Pesquisa do Instituto Mamirauá aponta os benefícios de manter a floresta em pé

Potencial de extração de óleos e componentes para indústria farmacêutica é encontrada em árvore conhecida pelos ribeirinhos

Foto: Everson Tavares – postada em: Instituto Mamirauá

Há inúmeras motivos para comemorar o Dia Internacional da Floresta (21/03). Bastaria dizer que uma das nossas necessidades mais básicas, que é respirar, está diretamente ligada a existência das florestas. São as superfícies das árvores, que povoam as florestas, que absorvem as partículas sólidas que estão no ar e são prejudiciais aos nossos pulmões e são as folhas que filtram os gases poluentes. Sem contar que é na floresta que vivem os mais diversos seres vivos e é de lá também que provêm muitos alimentos, além da matéria-prima para medicamentos. Outro papel importante da floresta é promover renda para a população humana, principalmente com o destaque cada vez maior da bioeconomia.

O conceito, que foi criado pelo matemático romeno, Nicholas Georgescu-Roegen, diz respeito a unir os sistemas biológicos e recursos naturais à novas tecnologias para a criação de produtos e serviços que tenham maior sustentabilidade ambiental. No Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), pesquisas realizadas em diversas áreas têm dado embasamento científico e contribuído para o fortalecimento e implantação de cadeias produtivas, como é o caso do louro-inamuí (Ocotea cymbarum).

O potencial de exploração sustentável para a extração de óleos essenciais dessa árvore, que é encontrada na região amazônica, é um dos resultados do estudo realizado por Darlene Gris,  apoiado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) em parceria com o IDSM. A bióloga realizou trabalhos de campo junto às comunidades ribeirinhas do Médio Solimões durante 18 meses, até o início de 2023, com acesso direto às populações de louro-inamuí concentradas nas margens dos rios, principalmente do rio Jarauá.

Como parte dos resultados oficiais da pesquisa, os frutos da espécie são apontados como muito vantajosos para a extração dos óleos por ser um recurso abundante e que causa pouco impacto na árvore ao ser coletado. A árvore, que é muito conhecida nas comunidades locais, também apresentou compostos de interesse da indústria farmacêutica como o linalol e o safrou, substância amplamente utilizada pela indústria farmacêutica especialmente no tratamento de artrite reumatóide, doenças respiratórias, dentre outras.

“Assim fica ainda mais clara a importância da preservação dessa espécie, evidenciando o valor de manter a floresta preservada (manutenção da floresta em pé)”, frisa a bióloga que faz parte do grupo de pesquisa em Ecologia Florestal, do Instituto Mamirauá. O grupo foi criado em 2009 com o objetivo de consolidar pesquisas já existentes e atender demandas do Programa de Manejo Florestal Comunitário, do Instituto Mamirauá.

“Atuamos principalmente nas linhas de pesquisa em Dinâmica de florestas tropicais, Ecologia da Germinação, Ecologia da Restauração, Manejo de florestas tropicais e Mudanças climáticas”, explica Leonardo Pequeno Reis, coordenador do grupo. “Atualmente temos mais de dez colaboradores diretos e sete pesquisadores associados de diferentes instituições, desenvolvendo mais de 20 projetos de pesquisa nas diferentes linhas de pesquisa. O principal foco das pesquisas do grupo são as florestas de várzea na Amazônia, com o foco de entender esse complexo ecossistema e fornecer informações técnico científicas para a conservação e uso dessas florestas.”

Texto: Tatiane Ribeiro – Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (mamiraua.org.br)