Mulheres indígenas: o elo entre tradição, sustentabilidade e progresso

Em homenagem ao Dia Internacional das milhares de Mulheres Indígenas que promovem  o desenvolvimento econômico e social de suas comunidades, a Funai apresenta uma séria de iniciativas voltadas para a geração de renda com sustentabilidade ambiental. As pessoas que fazem tantos projetos acontecer são produtoras rurais, artesãs, pescadoras e empreendedoras indígenas que se organizaram em associações e cooperativas por todo o país.

O extrativismo é a base para o protagonismo de 50 mulheres Xikrin na Terra Indígena Trincheira/Bacajá, estado do Pará. Por meio do projeto da Funai, as indígenas recebem auxílio para o escoamento da colheita de castanha e da produção do óleo de babaçu, além do acompanhamento de estratégias de governança promovidas nas aldeias.

O ecoturismo de base comunitária atende a cerca de 60 famílias na Terra Indígena Yanomami, que ocupa áreas dos estados de Roraima e do Amazonas. As indígenas se organizaram em duas associações que contaram com o apoio institucional da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento (CGETNO) em 2019: a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA) e a Associação das Mulheres Yanomami (AMY Kumirayoma). Na comunidade de Maturacá, por exemplo, as mulheres participaram de treinamento sobre turismo e adequação da visita de turistas ao Pico da Neblina acompanhada por guias indígenas.

E tem indígena boa de piscicultura também. As integrantes da Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande (AMITTG) e da Associação do Povo Apurinã da Terra Indígena Itixi Mitari (APIATI) têm debatido sobre a pesca manejada do pirarucu e do peixe migrador. O projeto apoiado pela CGETNO atende a cerca de 150 famílias das etnias Apurinã e Dessana na Terra Indígena Itixi Mitari, estado do Amazonas.

Já a cerâmica indígena do Médio Purus tem conquistado o mercado do Brasil e do exterior. No extremo oeste do Amazonas, artesãs do Povo Apurinã agregaram valor à produção do artesanato tradicional ao investir na melhoria do acabamento das peças. O projeto, que também recebe apoio da CGETNO, atende 25 mulheres indígenas cuja produção é comercializada em feiras de negócios da capital, Manaus.

Capacitação técnica      

A Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC/Funai) desenvolve e apoia ações que se relacionam aos processos educativos e à participação social das indígenas. O objetivo da atuação da CGPC é fornecer subsídios para que as comunidades indígenas conquistem autonomia econômica com base no respeito à sustentabilidade ambiental e aos direitos dos povos indígenas.

Dentre as atividades realizadas nas aldeias, a CGPC destaca quatro ações realizadas no âmbito de capacitação técnica e geração de renda:

1. Oficina sobre direitos das mulheres e políticas públicas voltadas para as mulheres indígenas

Com atuação da Coordenação Regional Nordeste II, em 2019 foram realizados encontros de formação para mulheres indígenas no Rio Grande do Norte. Nesses eventos, as indígenas debateram temas relacionados à história e organização do movimento indígena, histórico sobre a luta dos direitos das mulheres, políticas públicas vigentes e as conquistas alcançadas na Constituição Federal de 1988 e Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.

2. Roda de conversa com mulheres indígenas Zoró Wanzej Pane

Em Rondônia, a Coordenação Regional de Ji-Paraná contribuiu com um encontro entre as mulheres da Terra Indígena Zoró. As indígenas abordaram o protagonismo feminino, os direitos sociais, os aspectos do acolhimento de saúde e atenção básica e hospitalar, e também saúde materno-infantil. No evento, elas conversaram também sobre resolução de conflitos nas comunidades, o que demonstra o importante papel de mediação exercidos por muitas mulheres indígenas em suas aldeias.

3. Oficinas de Artesanato em Miçanga com mulheres Guarani Mbyá

O conhecimento tradicional foi o tema principal das oficinas sobre artesanato realizadas no município de Itanhaém-SP, na Baixada Santista. Com apoio da Coordenação Regional Litoral Sudeste, as mulheres Guarani Mbyá contaram com a participação líder Yawapa Kamayura, do Parque Indígena do Xingu. O fazer artesanal com as miçangas é uma atividade predominantemente feminina na cultura Guarani, o que demonstra o significado social da interação e diálogo entre as mulheres durante a confecção do artesanato tradicional.

