“A ONU está com vocês”, diz secretário-geral aos povos indígenas

António Guterres ressalta impactos e violências contra indígenas no mundo e o impacto do empobrecimento, perda de terras e da crise climática; diversidade e experiência milenares podem apontar soluções para crises.

Indígenas da etnia Yanomami, em acampamento em Brasília, capital do Brasil, em 2018 – Marcelo Camargo/Agência Brasil – Postada em: ONU NEWS

Na abertura do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas de 2023, o secretário-geral, António Guterres, lamentou a exclusão e os danos sofridos por esses povos.

Ele disse que é preciso valorizar a experiência dessa população na preservação do meio ambiente e na garantia da segurança alimentar. O chefe das Nações Unidas destacou a diversidade dos povos indígenas, que representam mais de 5 mil culturas e 4 mil línguas diferentes.

Perdas múltiplas

De acordo com Guterres, grande parte dessas culturas está perdendo “suas terras, seus direitos e seus recursos”. Ele lembrou que apesar dos povos indígenas serem apenas 5% da população mundial, representam 15% dentre os mais pobres.

Guterres afirma que a discriminação atravessa gerações e constitui uma injustiça que se manifesta em “desigualdades chocantes”.

Ele destacou a marginalização, a negação dos direitos humanos, a exploração ilegal de recursos naturais e a desapropriação de terras ancestrais. Perante diversas lideranças indígenas de vários países, Guterres afirmou: “as Nações Unidas estão com vocês”.

De acordo com o secretário-geral, os povos indígenas detêm muitas das soluções para a crise climática e são os “guardiões da biodiversidade”. Ele destacou exemplos pioneiros de gestão da terra e adaptação a mudanças no clima.

Soluções para crises

Dentre eles, técnicas ancestrais de cultivo no Sahel que estão trazendo vida para a região semiárida. Guterres também atribuiu aos povos indígenas formas de agricultura que preservam ecossistemas na Amazônia e previnem desastres nos Himalaias.

Por outro lado, o líder da ONU alertou que embora não tenham feito nada para gerar a crise do clima, estes povos estão na linha de frente das emergências que decorrem dela.

Segundo ele, os maiores e piores impactos ocorrem nessas comunidades. Como consequência os meios de vida são destruídos e a sobrevivência é ameaçada.

Guterres afirmou que é muito bem-vindo o foco do Fórum de 2023 na interseção entre saúde planetária e humana, crise climática e direitos indígenas. Ele saudou os movimentos indígenas de todas as partes do mundo, lembrando que muitas vezes são liderados por mulheres e jovens.

Ações da ONU

O Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas é um órgão consultivo de alto nível do Conselho Econômico e Social. Foi criado em 2000 com o mandato de tratar das questões indígenas relacionadas ao desenvolvimento econômico e social, cultura, meio ambiente, educação, saúde e direitos humanos.

Guterres saudou a participação dos povos indígenas em outros processos da ONU, como a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ele lembrou que a entidade está ampliando a participação dos povos indígenas em suas ações desde 2007.

O relatório Nossa Agenda Comum, que sintetiza a visão da organização para o futuro, defende abordagens com participação significativa e liderança de grupos marginalizados, incluindo minorias e povos indígenas.

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