Inpa destaca o papel do assistente de campo para a ciência em Encontro

De 13 a 17 de novembro, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) realizará o “I Encontro sobre popularização da ciência em Ecologia na Amazônia: papéis dos assistentes de campo à ciência”. Aberto e gratuito, o evento tem o objetivo de promover a divulgação e valorização dos trabalhos dos assistentes de campo à ciência, como mateiros (as), parataxonomistas, apoiadores (as) de logística, motoristas, pilotos, práticos, cozinheiros (as), principalmente na realidade Amazônica.

Em cinco dias do Encontro serão realizadas mesas-redondas, rodas de conversa, depoimentos, homenagens e premiação. Também haverá visitas a áreas de visitação pública (Bosque da Ciência e Museu da Amazônia – Musa e às Coleções Biológicas do Inpa, ambas restritas a assistentes de campo e sem transmissão.

O evento ocorrerá em formato híbrido. Os convidados e equipe organizadora estarão presencialmente no Prédio do Programa de Pós-Graduação do Campus III do Inpa e as apresentações serão transmitidas via plataforma Zoom aos participantes inscritos no evento. Os interessados em participar do Encontro devem acessar o link: http://encurtador.com.br/ahCO2.

A abertura do evento no sábado terá início, às 9h, seguida da Mesa-redonda “As histórias por trás dos chocolates DeMendes Xiba e Yanomami”, que será coordenada pela pesquisadora Noemia Kazue Ishikawa, com a presença de César de Jesus Mendes e Manoel do Carmo da Silva (Xiba). Ver programação.  

De acordo com a coordenadora do evento, Dra Noemia Ishikawa, o Encontro busca trazer o protagonismo dos assistentes de campo ao conhecimento da sociedade. Em muitos casos, eles colaboram com as pesquisas no interior do Estado, mas têm pouca oportunidade de conhecer os próximos passos da ciência feita no Inpa. “Esperamos que com as visitas, os assistentes de campo conheçam e divulguem a ciência que eles fazem parte, estimulando jovens do seu entorno, principalmente do interior do Amazonas, a seguirem seus passos e/ou seguirem seus estudos com formações acadêmicas em ciência, tecnologia e inovação”, contou.

O evento foi idealizado em 2019, quando a equipe de Ishikawa fez oficinas de popularização da ciência sobre biodiversidade de cogumelos e distribuição de guias e livros infanto-juvenis bilíngue (Português/Língua Indígena) na região do Rio Tiquié, em São Gabriel da Cachoeira. “Percebemos que falávamos sobre o Inpa, mas ninguém conhecia o Inpa, as pesquisas que são feitas aqui. Então, buscamos uma oportunidade de convidar algumas pessoas para virem conhecer a Instituição e contar sobre sua comunidade e também conhecer nossas coleções, nossos laboratórios e principais universidades”, revelou Ishikawa, estudiosa de cogumelos há 30 anos.

O I Encontro sobre popularização da ciência em ecologia na Amazônia: papeis dos assistentes de campo à ciência é um evento financiado pelo Programa de Apoio à Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação – POP C, T&I e apoiadores do setor privado. A organização do evento está à cargo do Grupo de Pesquisa do Inpa “Cogumelos da Amazônia”, Grupo de Pesquisa “História, Línguas e Cultura Indígena” e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG-ECO/Inpa). A divulgação conta com o apoio da do PPG-Ecologia e Makira-E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas.

Experiência de história natural e conhecimento da região 

Segundo o coordenador do INCT- Cenbam (Centro de Estudos Integrados em Biodiversidade) e do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), o pesquisador William Magnusson, hoje existe muita discussão sobre quem tem direito a participar de trabalhos científicos como autores, e muitas revistas exigem que as contribuições dos autores sejam explicitadas nos trabalhos. Quando pensa em autoria, o pesquisador do Inpa se questiona ‘E se esta pessoa não estivesse na equipe?’.

“Geralmente, eu posso pensar em outro pesquisador para identificar os organismos, fazer as análises químicas ou conduzir as análises estatísticas. São contribuições importantes, mas facilmente substituíveis. No entanto, encontrar alguém com as décadas de experiência de história natural e conhecimento da região necessárias para coordenar as atividades de campo normalmente é muito difícil”, argumentou Magnusson.

Os assistentes de campo são pessoas essenciais para a ciência ecológica na Amazônia, e muitos deles estão chegando à idade de aposentadoria. Magnusson diz temer que a ciência não tenha esses profissionais no futuro. “Para atrair novos parataxonomos é essencial que as pessoas de campo recebam seu devido reconhecimento, e espero que este Encontro seja o começo desse processo”, destaca Magnusson, pesquisador listados entre os 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo levantamento que usou a base Scopus (a maior base de dados de resumos e citações de literatura científica revisada por pares) e considera citações de trabalhos científicos ao longo da carreira e em um único ano de 2019.

Sobre o Prêmio Úhuri  

Inspirado no tradicional Prêmio Jabuti de literatura, a equipe do evento idealizou premiar as melhores narrativas, em formato de resumo, que mostrem o assistente de campo como protagonista e em atividades de campo que desenvolve ou trabalhou.

Os resumos que forem enviados até o dia 11 de novembro de 2021 serão avaliados pela comissão organizadora e os dez melhores serão convidados a apresentar oralmente no dia 17 de novembro (quarta-feira) entre as 10h30 e 12h. As melhores apresentações receberão o Prêmio Úhuri. Os resumos que chegarem depois dessa data não concorrerá ao prêmio, mas serão incluídos no Anais de resumos do evento. Link do modelo de resumo: http://encurtador.com.br/zCR69

O nome do Prêmio nasceu de uma divertida confusão. A equipe organizadora decidiu nomear o prêmio de Prêmio Tracajá. Mas, ao solicitar a confecção do troféu em cerâmica feita por mulheres do povo Yepamahsã (Tukano), houve discussão sobre os termos jabuti e tracajá, animais de casco, Úh e Úhuri. Com pressa em encerrar o assunto e pegar a embarcação rumo a sua comunidade, a ceramista Suzana disse que iria fazer um Úhuri. “E foi assim que, ao invés de ajustar o formato do troféu ao nome do prêmio, adequamos o nome do prêmio ao troféu”, contou a organização.

Ver programação   

PUBLICADO POR:    INPA MCTI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *