Inpa faz popularização da ciência sobre sapos e cobras para indígenas e em língua Tenharim

O Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) desenvolveu banners de apoio para o turismo e educação ambiental que descrevem a diversidade de sapos e cobras venenosas na região do médio rio Madeira, no Amazonas. Os materiais foram desenvolvidos para uso em escolas de em Humaitá (município a 591,33 km em linha reta de Manaus), e traduzidos para serem utilizados em 20 escolas indígenas que ensinam na língua Tenharim.

Foram desenvolvidos dois tipos de banners científicos. Um deles apresenta 17 espécies de sapos, sendo somente uma espécie por gênero e a maioria venenosa em algum grau. Além disso, grande parte dos sapos ainda produz substâncias irritantes para os olhos, a exemplo da espécie Rhaebo guttatus, que pode espirrar o veneno de suas glândulas nas costas na direção dos olhos do seu agressor. O segundo banner apresenta 14 espécies de cobras, todas venenosas conhecidas da região de Humaitá, onde funciona um dos núcleos de pesquisa do PPBio.

O trabalho de popularização científica em Humaitá é fruto das ações do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), financiado pelo CNPq e Fapeam, que tem como objetivo apontar os meios de desenvolvimento sustentável ao longo da BR-319 na região de Humaitá. Além disso, faz parte de uma série de iniciativas do PPBio na Amazônia, cuja finalidade também é envolver os habitantes locais nos estudos sobre conservação da biodiversidade da região, uma das mais ameaçadas do país.

A tradução dos banners foi feita por Angelison Tenharim, da etnia Tenharin Marõgitá.

Ciência e acessibilidade

A pesquisadora do Inpa e vice-coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-Cenbam/ Inpa), Noemia Kazue Ishikawa, explica que a língua Tenharim foi escolhida por ser a do povo indígena que habita a região de Humaitá e Manicoré. Os Tenharim se autodenominam Kagwahiva e são falantes da língua de mesmo nome do troco linguístico Tupi-Guarani.

“A tradução de banners e de outros materiais de divulgação científica possibilitam a criação de produto e ações que poderão servir de modelos de políticas públicas para o Amazonas e outros estados amazônicos”, destaca Ishikawa, complementando que o trabalho se alinha a demandas contempladas pelo Plano Plurianual do Governo do Estado (PPA), 2020-2023: 1) na área de Inovação, Ciência e Tecnologia: Estímulo à integração dos grupos de pesquisas da capital com comunidades rurais, caboclas e indígenas; 2) na área de Educação Transformadora, converge com: Adequação do conteúdo programático das escolas à realidade (vocação produtiva, aspectos ecológicos entre outros).

“A iniciativa do Dr. Bill em fazer esses banners foi fantástica, pois somos muito cobrados a divulgar a ciência para o mundo, normalmente em língua inglesa na forma de artigos científicos e livros, o que já foi muito bem feita pelo PPBio nas últimas décadas, mas é fundamental divulgarmos a ciência feita no Inpa sobre a Amazônia para os próprios Amazônidas, e nada melhor que na língua indígenas.  Começamos pela língua Tenharim e com sapos e cobras. Mas desejo que a ideia se replique para dezenas de outras línguas e diversos grupos biológicos”, conta Ishikawa.O coordenador do PPBio e INCT-Cenbam, o pesquisador do Inpa William Magnusson, conhecido como Bill, explica o porquê da escolha em evidenciar animais venenosos na pesquisa e ressalta a importância do estudo para a população local e desenvolvimento da região: “Nós destacamos sapos e cobras venenosas, porque são estas espécies que atraem a atenção de outras espécies, e esperamos que vão servir como uma introdução ao grupo. Além disso, é importante salientar que a  manutenção da floresta amazônica em pé é essencial para a sustentabilidade das áreas agrícolas do país e para o clima global. No entanto, isto somente acontecerá se as pessoas locais estiverem envolvidas; e temos opções econômicas viáveis, como o turismo ecológico. O primeiro passo é elas conhecerem as riquezas naturais nas suas áreas”, explica.

Saiba mais

Criado em 2004, o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio/Inpa)  tem como objetivo intensificar estudos sobre biodiversidade no Brasil, descentralizar a produção científica dos centros desenvolvidos academicamente, integrar atividades de pesquisa e divulgar os resultados para diferentes finalidades, como gestão ambiental e educação. Ele está estruturado em três componentes principais: Inventários, Coleções e Temáticos e possui diversos Núcleos Regionais e Projeto Parceiros pelo país.

Texto e banner: Thalita Bandeira – Comunicação Inpa
Edição: Cimone Barros – Comunicação Inpa
Fotos: Albertina Lima e Yuri Fernandes.
PUBLICADO POR:    INPA

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