No Amazonas, jovens indígenas participam de oficinas promovidas pelo Iphan e Museu da Pessoa

A ação integra o projeto Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro, que busca documentar histórias de detentores do Sistema Agrícola Tradicional (SAT)

Com o objetivo de capacitar jovens indígenas do Médio Rio Negro (AM) para o registro e disseminação de memórias e histórias de vida de anciões dos saberes e fazeres relacionados aos patrimônios culturais imateriais do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) participou, entre os dias 26/04 e 01/05, de oficinas de salvaguarda em Santa Isabel do Rio Negro/AM.

As ações foram promovidas pelo Museu da Pessoa, organização virtual e colaborativa de histórias de vida, que desde 2022 é parceira do Instituto.  As oficinas integram a última etapa do projeto Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro, cujo objetivo é documentar histórias de vida de detentores do Sistema Agrícola Tradicional (SAT), bem imaterial registrado pelo Iphan na região.

A iniciativa do Museu da Pessoa tem parceria da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e associações locais do Médio Rio Negro: a Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN) e a Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN).

Durante os primeiros dias de atividades, os jovens produziram um documentário a partir das entrevistas realizadas e editadas ao longo de 2022, ao mesmo tempo em que aprenderam sobre ferramentas de divulgação e disseminação de histórias.

Os participantes também apresentaram os resultados do projeto em uma oficina para professores da rede municipal de Santa Isabel do Rio Negro, com o objetivo de formá-los para a promoção de ações educativas relacionadas aos patrimônios imateriais do Rio Negro. No último dia de atividades, o  Museu da Pessoa preparou um evento para o lançamento do documentário e livro produzidos durante todo o projeto.

Para a jovem Shayra Cruz Rodrigues, da etnia Baré, a iniciativa transforma e reforça a identidade indígena relacionada ao Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. “É um incentivo para a valorização das culturas de Santa Isabel do Rio Negro no Amazonas, contribuindo para o resgate das histórias dos antigos, para que esta nunca se perca. Vai nos ajudar no futuro”, ressaltou.

Para a coordenadora do projeto Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro, Aline Scolfaro, os registros são de extrema importância para a transmissão de valores. “Os registros que os jovens fizeram dos seus pais, avós e parentes mais velhos servirão como transmissão de conhecimento e memória. Não é um registro de saberes, são de pessoas que detém esses saberes, foi muito significativo”, destacou Aline.

Vale lembrar que, no mês de junho, será realizada mais uma etapa de oficinas, no distrito de Iauaretê, que faz parte do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). O objetivo é realizar oficinas com detentores, educadores e lideranças indígenas para a proteção do bem registrado Cachoeira de Iauaretê.

Parceria

De acordo com a Coordenadora Substituta de Apoio à Promoção e à Sustentabilidade, do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Aline Miranda, o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Instituto e o Museu da Pessoa colabora com o desenvolvimento de ações de salvaguarda de bens culturais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil.

“O ACT promove o intercâmbio de experiências, informações e tecnologias entre as duas instituições. A parceria tem como base os dois grandes pilares da Política de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial: o protagonismo dos detentores e a gestão compartilhada do Patrimônio Cultural”, explicou Aline Miranda.

O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de histórias de vida aberto à participação de toda pessoa, que pode contar sua história, organizar suas próprias coleções e conhecer histórias de pessoas de todas idades, raças, credos e profissões do Brasil. Por meio do ACT, o Iphan firmou parceria com a organização para salvaguardar bens culturais imateriais, documentar e divulgar histórias de vida dos detentores e dar mais visibilidade à diversidade linguística do País.

Assessoria de Comunicação Iphan – No Amazonas, jovens indígenas participam de oficinas promovidas pelo Iphan e Museu da Pessoa — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (www.gov.br)