Artigo apresenta cenários de emissões de CO2 por degradação florestal e desmatamento na Amazônia Brasileira

Artigo publicado na Science Advances, conduzido por pesquisadores da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade da CGCT do INPE, apresenta cenários de emissões de gases de efeito estufa por degradação florestal e processos relacionados ao desmatamento na Amazônia Brasileira até 2050 Projections of future forest degradation and CO2 emissions for the Brazilian Amazon (science.org). Enquanto em um cenário sustentável são estimadas emissões de 0,74 Gt CO2 entre 2020 e 2050, em um cenário de fragmentação continuada das florestas essa estimativa sobe para 22,63 Gt CO₂.

Fig. 1. Percentage of degradation in 25 km × 25 km cells from 2012 to 2019.
(A) Simulated by LuccME. (B) Real data.

O cenário sustentável considerou melhorias nas dimensões socioeconômica, ambiental e institucional da região, se aproximando do compromisso de desmatamento ilegal zero até 2030, assumido pelo governo brasileiro no âmbito do Acordo de Paris. Por outro lado, o cenário de fragmentação presumiu enfraquecimento das dimensões socioambientais, se aproximando das condições atuais observadas na região.

O artigo apresenta uma abordagem inovadora, permitindo explorar fatores socioeconômicos e ambientais que influenciam como a degradação florestal é distribuída espacialmente, projetar cenários e estimar, de forma integrada, as emissões de CO2 por degradação florestal, desmatamento e dinâmica da vegetação secundária, utilizando os cenários de desmatamento já existentes.

O trabalho partiu da modelagem espacial da degradação florestal na Amazônia Brasileira no período de 2007 a 2019 (dados dos sistemas do INPE DEGRAD e DETER do INPE) para entender melhor esse processo e desenhar os cenários para o período de 2020 a 2050, utilizando os ambientes de modelagem LuccME/INPE-EM também desenvolvidos pelo INPE. Os resultados mostraram que a degradação florestal assume dois comportamentos distintos. Nos anos em que a Amazônia passa por secas extremas o desmatamento recente e o déficit hídrico são fatores importantes influenciando a degradação. Essa relação pode ser explicada por escapes de fogo colocado em áreas recém desmatadas para limpeza do local. Em anos muito secos o fogo adentra mais facilmente a floresta, podendo ocasionar grandes incêndios florestais. Em anos mais úmidos, o desmatamento histórico e o acesso a mercados são os fatores que melhor explicam a degradação florestal, reforçando o entendimento de que a fragmentação causada pelo desmatamento fragiliza a floresta, expondo as suas bordas a pressões ambientais e humanas.

Com esses resultados, o artigo destaca a importância do desmatamento como fator de influência na degradação florestal na Amazônia Brasileira. Embora o cenário sustentável considere que compromissos assumidos pelo Brasil no acordo de Paris sejam mantidos, considerando desmatamento ilegal zero até 2030, o crescimento do desmatamento registrado pelo PRODES nos últimos anos nos aproxima cada vez mais do cenário de fragmentação, ressaltam os pesquisadores.

Fig. 2. Percentage of degradation in 25 km × 25 km cells from 2020 to 2050.
(A) Sustainable scenario. (B) Fragmentation scenario.

Artigo: Projections of future forest degradation and CO2 emissions for the Brazilian Amazon (science.org) 

PUBLICADO POR:   CCST INPE

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