“Floresta não é só carbono, é também biodiversidade”, diz representante do Brasil

Governo quer conciliar papel florestal em clima global e interesse econômico de populações locais; na ONU, chefe do Serviço Florestal Brasileiro falou de passos para estimular o desenvolvimento caminhando no mesmo ritmo que a preservação.

Brasil quer reduzir atos ilegais e apoiar boas práticas de uso de recursos das matas – Antonio Cruz/Agência Brasil – Postada em: ONU NEWS

Entidades de vários países, ONGs e parceiros globais ligados aos recursos florestais debateram como lidar com processos essenciais que vão desde limpeza do ar e água até o fornecimento de alimentos, combustível, medicamentos e renda. A discussão ocorreu no Fórum sobre Florestas, encerrado em 12 de maio na ONU, em Nova Iorque.

Falando à ONU News, o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro reconheceu a responsabilidade do país pela grandeza das suas florestas no fórum que este ano enfatizou a saúde.

Acordo de Paris

Garo Batmanian disse que o país vem apostando em esforços para resguardar e restaurar áreas das matas que sofreram com perdas.

“O Brasil entende e reconhece a importância de florestas para a questão de mitigação de mudanças climáticas do carbono. Tanto que o Brasil tem um compromisso voluntário, dentro do acordo de Paris, de desmatamento zero até 2030. Não existe discussão sobre isso. Nós estamos empenhados em proteger a floresta que está lá. E estamos também empenhados em começar a recuperar as áreas que foram degradadas, invadidas e que não estão sendo mais usadas. A área degradada é depois abandonada. Então, ela não tem nenhuma serventia.  E voltar a ocupá-las para plantar pode gerar carbono.”

Batmanian observou que além papel global das florestas do Brasil na retirada de carbono na atmosfera, o país investe fortemente em tirar proveito sustentável das matas em benefício da economia.

“A floresta não é só carbono. A floresta é biodiversidade. Ela tem um valor de biodiversidade, não só para o mundo em geral, porque as espécies têm direito a resistir. Mas elas podem ter outros usos que gente não está vendo. Há 30 anos, ninguém comia o açaí. Só os brasileiros o comiam. Então, tem uma série de produtos e coisas. A própria madeira tem um valor.”

E tendo como horizonte maximizar o aproveitamento florestal sustentável, as autoridades brasileiras dizem apostar em melhorar a governança. A meta é reduzir atos ilegais e apoiar boas práticas de uso de recursos das matas.

Preocupação com a floresta

“Hoje em dia, a gente tem que pensar que a floresta não é só carbono. Se a gente só pensar na floresta e carbono, nós vamos ser tentados a fazer uma plantação de uma espécie que cresce muito rápido, acumula muito carbono, mas ela não atende à biodiversidade, não tem nada a ver com os indígenas, não traz nenhum benefício para as comunidades locais e, às vezes, até afeta a quantidade de água que a gente tem e vai exaurir o solo. Então, o carbono é importante, mas não é a única coisa da floresta e nós nos preocupávamos com a floresta antes de o carbono virar um assunto.”

Garo Batmanian destacou que o Brasil incentiva o saber de pessoas vivendo nas florestas, que bem manejadas são fonte de emprego e renda para o benefício local.

A região da Amazônia concentra mais de 20% das áreas conservadas do Brasil. Para o chefe das florestas do país é relevante continuar a investir em conservar seus recursos, estudar novas espécies e interagir com populações melhorando o uso de recursos para saúde, prevenção e economia em nível comunitário.

Para Garo Batmanian, as autoridades brasileiras entendem o momento atual como  oportunidade para promover critérios para uma exploração sustentável das matas.

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