”Sou o que sou. Não vou negar. Sou o que sou, não minto não. Sou um velho amigo, índio guerreiro, de coração (…). É um ajudando o outro, e vamos ver juntos o que vai dar”. Cantando ao som do violão, Roque Tupinambá era um dos tantos violeiros que embalavam o encontro realizado na aldeia de Aningalzinho, localizada no rio Arapiuns, no entorno de Santarém (no oeste do Pará), na virada de 2016 para 2017 [1]. Foram três dias de intensas discussões políticas, atividades culturais, espirituais e festas. As celebrações giravam ao redor dos vinte anos de reorganização do movimento indígena na região do Baixo Tapajós e Arapiuns. Índios que eram tidos como extintos pelo pensamento político e historiográfico dominante e que desde meados dos anos 90 retomaram a sua identidade indígena em um processo de resistência à violenta política colonial de embranquecimento, invisibilização e proletarização.
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