4. Fortalecimento das organizações das mulheres Krahô e Xerente

Com atuação da Coordenação Regional Araguaia Tocantins, sediada em Palmas/TO, as mulheres da etnia Xerente e Krahô se reuniram nos meses de junho e julho para debater suas principais demandas em relação a sua organização e atividades produtivas. No final do evento, foi realizada uma Assembleia final para discutir as ações e dificuldades da Associação Hahi, cuja diretoria e conselho fiscal foram eleitos na ocasião.

Apoio institucional

Nos últimos dois anos, a CGETNO apoiou os seguintes eventos e projetos promovidos por mulheres indígenas (após cada evento, é citada a Coordenação Regional da Funai responsável pela atuação direta em cada iniciativa):

    • 1ª Oficina de Cerâmica com as mulheres da região Iauaretê – CR Rio Negro;
    • 5ª Assembleia da Associação Yamarikumã das Mulheres Xinguanas – CR Xingu;
    • Apoio ao encontro da Articulação de Mulheres Indígenas do Maranhão (ANIMA) – CR Maranhão;
    • Apoio às Artesãs Guarani e Kaiowá em Festivais do Mato Grosso do Sul – CR Ponta Porã;
    • Assembleia da Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM) – CR Amapá e Norte do Pará;
    • Assembleia das Mulheres Terena – CR Campo Grande;
    • Assembleia do Movimento das Mulheres – CR Roraima;
    • Assembleia extraordinária da Associação Yamuricumã no Parque Indígena do Xingu – CR Xingu;
    • Assembleia Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB) – CR Roraima;
    • Assembleia Mulheres Indígenas do RN – CR Nordeste II;
    • Atividade da associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM) – CR Amapá e Norte do Pará;
    • Capacitação de mulheres Kaimbé e Kiriri na elaboração de projetos – CR Baixo São Francisco;
    • Encontro das Mulheres – CR Minas Gerais e Espírito Santo;
    • Encontro das mulheres indígenas da região do Baixo Cotingo – CR Roraima;
    • Encontro das Mulheres Indígenas do Povo Manchineri – Alto Purus;
    • Encontro das Mulheres dos Povos Apurinã e Jamamadi, Boca do Acre/AM – CR Alto Purus;
    • Encontro das mulheres indígenas realizado pela Associação Takiná – CR Noroeste de Mato Grosso;
    • Encontro das Mulheres na TI Areões – CR Ribeirão Cascalheira;
    • Encontro das Mulheres Xavante da T.I. Marãiwatsédé – CR Ribeirão Cascalheira;
    • Encontro de Mulheres – CR Maranhão;
    • Encontro de Mulheres – CR Nordeste II;
    • Encontro de Mulheres da Aldeia Milagrosa – CR Sul da Bahia;
    • Encontro de Mulheres da Região Norte da AMIMA – CR Maranhão;
    • Encontro de Mulheres Indígenas da TI Maraiwatsede – CR Ribeirão Cascalheira;
    • Encontro de Mulheres Indígenas do Maranhão – CR Maranhão;
    • Encontro de Mulheres Indígenas do Xingu – CR Xingu;
    • Encontro de Mulheres Indígenas Huni Kuin – CR Juruá;
    • Encontro de mulheres indígenas Kaingang e Encontro dos Kujá – CR Passo Fundo;
    • Seminário de conscientização quanto à violência doméstica e o alcoolismo – CR Passo Fundo;
    • Encontro Mulheres Indígenas Krabô – CR Araguaia Tocantins;
    • Encontro Regional de Mulheres Waiãpi – CR Amapá e Norte do Pará;
    • Encontro Juventude Indígena e Mulheres Indígenas (Rio Grande do Norte) – CR Nordeste II;
    • Encontros de Mulheres Indígenas do Vale do Ribeira em São Paulo – Litoral Sudeste.

Assessoria de Comunicação Social – FUNAI