Rede de Sementes do Xingu vence 13º Prêmio Equatorial da ONU para o Desenvolvimento

A Rede de Sementes do Xingu foi merecedora do reconhecimento da ONU e recebeu, na terça, 09, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Prêmio Equatorial 2022, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Somos sementes e frutos de um trabalho consistente, e queremos cada vez mais ser inspiração em tudo o que fazemos”.

Há 15 anos coletando sementes na esperança e na certeza de reflorestar as bacias dos rios Xingu, Araguaia e Teles Pires, salvaguardar a água, proteger as nascentes, diminuir o desmatamento, favorecer a renda para a qualidade de vida dos povos da região e recompor o clima, a Rede de Sementes do Xingu foi merecedora do reconhecimento da ONU e recebeu, nesta terça, 09, Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Prêmio Equatorial 2022, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD).

De acordo com a Coordenadora de produção e qualidade das sementes, da Rede de Sementes, Cláudia Alves Araújo, nestes 15 anos de existência a Rede já plantou 300 toneladas de sementes em 7.500 hectares, plantou 25 milhões de árvores, gerou uma renda de 5milhões e meio para as coletoras e coletores, cuja maioria são mulheres, somando 65% e mais de 60% indígenas. Elas e eles vivem em territórios indígenas, assentamentos da agricultura familiar e comunidades urbanas localizadas nas bacias dos rios Xingu, Araguaia e Teles Pires.

Araújo acrescenta que “receber um prêmio internacional tão importante como o Prêmio Equatorial nos deixa com mais orgulho ainda de fazer parte dessa que é a maior e mais diversa Rede de coleta de sementes para reflorestamento do Brasil. Somos sementes e frutos de um trabalho consistente, e queremos cada vez mais ser inspiração em tudo o que fazemos”.

Ryweakatu Rytee Kayabi, 20, da etnia Kayabi, mora no território do Xingu e atua como técnica na Rede de Sementes. Entrou na Organização aos 13 anos e se diz muito orgulhosa com a premiação. “O nosso trabalho é muito importante para todos nós, não só para nós indígenas. Me sinto feliz com o prêmio que a Rede ganhou e por colher sementes para reflorestamento da Amazônia e do Cerrado para o nosso bem e das futuras gerações. E vamos continuar na colheita da semente para reflorestar”, afirma.

Ainda, segundo Kayabi, a Rede é composta por quatro diferentes etnias indígenas a saber, kawaiwete, Yudja, Wauja, Ikpeng e Matipu.

“Colocar a boca no trombone” por nobres causas

O anúncio não poderia ter sido feito em outra data, por duas razões importantes a saber, no dia 09 de agosto se celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas e os mentores do projeto Rede de Sementes foram os próprios indígenas que percebendo as reais ameaças para os rios, as águas e a população literalmente “colocaram a boa no trombone” e foram ouvidos. A Rede nasceu, cresceu e completa 15 anos de semeadura frutífera em novembro.

O Prêmio Equatorial para o Programa de Desenvolvimento da ONU prioriza e premia iniciativas comunitárias e locais voltadas para alternativas econômicas e na defesa dos Direitos da Floresta e dos Povos e a Rede de Sementes foi premiada junto a outras 9 organizações por promover a igualdade de gênero e mostrar a importância de situar os conhecimentos tradicionais e as soluções baseadas na natureza no centro do desenvolvimento local.

Para a diretora adjunta do Escritório de Apoio a Políticas e Programas do PNUD, Francine Pickup, agora, mais do que nunca, é hora de apoiar os esforços das lideranças e valorizá-las. “Durante 20 anos, os vencedores do Prêmio Equatorial mostraram que as comunidades locais já estão colocando em movimento as transformações econômicas e de desenvolvimento que precisamos para alcançar um futuro de natureza positiva para todos”, afirma.

Premiadas

O Prêmio Equatorial foi dedicado a 10 organizações, todas elas do hemisfério sul do planeta, sendo duas brasileiras, a saber, Associação Bebô Xikrin do Bacajá, sob coordenação dos indígenas Xikrin, Pará, que se dedicam à produção de óleo de babaçu, no Pará e Mato Grosso.

A Organização Ecológica dos Lagos e de  l’Ogooué do Gabão, de Moçambique, África, venceu o prêmio por criar uma solução sustentável para o gerenciamento de estoques de água doce e um plano de gerenciamento de pescas. Outro vencedor no país foi o  projeto Mbou-Mon-Tour da República Democrática do Congo sobre convivência harmoniosa dos indígenas com outras comunidades e proteção da biodiversidade na floresta.

Rosa M. Martins – REPAM – PUBLICADO POR:  VATICAN NEWS 

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