Ações contra o escalpelamento reduzem em 50% os acidentes na Amazônia

Número refere-se aos casos ocorridos em 2022 no Pará e no Amapá, comparado ao mesmo período do ano anterior

Militar da Marinha durante instalação da cobertura de eixo de motor

No Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, 28 de agosto, a Marinha do Brasil (MB) contabiliza 160 dias sem acidentes e uma redução de 50% nos casos ocorridos em 2022. De janeiro a agosto deste ano foram quatro acidentes de escalpelamento nos estados do Pará e do Amapá. A quantidade é metade dos ocorridos no mesmo período em 2021. Durante todo o ano passado aconteceram 15 acidentes.

Em vários períodos do ano, em Ações Cívico-Sociais da MB nas comunidades ribeirinhas, são realizadas ações de enfrentamento ao escalpelamento, porém, neste mês, as atividades estão sendo intensificas entre 25 de agosto a 2 de setembro, nos municípios de Muaná e Limoeiro do Ajuru, no Pará, e no dia 27, nos municípios de Macapá e Santana, no Amapá.

No Estado do Pará, estão sendo promovidas palestras, doação e instalação gratuita de coberturas de eixo de motor, distribuição de coletes salva-vidas e de toucas de proteção para os cabelos, panfletos educativos e orientação do Grupo de Atendimento ao Público Itinerante da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR).

As atividades visam erradicar esse tipo de acidente na região e são promovidas pela CPAOR com apoio de instituições civis e governamentais. Elas ocorrem em escolas municipais e estaduais localizadas nas zonas urbanas e rurais, em centros comunitários, em portos, em feiras e em locais com maior fluxo de pessoas.

“Gostaria de ressaltar que a população pode nos ajudar com a prevenção, a segurança da navegação, e qualquer pessoa que verificar alguma situação de insegurança, de risco à navegação, pode denunciar diretamente para a Capitania, pelo telefone (91) 99114-9187 ou pelo 185”, afirmou o Capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Capitão de Mar e Guerra André Vieira.

O Capitão dos Portos informa, ainda, que os proprietários de embarcação que não possuem cobertura de eixo também podem solicitar à CPAOR, localizada em Belém, ou a uma das embarcações da Capitania que estiverem passando pelo município dos interessados. “Lembro que a segurança da navegação é responsabilidade de todos”, destacou.

Amapá 

No Amapá, a Capitania dos Portos do Amapá (CPAP) realizará, entre os dias 26 e 29 de agosto, ações alusivas ao Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, com palestras educativas sobre o tema aos estudantes de Enfermagem e Pedagogia da Faculdade Madre Tereza em Santana, e aos alunos da Escola Municipal de Educação Básica Leonice Dias Borges, na ilha de Santana.

Seguindo a programação de ações, a CPAP empregará, no dia 27, uma equipe de militares para realizar cobertura dos eixos dos motores das embarcações no Igarapé das Mulheres, município de Macapá, onde fica localizada a Associação de Mulheres Ribeirinhas e vítimas de Escalpelamento. Durante todo o período, a equipe de inspeção naval orientará os condutores das embarcações que trafegam pelo Rio Amazonas sobre os riscos de um acidente com eixos e partes móveis de motores desprotegidos, bem como divulgado o trabalho que vem sendo executado para diminuir as ocorrências.

Escalpelamento 

Esse tipo de acidente costuma acontecer quando, por descuido, os cabelos compridos se enrolam no eixo do motor de pequenas embarcações durante uma pesca ou transporte para a escola ou trabalho, fazendo com que parte ou todo o couro cabeludo seja arrancado bruscamente. As vítimas, a maioria mulheres e meninas, podem até ter suas orelhas, sobrancelhas, pálpebras e parte do rosto e pescoço arrancados, causando deformidades que irão acompanhá-las por toda a vida. Em casos mais graves, o acidente pode causar o óbito.

Regina Formigosa de Lima, vítima de escalpelamento aos 22 anos no estado do Pará, contou que o acidente ocorreu quando saiu para passear e se sentou na parte traseira de um barco que não tinha proteção no eixo do motor. Os cabelos estavam soltos e foram puxados violentamente. “Desde que sofri o acidente, nunca fiquei boa. São feridas que aparecem no couro cabeludo, que tem de cuidar. Além disso, tem o preconceito da sociedade. Passei a viver melhor, quando comecei a ter mais informação”, ressaltou Regina.

Agência Marinha de Notícias – 28/08/2022 – Por Agência Marinha de Notícias – Belém, PA – Ações contra o escalpelamento reduzem em 50% os acidentes na Amazônia | Marinha do Brasil

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