Revista científica do Museu Goeldi apresenta dossiê sobre línguas indígenas – ATUALIZADO

Rigor, excelência e ciência de qualidade nas páginas de um periódico publicado na Amazônia há 128 anos

Postada por: Museu Goeldi

Um conjunto de artigos com resultados de pesquisas fundamentais para entender e preservar línguas faladas por povos indígenas no Brasil: esse é o destaque da edição da revista científica do Museu Paraense Emílio Goeldi em sua versão dedicada às Ciências Humanas ao final de mais um ano de um projeto de comunicação científica que, em 2022, completará 128 anos de existência.

Ao tratar de línguas indígenas faladas por pequenos grupos, como é o caso de Dâw (família linguística Naduhup) falada por um  grupo de pouco mais de 100 indígenas no Alto Rio Negro, a pesquisadora Karolin Obert juntamente com seus colegas que estudam Kuikuro (do Alto Xingu), Gavião, Karitiana, Aikanã e Kwaza, descrevem e analisam estruturas complexas dessas línguas.

De acordo com os organizadores do dossiê, Suzi Lima, da University of Toronto, e Tonjes Veenstra, do instituto Leibniz-Zentrum Allgemeine Sprachwissenschaft (ZAS), Alemanha, o volume diminui lacunas no conhecimento sobre línguas nativas. Ao estudar estruturas complexas, especialistas como Bruna FranchettoDenny MooreKarolin ObertLuciana Storto e Hein van der Voort registram, analisam e aumentam a compreensão dessas línguas, com potencial para a preservação das línguas

Outras contribuições publicadas no Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi. Ciências Humanas trazem, por exemplo, estudo sobre os significados espirituais, ritualísticos e afetivos atribuídos aos instrumentos musicais conhecidos como aerofones, nesse caso um trio de flautas dos Wauja, povo indígena do Xingu. Como informa Aristoteles Barcelo Neto, autor do artigo, trata-se de “uma contribuição ao conhecimento do instrumentarium zoologica Amazonia a partir dos xamanismos musical e visionário-divinatório wauja do alto Xingu”.

No campo da história e da saúde, Gabriela Miranda e Gilberto Hochman, apresentam resultados de pesquisa sobre a atuação dos médicos do Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA) na Batalha da Borracha durante a Segunda Guerra Mundial. Para a autoria, “A atuação desses médicos é reveladora sobre as dramáticas condições de vida de homens nordestinos selecionados para uma marcha que os transformaria, heroica e tragicamente, em ‘soldados da borracha’.”

Angela Domingues, por sua vez, propõe “estudar a história do espólio documental produzido pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira ao longo da viagem de dez anos pela Amazônia e pelo Mato Grosso.” A autora procura desvendar as razões pela quais este conjunto de textos, imagens e objetos, constituído nos anos de 1780-1790, continua a ter interesse e a permitir leituras múltiplas e olhares renovados não apenas aos historiadores, mas também a cientistas das mais diversas áreas e ao público em geral”

Pinturas rupestres, registros arqueológicos na América pré-hispânica e um artigo sobre a língua Nheengatú compõem a edição que pode ser folheada virtualmente na estante do Boletim no ISSUU e com download gratuito na página da revista.

Na agenda de 2022, está um dossiê sobre Natureza e História, organizado pelas professoras Tania Salgado Pimenta, da Casa de Oswaldo Cruz e Juciene Ricarte da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O Boletim

Como o periódico de circulação ininterrupta mais antigo no Brasil, o Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi. Ciências Humanas, tem se mantido entre os de maior conceito (A1) para as áreas foco de seus conteúdos desde 2017. Sua excelência reconhecida entre pesquisadores de Antropologia, Arqueologia, Linguística, História, Museologia, Saúde e outras disciplinas afins, atrai anualmente, desde 2016, quando passou a aceitar contribuições através de plataforma online, uma média de 150 submissões.

O processamento de contribuições nacionais e internacionais, com autoria únicas ou coletivas, e em línguas como o português, o inglês, o espanhol e o francês, é rigoroso como requer a editoração científica e permite publicar um máximo 35 artigos ao ano.

Confira a edição completa em http://editora.museu-goeldi.br/humanas/ 

Texto: Jimena Felipe Beltrão, jornalista e editora científica do Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi. Ciências Humanas.

PUBLICADO POR:   MUSEU GOELDI  –  Atualizado em 14/12/2021 11h50

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