A Terceira Margem – Parte CDXLIII

Descendo o Rio Branco 

Hiram Reis e Silva -um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Antônio L. Monteiro Baena (1840)
Por Augusto Victorino Alves Sacramento BLAKE. 

Filho de João Sanches Baena e de Dona Maria do Resgate Monteiro Baena, nasceu, não no Pará como erradamente afirmam diversos que dele têm tratado, mas em Lisboa entre os anos de 1781 e 1782, e faleceu no Pará, a 29.03.1850, vítima da febre amarela epidêmica.

Chegando a esta Província em setembro de 1803, acompanhando o Capitão-general Conde dos Arcos, como seu Ajudante de Campo, no posto de Segundo Tenente de artilharia, dedicou-se ao Brasil como o faria o mais dedicado de seus filhos; achou-se à frente dos movimentos que se deram na Província do Pará, sempre pugnando por ela; abraçou com entu­siasmo a independência e no serviço do império su­biu até o posto de Tenente-coronel, em que foi reformado, e deu-se muito ao estudo da história da pátria adotiva, que ainda lhe é grata, como deu testemunho o Clube das Lanternas do Pará, assina­lando com uma lápide a casa em que ele residiu e em que morreu.

Na lápide, a que me refiro, lê-se a inscrição:

Gratidão dos Paraenses ao Distinto Cidadão Antônio Ladislau Monteiro Baena. O Clube das Lanternas, 1882”.

Monteiro Baena era sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cavaleiro da ordem de S. Bento de Aviz, e escreveu:

–  Compêndio das eras da Província do Pará. Pará, 1838 – A publicação deste livro, de mais de 650 páginas, deu-lhe entrada no Instituto Histórico, elogiando o mesmo Instituto a obra;

–  Ensaio Corográfico sobre a Província do Pará. Pará, 1839, 605 páginas. – Sobre este livro escreveu o Coro­nel José Joaquim Machado de Oliveira, em 1843, um juízo crítico, comparando-o com a Corografia Paraense do Coronel Ignácio Accioli de Cerqueira e Silva, elogiando-o em diversos pontos, mas censurando-o noutros, juízo de que fora incumbido pelo Instituto Histórico;

–  Discurso dirigido ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro sobre o juízo crítico de José Joaquim Machado de Oliveira, acerca do Ensaio Corográfico do Pará. Maranhão, 1844;

–  Memória sobre a intrusão dos franceses da Caiena nas terras do Cabo do Norte, em 1836, escrita para ser apresentada ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Maranhão, 1846, in-4°;

–  Memória sobre o intento que têm os ingleses de Deme­rara de usurpar as terras a Oeste do Rio Rupununi, adjacentes à face central da cordilheira do Rio Branco para amplificar a sua Colônia. Maranhão, 1846 – Saiu antes na Revista do Instituto Histórico, volume 3°, pá­ginas 184 a 197 e 322 a 332;

–  Proposições resumidas dos princípios em que se estriba o direito das sociedades civis. Maranhão, 1847;

–  Biografia de João Sanches Monteiro Baena, cônego diá­cono do cabido da Catedral do Pará, escrita por seu pai, etc. Pará, 1848, 206 páginas, in-4°;

–  A Sorte de Francisco Caldeira Castello Branco na sua Fundação da Capital do Grão-Pará: drama. Pará, 1849;

–  Carta Reserval ao ilustríssimo Senhor Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castello Branco sobre alguns lugares de um pequeno folheto, acompanhado de uma carta de Antônio Ladislau Monteiro Baena [pelo mesmo Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castello Bran­co]. Oeiras do Piauí, 1849, 26 páginas, in-4°;

–  Sobre a comunicação mercantil entre a Província do Pará e a de Goiás: resposta ao ilustríssimo e excelen­tíssimo Sr. Herculano Ferreira Penna, Presidente da Província do Pará. Pará, 1848, 39 páginas, in-8°;

–  Saiu também na Revista Trimensal do Instituto Histó­rico, Tomo 10°, 1848, páginas 80 a 107. A resposta te­ve por motivo o seguinte ofício do Presidente do Pará, datado de 29 de maio de 1847:

Tendo-me sido dirigido pelo Sr. Presidente da Província de Goiás o ofício constante da cópia inclusa, em que me comunica a deliberação que tomou de mandar fazer um ensaio de navegação e comércio pelo Rio Araguaia, desejando eu animar tal empresa por todos os meios ao meu alcance, como declarei na resposta que V. S. achará junta, e co­nhecendo quanto V. S. se acha habilitado para indi­car os obstáculos que ela possa encontrar, assim como as vantagens que promete a ambas Províncias, resolvi dirigir-me por este meio a V. S., para que tenha a bondade de informar com seu parecer sobre este assunto, no qual dará certamente novas provas do zelo com que se dedica ao serviço do Estado

