Amazônia concentra 90% da área queimada no Brasil no primeiro bimestre de 2023

A Amazônia foi o bioma mais queimado no Brasil nos dois primeiros meses do ano, com 487 mil hectares atingidos pelo fogo. A área equivale a quatro vezes a capital paraense Belém e representa 90% de tudo o que queimou no país no período. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (13) pelo Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Foto: Felipe Werneck/Ibama

“O principal fator para o fogo na Amazônia nesse período é a ocorrência do fogo em formações campestres, principalmente ao norte do Bioma. Ainda que seja um número alto para a época de chuvas, é 25% menor que os 654 mil hectares que pegaram fogo no bioma em janeiro e fevereiro do ano passado”, comenta Vera Laisa Arruda, pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo.

Entre os estados em todos os biomas, Roraima foi o que mais queimou nos meses de janeiro e fevereiro. Foram 259 mil hectares, ou 48% de toda a área queimada no Brasil. Roraima, Mato Grosso e Pará, os últimos com 90 mil e 70 mil hectares queimados, concentram 79% do fogo ocorrido no Brasil no período.

“O padrão de área queimada em Roraima pode estar relacionado a características climáticas e ambientais únicas do estado. Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Dessa forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”, explica Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM e responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.

Campos, como os lavrados roraimenses, foram o tipo de vegetação mais afetado: na Amazônia, os 266 mil hectares que pegaram fogo entre janeiro e fevereiro de 2023 eram de formações campestres, ou 55% da área queimada no bioma; no Brasil, a proporção chega a 84% .

“As vegetações campestres têm um papel fundamental na manutenção dos ciclos naturais essenciais para a vida, como o do carbono e do nitrogênio, além de contribuírem para a absorção e distribuição de água pelo solo. Por essa relação interdependente e complementar, medidas de proteção da biodiversidade devem considerar ecossistemas como um todo para serem efetivas”, acrescenta Vera Arruda.

O Cerrado foi o segundo mais queimado em janeiro e fevereiro, com 24 mil hectares atingidos pelo fogo. A época de chuva em regiões do bioma dificulta o alastramento dos incêndios. No total, o Brasil teve 536 mil hectares queimados nos dois meses, uma área 28% do que a registrada no mesmo período em 2022.

POR BIBIANA ALCÂNTARA GARRIDO*
*Jornalista no IPAM, bibiana.garrido@ipam.org.br
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