Instituto Mamirauá participa da Semana do Clima e da Biodiversidade na maior exposição do mundo

Expo 2020 Dubai EAU aconteceria no ano passado, mas teve que ser adiada para este ano em virtude da Pandemia, e contou com a participação de 191 países

Postada em: Instituto Mamirauá – Divulgação Expo 2020 Dubai

Através de sua Diretoria Técnico-Científica, o Instituto Mamirauá participou da Semana do Clima e da Biodiversidade na Expo 2020 Dubai EAU (Emirados Árabes Unidos), que aconteceu entre os dias 3 a 9 de outubro, cujo objetivo foi o de discutir soluções ambientais a partir da seguinte pergunta: “o que nós poderíamos fazer a mais para salvar o planeta?”. A Semana do Clima e da Biodiversidade foi a primeira das 10 semanas temáticas que decorrem nos próximos seis meses de evento – que se estende até o dia 31 de março de 2022 – e foi o primeiro Majlis Mundial na Terra, no Pavilhão da Sustentabilidade, em colaboração com o Pavilhão Suíça.

A participação do Instituto Mamirauá na Expo Dubai foi representada pelo Diretor Técnico-Científico Dr. Emiliano Esterci Ramalho, que participou da sessão intitulada de “Jogo de Jenga da Natureza: tornando-se criativo para combater a perda da biodiversidade”. Trata-se de um Majlis Mundial – o majlis é uma palavra árabe que é utilizada para descrever diversos tipos de assembleias nos países de cultura islâmica – que contou com a participação de líderes ambientais e especialistas de todo o mundo, e buscou, de acordo com a descrição da sessão, “examinar a complexidade e a interconexão de nossos ecossistemas, e explorar estratégias inovadoras para sustentar a biodiversidade”.

Esta sessão do Majlis Mundial foi mediada por Eithne Treanor, e também contou com a participação da Dra. Shaikha Salem Al Dhaheri, secretária-geral da Agência Ambiental Abu Dhabi (EAD);  Tim Smit, que é vice-presidente executivo e cofundador do multipremiado Eden Project Cornwall, do Reino Unido; Alexandre Roulin, professor titular de biologia na Universidade de Lausanne, na Suíça, Gerrard Albert, presidente do Conselho de Curadores da Whanganui, Whanganui Iwi, na Nova Zelândia; Dra. Lalasia Bialic-Murphy, que é cientista líder no Laboratório Crowther do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique, na Suíça) e de Tom Crowther,  que é professor do departamento de Ecologia do Ecossistema Global do ETH Zurique, onde fundou o Crowther Lab.

Entre os assuntos mencionados na ocasião pelo Diretor Técnico-Científico, está o sucesso do Instituto Mamirauá na atuação com o Pirarucu, o maior peixe de água doce do mundo com escamas.  A recuperação dessa espécie é um caso emblemático de conservação da biodiversidade, que aconteceu a partir da união do conhecimento nativo das populações amazônicas e da pesquisa científica promovida pelo Instituto, resultando na metodologia de contagem dos peixes. Ramalho detalhou durante o evento como funciona a metodologia de contagem do Pirarucu – que é realizada durante os momentos de respiração do peixe – e que culminou no manejo sustentável da espécie na Amazônia brasileira, e fora do país. A metodologia, segundo ele, possibilitou o aumento de mais de 400% no estoque de pirarucus nas áreas que adotaram esse protocolo. Emiliano Ramalho também ressaltou que a união da ciência e do conhecimento local é uma das chaves para a conservação.

Quando questionado sobre a relação entre os humanos e a natureza, o Diretor citou a iniciativa do fundador do Instituto Mamirauá José Márcio Ayres, que em um primeiro momento estava voltada para proteção de uma espécie (o macaco Uacari-branco), mas que depois se estendeu, e resultou na criação uma reserva sustentável que beneficiou e continua beneficiando milhares de pessoas.

Emiliano ainda comentou sobre a dificuldade enfrentada por algumas populações, que em prioridade precisam se preocupar no seu dia a dia com a própria sobrevivência, e que, para essas pessoas, primeiro é necessário dar uma base, condições essenciais de sobrevivência, para depois se discutir a sustentabilidade. No tocante a legislação, ele partilhou que muitas leis no Brasil não são cumpridas, e reforçou a necessidade de proteção de povos nativos e seus respectivos líderes, para garantir que seus pontos de vistas estejam presentes na vida política.

Para a COP26 (Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) que acontecerá no mês de novembro em Glasgow, na Escócia, Emiliano Ramalho finaliza deixando o recado para o público espectador e para os líderes da conferência, que é necessário investimento para que todos consigam participar da discussão da sustentabilidade.

Assista na íntegra o Majlis Mundial Jogo de Jenga da Natureza: tornando-se criativo para combater a perda da biodiversidade, com a participação do Dr. Emiliano Ramalho clicando aqui.

Interconexão

Jenga é um jogo de torre com “blocos”, e que precisa de todos os pinos para manter uma estrutura em pé. A ideia de trazer o nome do jogo para o Majlis Mundial, foi com o intuito de demonstrar a importância da interconexão entre todas as espécies da natureza, incluindo a humana. Tal como o jogo, todos são necessários para manter toda a estrutura erguida e, a retirada de um pino pode resultar em um desabamento; no desequilíbrio. Em virtude da atividade humana, cerca de um milhão de espécies animais e vegetais podem se extinguir em breve, levando a uma cadeia de consequências imprevisíveis. Essas interferências estão afetando comunidades inteiras em uma escala sem precedentes, desde incêndios florestais a pandemias globais e invasões de insetos.

Nesse sentido, foram propostas para a Majlis Mundial “Jogo de Jenga da Natureza: tornando-se criativo para combater a perda da biodiversidade”, as seguintes reflexões: Quão crítica é a biodiversidade para a sobrevivência humana hoje? Por que é tão difícil nos ver como parte da natureza? Como podemos compreender melhor nossos ecossistemas profundamente interconectados, e reinventar nossa relação com a natureza? Em quais soluções podemos contar para sustentar a biodiversidade em nosso planeta?

Expo 2020 Dubai

O evento ocorre há 170 anos, desde 1851 e, nas últimas duas décadas, a frequência tem sido a cada cinco anos. Esta é a primeira edição do evento no Oriente Médio, que conta com a participação de 191 países, e com o tema norteador “Conectando mentes, criando o futuro”. A feira também apresenta três subtemas que abordam as principais questões e desafios globais que o mundo enfrenta hoje: Mobilidade, Oportunidade e Sustentabilidade.

Uma das preocupações da organização da exposição é com a Covid-19 e, em decorrência da Pandemia ocasionada pelo coronavírus, os visitantes precisam apresentar certificado de vacinação ou teste de detecção da doença com resultado negativo.

Sua última edição aconteceu no ano de 2015 em Milão, e a próxima será no Japão, em 2025. Entre os países que estão representados nos pavilhões de exposição está o Brasil, cujo pavilhão está situado no setor da sustentabilidade.

Espera-se um público estimado de 25 milhões de pessoas durante os seis meses de evento.

Mapa da Expo 2020 Dubai, com todos os pavilhões aqui:  https://virtualexpodubai.com/  

Faça um tour virtual pela Expo 2020 Dubai e viva experiências virtuais, clicando no link a seguir:  https://virtualexpodubai.com/virtual-experiences  

Ouça e assista: https://virtualexpodubai.com/listen-watch  

Tradução: Henrique Carderan

Texto: Carine Fernanda dos Santos Corrêa

PUBLICADO POR:      INSTITUTO MAMIRAUÁ

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