. Além de um doutorado em Física, detém um pós-doutorado em Física da Atmosfera e, como reconhece a própria nota da ONG, desenvolveu pesquisas sobre microfísica de nuvens na Amazônia. Não sendo um “modelista” de gabinete, tem sido um dos mais ativos críticos brasileiros do alarmismo que tem caracterizado as discussões sobre o clima global, nas últimas décadas. No texto de divulgação da palestra, por exemplo, indicou:

Além de olhar o CO2 e a temperatura sob outra perspectiva, na palestra serão apresentados argumentos baseados em evidências científicas que indicam que os modelos climáticos ainda não incorporam sistemas complexos participantes do clima, a exemplo das nuvens; que o Sol é o motor responsável por girar a máquina Terra; que a frequência e magnitude de tempestades não estão aumentando; que a velocidade com que o nível do mar está se elevando é bem aquém do que noticiado; que o gelo na Terra aumentou; que há um crescente e pujante verdejamento da Terra; que uma tendência de resfriamento global poderá já estar em curso.

É exatamente esse confronto de argumentos baseados em evidências científicas, que se contrapõem aos prognósticos baseados em projeções de modelos matemáticos construídos sobre uma hipotética hipersensibilidade da dinâmica climática ao dióxido de carbono (CO2), que os promotores do alarmismo climático preferem evitar. Pois tais evidências denotam a inexistência de quaisquer anomalias de temperaturas e níveis do mar ocorridas no período pós-Revolução Industrial, que possam sugerir uma influência humana no clima global – ao contrário do que ocorre nos perímetros urbanos, com o conhecido efeito das “ilhas de calor”, mas sem qualquer influência global.

Esse tipo de patrulhamento da ortodoxia “politicamente correta” na academia está se tornando mais disseminado e agressivo, em uma total contradição com os princípios fundamentais de livre discussão e abertura que devem nortear a atividade científica. No ano passado, o mesmo ocorreu com evento semelhante com o meteorologista Dr. Luiz Carlos Baldicero Molion e o geólogo Geraldo Luís Lino, do conselho editorial deste Alerta, que discutiriam a questão climática com o mesmo viés crítico, a convite do Dr. Gildo Magalhães, diretor do Centro Interunidade História da Ciência da Universidade de São Paulo (CHC-USP). Devido à repercussão negativa nas redes sociais da universidade, o corpo docente do Centro votou contrariamente à realização do evento, que acabou sendo realizado em caráter privado para alunos e convidados do Dr. Magalhães.

Outro exemplo bizarro da fúria dos “inquisidores” foi a representação escrita de uma certa Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges (sic) (ABIA) contra o antropólogo Diogo Oliveira, funcionário da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e doutorando de Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Oliveira, que já frequentou este Alerta como articulista e entrevistado, é um crítico contumaz e preciso da exploração dos povos indígenas pelo aparato ambientalista-indigenista internacional.

A representação foi enviada à Associação Brasileira de Antropologia (ABA), à coordenação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC e à coordenação do Núcleo Jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Nela, os “antropóloges” da ABIA manifestam o seu “repúdio às declarações públicas falaciosas contra os povos indígenas”, alegadamente feitas por Oliveira. Em especial, os neoinquisidores se referem às “declarações proferidas e veiculadas no Canal Ciência sem Fronteira (https://www.youtube.com/watch?v=n8igFw-22dg), comandado pelo youtuber Thiago Maia”. Segundo eles:

Neste canal, o senhor Diogo Oliveira se arvora esclarecer “o que querem os indígenas brasileiros”, através do qual, entre tantos impropérios históricos e antropológicos, distorce situações históricas, inverte imagens, apresenta versões fantasiosas do contato dos indígenas com os colonizadores ibéricos que invadiram seus territórios, como se este encontro tivesse se constituído através de uma grande festa e alianças matrimoniais entre eles, para então formarem as tradicionais famílias que constituíram a elite brasileira.

Por uma questão de espaço e para poupar os leitores da tosca argumentação dos “antropóloges”, limitamo-nos a apontar as providências solicitadas por eles às entidades destinatárias da representação:

– “um posicionamento da ABA e a exclusão dele do quadro de seus Associados”;

– “um posicionamento do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSC), bem como o imediato rompimento do vínculo do senhor Diogo Oliveira enquanto discente do Programa, pesquisador, etnólogo”;

– e “o encaminhamento junto ao Ministério Público Federal e a ouvidoria da Fundação Nacional do Índio, denunciando o senhor Diogo Oliveira, servidor público da FUNAI, por racismo institucional e demais crimes cometidos contra nós Povos Indígenas”.

Em essência, ressalvando-se o fato de Oliveira não ser membro da ABA, o que seus algozes pedem é o virtual equivalente a uma condenação à fogueira, pelas imperdoáveis “heresias” alegadamente cometidas por ele, sobre as quais remetemos os leitores interessados ao vídeo da sua citada apresentação.

Em uma carta aberta em resposta à representação, Oliveira contestou de forma contundente, acusando seus acusadores de manifestar uma “visão rasa” e “truques maniqueístas” e situando-os no contexto de um “pessimismo programado” sobre a formação e as perspectivas do País, estabelecido a partir da década de 1990 (período no qual o aparato ambientalista-indigenista passou a ser um agente ativo na formulação de políticas públicas, embora ele não tenha usado tal expressão).

Diz ele:

(…) Toda a minha argumentação foi no sentido de considerar que houve uma participação histórica indígena na construção do Brasil muito mais contundente e orgânica do que deixaram entrever as grandes (e sobretudo as rasas) narrativas sobre a formação do povo brasileiro. Toda a fundamentação foi em defesa dos indígenas em condição de igualdade de condições, diferença cultural, cidadania plena e inclusão social. (…)

A argumentação da referida representação faz um achatamento da História, terraplanando eventos complexos, dotados de profundidade, nuances e matizes nos contextos de cada época… Obviamente, as sociedades indígenas jamais foram passivas ante o processo histórico e ao longo dele foram estabelecendo alianças e também formando rebeliões. Afirmar a complexidade e as contradições do processo não significa negar a ocorrência de massacres, extermínios e escravização, que evidentemente aconteceram, mas apontar que a realidade não é um mero truque maniqueísta, preto no branco, mas sim cheia de matizes.

Em face da expansão da teia dos “neoinquisidores”, ocorre-nos parafrasear a expressão atribuída a George Orwell: em uma época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário – e cada vez mais perigoso.

 in Ambientalismo   

PUBLICADO POR:     MSIA INFORMA

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