–  Memória sobre a questão do Oiapoque, acompanhada de 39 documentos – Foi oferecida ao Instituto em 1840, manuscrita;

–  Representação endereçada ao Conselheiro Geral da Província do Pará a 06.12.1831 sobre a civilização dos índios – Idem;

–  Biografia de D·. Romualdo de Seixas Coelho, Bispo do Pará – Saiu na Revista do Instituto, Tomo 3°, 1841, páginas 469 a 477;

–  Observações ou notas instrutivas dos pri­meiros três capítulos da parte 2ª do “Tesouro Descoberto no Rio Amazonas”, escritas, oferecidas ao Instituto Histórico e Geográfico – e publicadas na dita Revista, Tomo 5°, páginas 253 e seguintes. São 22 notas com uma preli­minar servindo de prólogo e outra no fim;

–  Memória sobre o trânsito do Igarapé-mirim e a neces­sidade de um canal a bem do comércio interno da Província do Pará. – publicada na dita Revista, Tomo 23°, 1860, páginas 479 e seguintes;

–  Informação sobre a Vila de Santo Antônio de Gurupá, dada ao Ilm° e Exm° Sr. desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, Presidente da Província do Grão-Pará pelo Tenente-coronel de artilharia Antônio Ladislau Monteiro Baena, mandado em Comissão à mesma Vila pelo dito Sr. Presidente – É datada de 16.08.1841, 10 folhas. Existe a cópia na Biblioteca Nacional;

–  Breve descrição da Vila de Mazagão e parecer sobre o Aningal de sua entrada; dada ao Ilm° e Exm° Sr. Desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, Presidente da Província do Grão-Pará, pelo Tenente-coronel de artilharia Antonio Ladislau Monteiro Baena, mandado em Comissão etc. 7 folhas com um mapa da população da vila de Mazagão. Idem;

–  Ideia do que é a Vila de S. José de Macapá, dada ao Ilm° e Exm° Sr. Desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, Presidente da Província do Grão-Pará, pe­lo Tenente-coronel de artilharia Antonio Ladislau Mon­teiro Baena, mandado em Comissão, etc. [1842, 15 de outubro] – 10 folhas. Idem;

–  Informação sobre as valas da Vila de S. José de Maca­pá, etc. – 4 folhas com um mapa da população da Vila datado de 3 de setembro de 1842. Idem;

–  Nota aditiva às minhas informações, já dadas, sobre as Vilas de Gurupá, Mazagão e Macapá – 3 folhas sem numeração, às quais precede um ofício do autor, data­do do Pará a 01.10.1842 para o desembargador Rodri­go Pontes, remetendo-lhe a nota aditiva. Idem;

–  Informações dadas em 8 de fevereiro de 1844 ao Presidente da Província do Pará sobre a conveniência da abertura de uma estrada da mesma Província para a de Mato Grosso e sobre as matas coutadas ([1]) que tem o Pará, e das quais se tirem madeiras para a construção naval, e onde se façam novas plantações de árvores para o futuro – São datadas de 08.02.1844, e saíram na Revista do Instituto Histórico, tomo 7°, 1845. Idem;

–  Representação ao Conselho Geral da Província do Pará sobre a especial necessidade de um novo regulamento promotor da civilização dos índios da mesma Província. Pará, 6 de dezembro de 1831 – Original de 31 folhas, in-4°, pertencente ao Instituto Histórico;

–  Esboço do Contorno do Brasil – É uma obra de muito merecimento que o Coronel Baena não chegou a con­cluir, e tinha nas mãos quando faleceu. Neste trabalho são determinados os principais pontos da linha maríti­ma Setentrional. Dele vem um excerto no Diário do Grão-Pará de 13.08.1882, e o original existe em poder do filho do autor, Antonio Nicolau Monteiro Baena, de quem farei menção neste volume;

–  A Conversão de Philemon: drama – Creio que foi publi­cado; nunca o vi, e sei de sua existência pela notícia honrosa do autor, publicada no mesmo Diário de 13 e 14 do dito ano, por ocasião da festa do Clube das Lanternas no Pará com a colocação de uma lápide na casa em que ele residiu e morreu, notícia escrita pelo Dr. A. Tocantins.

Consta-me que Baena escrevera, mais, além de outros escritos que se acham na Revista do Instituto Histórico:

–  Nota da urgente necessidade de formular um cadastro geral do Brasil. (BLAKE)

Por Hiram Reis e Silva (*), Bagé, 13.06.2022 –  um Canoeiro eternamente em busca da Terceira Margem.

Bibliografia  

BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro ‒ Terceiro Volume ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Imprensa, 1895. 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

  • Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
  • Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
  • Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
  • Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
  • Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
  • Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
  • Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
  • Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
  • Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
  • Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
  • Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
  • Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
  • Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
  • E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

[1]   Coutadas: de propriedade do Estado.

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