Banco Mundial propõe novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal brasileira

Políticas públicas, governança e incentivos econômicos eficazes são fundamentais para voltar a proteger os biomas da região, especialmente a Floresta Amazônica, e reduzir a pobreza.

A Floresta Amazônica fornece meios de subsistência para muitas populações rurais – Marcelo Camargo/Agência Brasil – Postada em: ONU NEWS

Um Relatório do Banco Mundial propõe um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal brasileira.

Para isso, o documento recomenda um foco na produtividade urbana e rural, além da proteção florestal. A mudança elevaria os padrões de vida e ajudaria a conservar a riqueza das florestas naturais da região.

Nove estados e 60% da Floresta 

A Amazônia Legal envolve nove estados brasileiros, que concentram cerca de 60% da Floresta Amazônica e partes de outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal.

Nesses estados, vivem 28 milhões de brasileiros. Mais de três quartos moram em cidades, grandes ou pequenas.

Do total da população, mais de um terço é pobre. A maioria da população vulnerável está em áreas urbanas, embora a pobreza rural seja igualmente grave.

Os estados da Amazônia Legal também abrigam 380 mil indígenas, a maior parcela entre todas as regiões brasileiras. Para eles, as condições de vida são ainda piores que as do resto da população.

Desmatamento e 1 milhão de campos de futebol

A região também vem sofrendo com o desmatamento, que voltou a aumentar na última década.

Só em 2022, foi perdida uma área florestal superior a 1 milhão e meio de campos de futebol.

O relatório alerta que, a cada dia, se está mais perto de um ponto sem volta, que destruiria a Floresta Amazônica de modo permanente.

Estima-se que o valor anual da Floresta Amazônica em pé equivalha a, pelo menos, US$ 317 bilhões. A Amazônia regula o clima global; abriga 25% da biodiversidade terrestre conhecida; é a fonte de “rios voadores” essenciais para a agricultura e a energia hidrelétrica da América do Sul; e fornece meios de subsistência para muitas populações rurais.

Já a exploração predatória da floresta rende entre US$ 42 bilhões e US$ 98 bilhões por ano, muito menos do que o valor da floresta em pé. É um modelo que destrói riquezas naturais sem impulsionar a economia.

Economias conectadas 

Políticas públicas, governança e incentivos econômicos eficazes são fundamentais para voltar a proteger a Amazônia Legal. O estudo recomenda fomentar um maior crescimento da produtividade, tanto nos estados amazônicos quanto no resto do Brasil, já que as economias estão conectadas. Como a maior parte da população amazônica vive nas cidades, é necessário equilibrar produtividade urbana e rural.

Isso inclui impulsionar setores não ligados a commodities, como indústria e serviços. Dessa forma, será possível revigorar o progresso econômico, promover a redução da pobreza e garantir que o modelo de desenvolvimento não se baseie apenas na expansão da fronteira agrícola e na extração de recursos naturais.

Reformas em todo o país 

Ainda segundo o relatório, o aumento da produtividade requer uma série de reformas em nível federal e nos estados e municípios. Por exemplo, a remoção de distorções nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção, inclusive terra. Além disso, a promoção de capital humano, infraestrutura e logística sustentáveis.

Nos estados da Amazônia Legal, é necessário fortalecer a governança territorial, com a implementação do Código Florestal e intervenções efetivas de comando e controle, uma vez que a maior parte do desmatamento é ilegal.

Finalmente, o financiamento para a conservação pode desempenhar um papel crucial na promoção de um novo modelo de desenvolvimento para os estados da Amazônia Legal brasileira.

Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil – Publicado por: ONU – Banco Mundial propõe novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal brasileira | ONU News

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