Pesquisadores descobrem planta de restinga em parque de Belém

A novidade acrescenta mais importância as áreas florestais remanescentes na área metropolitana da capital do Pará, cuja cobertura florestal atual é menos de 15% da cobertura florestal original

Postada em: Museu Goeldi

Agência Museu Goeldi – O Projeto Flora do Utinga realizou mais um novo registro no parque estadual onde se encontram os mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Belém! Dessa vez o achado foi uma planta herbácea da família Eriocaulaceae. É a espécie Paepalanthus lamarckii. A novidade foi encontrada em uma mancha natural de vegetação sobre areia branca classificada como campinarana.

A ocorrência da espécie Paepalanthus lamarckii no Parque é surpreendente, uma vez que esta tem sua distribuição restrita às vegetações arenosas de restingas no litoral da Amazônia paraense (por exemplo, nos municípios de Salinas, Maracanã e Marapanim) e nos campos naturais da região do baixo rio Tocantins no estado do Pará, como Cametá e Mocajuba.

A descoberta foi feita por Josiane da Silva Souza Mattos, técnica da ASFLORA (Instituto Amigos da Floresta Amazônica), que logo comunicou a Leandro Valle Ferreira, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e coordenador do Projeto Flora do Utinga. Imediatamente as informações da descoberta foram repassadas a Ivan Santos, do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (IDEFLOR-Bio), responsável pelo gerenciamento da Região Administrativa Belém, ao qual o Parque do Utinga é subordinado.

A parceria e comunicação rápida entre pesquisadores e gestores faz muita diferença na conservação das áreas protegidas. O local onde a espécie foi descoberta estava sendo cogitado para abrigar um projeto de restauração florestal do parque estadual. O encontro inesperado da herbácea demonstrou que não devem ser feitas alterações onde foi achada e que o fragmento de campinarana é uma área natural aberta e merece mais estudos.

Flora do Utinga – Iniciado em 2018, o projeto de pesquisa é fruto da parceria entre o Museu Goeldi e o Ideflor-Bio. Os estudos acontecem no Parque Estadual do Utinga, na Área de Proteção Ambiental de Belém e no Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia. Situado na região mais desmatada da Amazônia – a Área de Endemismo Belém – o projeto Flora do Utinga objetiva fortalecer e preservar a biodiversidade da região, a partir da catalogação das formas de vida das plantas e fungos que ocorrem nessas unidades de conservação.

Leandro Ferreira comenta que já foram catalogadas quase 700 espécies de plantas e fungos, e nesse conjunto existem espécies que ainda não estavam descritas na Amazônia e nem no estado do Pará. “Tal fato demonstra claramente que essas unidades de conservação têm uma importância crucial para a conservação da biodiversidade porque são os últimos remanescentes florestais da Região Metropolitana de Belém. Dessa forma, o projeto realiza grande esforço de coleta e sistemática para conhecer a riqueza dessas áreas, através de levantamentos botânicos”, explica Leandro.

Para o futuro, o coordenador do projeto compartilha que pretende ampliar a pesquisa e dar continuidade às atividades de coletas das espécies acompanhado do monitoramento sistemático. “Buscamos aumentar o número de estudantes e pesquisadores envolvidos no projeto. As perspectivas são para ampliar os estudos dentro das unidades, a fim de fazer delas um centro de pesquisa e formação de recursos humanos para a Amazônia”, conta animado Leandro Ferreira. Os dados científicos produzidos subsidiam com informação consolidada a gestão das Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém.

Texto: Nicole Furtado / Edição: Joice Santos

PUBLICADO POR:  MUSEU GOELDI 

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