MPF lamenta morte de lideranças indígenas Bakairi e Paresi, vítimas da covid-19, em Mato Grosso

No estado, 19 povos foram afetados. No total, 159 indígenas perderam a batalha contra a covid-19 desde o início da pandemia

Foto: Ascom/MPF-MT

O Ministério Público Federal (MPF), por meio do Ofício de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais em Mato Grosso, lamenta a morte das lideranças indígenas Bakairi e Paresi, e de todos os indígenas vítimas da covid-19, em Mato Grosso. Desde o anúncio da pandemia pelo novo coronavírus, em março de 2020, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 mil indígenas foram infectados pela doença e 1094 perderam a batalha contra a covid-19 no Brasil. Em Mato Grosso, o número de óbitos de indígenas pela doença chegou a 159 esta semana, afetando 19 povos. No país, 163 povos indígenas foram afetados pela doença. Os dados são da ONG Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Entre as últimas vítimas do novo coronavírus estão a liderança Paresi, Vamdermiro Ferreira de Souza Yamore, que faria 72 anos no dia 25 de agosto, e a liderança Bakairi, Vítor Aurape Peruare, da Aldeia Pakuera, terra indígena Bakairi, em Paranatinga (MT).

Vamdermiro Yamore esteve à frente do povo Paresi dos anos 70 até os anos 2000. Lutou pela demarcação da Terra Indígena Utiariti, junto com os caciques João Garimpeiro, Daniel Cabixi, Antonio Zonai, José Mager, no início da década de 80.  Seu filho, Ronaldo Yamore contou que o pai sempre trabalhou visando a independência do povo indígena Paresi. “Ele trabalhava nas fazendas para manter a família e principalmente os filhos na escola. Nos anos 90, foi autor, juntamente com Roberto Cavalcante, do primeiro pedágio indígena na MT-235. Entre os anos 2006 a 2010 foi presidente da associação Waymare, onde participou da maior parte do desenvolvimento econômico dos Paresi, tanto na 235 e no início dos projetos agrícolas, sempre tendo todo o respeito e carinho do povo. Ele foi, mas deixou o povo Paresi em uma situação bastante confortável do que era antes”, completou.

Além de Ronaldo, também eram filhas de Vamdermiro, Sônia e Nalva, que é a primeira médica indígena em Mato Grosso, e atualmente atua no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá.

Já Vítor Aurape Peruare, do povo Bakairi, foi o primeiro jornalista indígena no estado de Mato Grosso. Mestre em Sustentabilidade, foi servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), atuou no Museu Marechal Rondon da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e sempre foi um importante colaborador nas discussões sobre a criação da Federação do Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FepoiMT), na política indígena no estado e atuando em favor dos direitos dos povos indígenas.

Os sinceros votos de pesar do MPF a todos os povos indígenas de Mato Grosso e do Brasil.

*Povos afetados em Mato Grosso* – Ao todo, 19 povos indígenas de Mato Grosso foram afetados pela covid-19. São eles: Xavante, Kalapalo, Kurâ Bakairi, Bororo-Boe, Umutina, Chiquitano, Kamayura, Apyãwa, Tapirapé, Paresi, Kaiabi, Rikbaktsa, Kuikuro, Cinta Larga, Zoró, Kayapo Mebêngôkrê, Yawalapiti, Surui Paiter e Nafukua.

Assessoria de Comunicação
Ministério Público Federal
Procuradoria da República em Mato Grosso 

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