Projeto une fotografia à ciência e à conservação para falar de anfíbios

Saudamos o Dia Mundial do Meio Ambiente trazendo o Projeto Documenting Threatened Species (DoTS). Ele está criando um banco de imagens com informações valiosas para proteção da biodiversidade das espécies de anfíbios ameaçadas de extinção no Brasil.

Postada em: Museu Goeldi

Agência Museu Goeldi – O Projeto Documenting Threatened Species (DoTS) surgiu para estampar na sua tela uma classe especial de animais que vive tanto na água quanto na terra. O intuito inicial é estudar, documentar e divulgar para o mundo as 42 espécies de anfíbios ameaçadas de extinção no Brasil.

Fundado e dirigido pelo biólogo, fotógrafo e explorador da National Geographic Pedro Peloso, o DoTS conta com uma equipe multidisciplinar, incluindo pesquisadores do Museu Goeldi, que tem como meta a proteção e conhecimento das espécies que ocorrem no território brasileiro. Para atingir sua finalidade, o DoTS une duas paixões de seu criador – a pesquisa e o fotojornalismo, fazendo o enlace entre ciência e arte em prol da conservação ambiental.

“A maior importância do projeto é divulgar a diversidade e as ameaças sofridas pelos anfíbios. O Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do planeta, mas a verdade é que conhecemos muito pouco sobre essa diversidade. Aqui ocorrem mais de mil espécies de anfíbios, mais do que qualquer outro país do mundo, mas o brasileiro nem sequer sabe da existência dessa diversidade. Ao focar nas espécies ameaçadas, muitas das quais são lindíssimas, buscamos chamar atenção do público para essa diversidade e para o fato de que muitas das nossas espécies estão ameaçadas de extinção. Esses animais sofrem ainda com estereótipos e mitos prejudiciais à sua imagem. Muitas pessoas têm nojo ou medo de sapos e pererecas, sendo que muito desse medo é simplesmente resultado da falta de conhecimento ou empatia pelos animais. Queremos mudar esse panorama, e transformar os anfíbios em símbolos nacionais na luta pela conservação, assim como são as onças, araras e baleias, por exemplo,” explica Pedro Peloso.

No desenvolvimento das atividades do projeto, o primeiro passo adotado pelos pesquisadores é a identificação das espécies ameaçadas a partir da checagem da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, na portaria 444, de 2014. Identificado as espécies, teve início às expedições de curto prazo para as localidades onde essas espécies ocorrem, onde a equipe organiza uma ampla documentação audiovisual. Em campo, os especialistas do DoTS também realizam um diagnóstico rápido dos impactos sobre aquela população, além de coletar amostras para a detecção de doenças nos animais. Por fim, as imagens são compartilhadas através de diversos meios de comunicação, como o site oficial do projeto (www.projetodots.org), instagram, jornais e televisão.

Em dois anos de atividade o projeto já realizou oito expedições que resultaram no encontro de 14 das 42 espécies de anfíbios ameaçadas de extinção. Atualmente, a equipe do DoTS já visitou diversas regiões do Brasil, desde a Amazônia até o Cerrado e a Mata Atlântica, além de expedições em busca de espécies que ocorreram em ilhas continentais do litoral paulista.

Na Amazônia, o DoTS já documentou a única espécie de anfíbio ameaçada da região, a Salamandra do Pará (Bolitoglossa paraensis). A equipe descreve a espécie como um anfíbio peculiar, com aparência superficial de lagarto. Além disso, o projeto destaca que existem somente cinco espécies de salamandra no país, e todas pertencem a um grupo de animais apulmonados, ou seja, sem pulmões, de forma que as trocas gasosas nesses animais são feitas apenas pela pele.

“Hoje, depois de dois anos de atividade, temos um melhor entendimento do desafio que é trabalhar com conservação no Brasil. Mas pretendemos seguir com nossa missão, realizando ainda mais viagens e documentando as espécies que ainda não foram encontradas. Acreditamos que podemos divulgar ainda melhor a biodiversidade brasileira, transformando cada cidadão em um agente de difusão científica a favor da preservação da natureza”, expõe Pedro Peloso.

Texto: Nicole Furtado  –  Edição: Joice Santos

PUBLICADO POR:   MUSEU GOELDI

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