Cheia do Rio Tocantins afeta população de quatro estados brasileiros

Municípios de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins estão em alerta

O volume atípico de chuvas que atinge a cabeceira de um dos maiores rios do país, o Tocantins, bem como outros importantes cursos de água que nele desembocam, já prejudicou milhares de pessoas e causou estragos em várias cidades dos quatro estados cortados pelo Tocantins.

Dados coletados pela Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA), apontam que, até o meio-dia de hoje (5), em ao menos 12 localidades dos estados de Goiás, Pará e Tocantins o nível da água dos rios já tinha superado as respectivas cotas de atenção, colocando as autoridades públicas e a população em alerta.

Seis das localidades mapeadas no momento em que a Agência Brasil consultou a rede hidrometeorológica ficam no estado de Tocantins. São elas, Tupiratins; Peixe; Chapada da Natividade; São Valério; Goiatins e Itaguatins.

Outras quatro ficam em Goiás e são banhadas pelo Rio Paranã, que deságua no Tocantins: Flores de Goiás; Formosa; Jaraguá e Nova Roma. Também próximo aos municípios de Itupiranga e Marabá, no Pará, o nível do Rio Tocantins ultrapassou a cota de atenção.

Em Tupiratins (TO), a prefeitura alertou a população para a alta do Rio Tocantins e as consequentes oscilações na vazão da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães já no último dia 28.

Em Peixe, residências foram alagadas e a Defesa Civil teve que utilizar embarcações para resgatar pessoas ilhadas e salvar alguns pertences de famílias atingidas pela força das águas.

Em Flores de Goiás (GO), a situação é “complicadíssima”, conforme contou à Agência Brasil o secretário municipal de Administração, Igor de Moura Cabral. “Há estradas intransitáveis e mais de oito pontes foram atingidas pela alta do Rio Paranã. Algumas destas pontes foram destruídas, deixando cerca de 300 famílias sem poder transitar normalmente”, disse o secretário. Devido aos estragos causados pelas chuvas e, principalmente, pela cheia do rio, a prefeitura decretou situação de calamidade pública no último dia 28.

Além destas 12 localidades, várias outras foram afetadas na Bacia do Tocantins. Em São Miguel do Tocantins, na divisa com o Maranhão, o nível do Rio Tocantins vem subindo desde o último dia 22, afetando mais de 230 famílias – muitas das quais, desalojadas, tiveram que ser resgatadas por equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros e levadas para abrigos públicos.

“Estamos com equipes da prefeitura e voluntários com tratores, caminhões e carros utilitários para retirar os móveis que ainda faltam das famílias impactadas. As famílias estão sendo levadas para abrigos como escolas e casas de parentes também”, descreveu o prefeito Alberto Moreira, em nota. Segundo a Defesa Civil, o nível do Rio Tocantins está 10 metros acima do normal próximo à cidade, provocando alagamentos.

No Pará, na última segunda-feira (3), a companhia Eletronorte teve que abrir cinco comportas da Usina Hidrelétrica Tucuruí para dar vazão ao grande volume d’água do Rio Tocantins e “manter o reservatório da usina numa faixa operacional segura”, evitando que a cota máxima de 74 metros fosse transposta. Àquela altura, o nível do reservatório já atingia 68,66 metros.

Em nota, a Eletronorte explicou que é comum os técnicos operacionais abrirem o vertedouro da usina durante a estação chuvosa, mas acrescentou que, este ano, a manobra foi antecipada devido “à quantidade de chuva atípica para esta época do ano nas cabeceiras dos rios Tocantins e Araguaia”.

“É preciso que as comunidades e as autoridades saibam que muita chuva ainda vai atingir a região a montante [no sentido do curso do rio, antes da usina] e que essa combinação força a gente a abrir o vertedouro bem antes do tempo costumeiro, [que costuma ser] em fevereiro ou março. Contudo, estamos trabalhando para causar o menor impacto possível”, declarou, na nota, o gerente do Centro de Operação da Geração Hidráulica, Wanderley Santos.

Publicado em 05/01/2022 – 18:51 Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília – Edição: Denise Griesinger – AGÊNCIA BRASIL – EBC

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