Instituto Mamirauá aplica formação de manejo de pirarucu no interior da Amazônia

17 alunos receberam o certificado dos colaboradores do IDSM, organização com 24 anos de experiência na área 

© Créditos: Brenda de Meireles e Daniel Olentino

Entre os dias 18 e 28 de abril de 2023, 17 alunos de várias instituições da região norte, participaram do curso em “Gestão Compartilhada de Recursos Pesqueiros com foco no Manejo Participativo de Pirarucu (Arapaima gigas) em ambientes de várzea” promovido pelo Programa de Manejo de Pesca, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). A capacitação ocorreu na sede do município de Tefé e na comunidade Boca do Jurupari, no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazonas.

Durante os onze dias de imersão, os participantes trocaram experiências de manejo, tiveram aulas sobre as pesquisas que subsidiaram o manejo do pirarucu, voltadas para a biologia e ecologia da espécie, o modo de vida das populações ribeirinhas e foram apresentados ao método de contagem de pirarucus, com atividade prática junto aos contadores da comunidade.

A equipe que ministrou as formações foi composta por técnicos, pescadores e pesquisadores atuantes na área do manejo de recursos naturais. Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do IDSM, relata que a qualificação técnica destes alunos é imprescindível para multiplicar a experiência de 24 anos do manejo do pirarucu e possibilitar que outras regiões tenham acesso ao que é desenvolvido nas áreas assessoradas pelo IDSM.

“Toda vez que aplicamos o curso, para além da formação de redes, também se é pensado a conservação nos diversos territórios. A ideia da conservação do pirarucu passa pela capacidade de organização dos grupos. É importante que algumas pessoas assumam o papel de assessoria técnica nestes territórios e é neste momento que o curso se torna essencial”, diz.

Simélvia Vida é Analista de Recursos Pesqueiros do Instituto Juruá, e participou do curso deste ano, ela acredita no trabalho em grupo do manejo. “Aprendi no curso que os comunitários que são os protagonistas desta atividade e, nós da assessoria técnica, somos o apoio. O trabalho de manejo é coletivo, é uma cadeia que envolve instituições, manejadores, comunitários, assessoria técnica, compradores e vários outros elos que constroem essa prática”.

Instituto Mamirauá: experiência de décadas

Supervisionado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o IDSM tem experiência de 24 anos na aplicação de sistemas de manejo dos recursos naturais junto às populações ribeirinhas da Amazônia.

O Programa de Manejo de Pesca (PMP), inserido na Diretoria de Manejo e Desenvolvimento do IDSM, iniciou suas atividades em 1997. Dentre as linhas de ação do Programa, inclui-se a assessoria às comunidades ribeirinhas das RDS’s Mamirauá e Amanã, e cidades do entorno (Tefé, Alvarães, Uarini, Maraã e Fonte Boa), para o exercício da pesca responsável e adequado manejo das populações ícticas, prezando pela conservação.

O manejo participativo de pirarucu, assessorado pelo Programa de Manejo de Pesca desde 1999, é reconhecido como uma experiência concreta de gestão compartilhada de um recurso de importância cultural e econômica para a região. Isso porque, ao longo de 24 anos, a iniciativa tem promovido tanto a conservação da espécie, quanto o incremento na renda das famílias ribeirinhas envolvidas na atividade. “O Instituto Mamirauá foi o precursor dessa atividade na região do Médio Solimões. Toda essa expertise neste manejo fortalece a organização social nestes territórios”, destaca Ana Cláudia.

Diante da alta demanda de replicação dessas ações do manejo sustentável do pirarucu, o IDSM definiu que a melhor estratégia a ser adotada é a formação de multiplicadores, pessoas que possam captar os principais aspectos das experiências apoiadas pelo Instituto e aplicá-los em seus respectivos locais de origem. Tais multiplicadores poderão exercer um grande impacto na conservação da Amazônia, e na sustentabilidade da pesca de pirarucu, dentro ou fora de unidades de conservação.

Silmévia destaca como foi participar do curso e os conhecimentos adquiridos ao longo dos onze dias de imersão sobre o manejo. “O trabalho do Instituto nesta área é um espelho para qualquer pessoa que tenha a pretensão de assessorar de alguma forma as organizações de base que lidam com o manejo de pirarucu. Espero multiplicar no meu território tudo o que aprendi no curso”, relata.

Texto: Nayá Tawane – Publicado por: Instituto Mamirauá – Instituto Mamirauá aplica formação de manejo de pirarucu no interior da Amazônia (mamiraua.org.br)