Brasil e Colômbia elaboram documento com diretrizes de pesquisa em agroecologia

Representantes dos governos da Colômbia e do Brasil, academia e organizações da sociedade civil participaram do encontro interinstitucional para socialização e feedback sobre o documento preliminar de diretrizes da pesquisa em agroecologia para os dois países.

O documento incorporou contribuições de três oficinas de intercâmbio entre o Brasil e a Colômbia, além de revisar documentos, estudos e diretrizes dos dois países. Foto | Elza Fiúza/Agência Brasil

O objetivo do encontro era receber recomendações sobre este trabalho, que visa ser um referencial para a construção de planos e/ou programas conjuntos de pesquisa em agroecologia e fornecer subsídios para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas para fortalecer a inovação rural com abordagem agroecológica.

A atividade faz parte das ações do projeto Semeando Capacidades, realizado em conjunto na Colômbia e no Brasil pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil, e o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia. Integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.

O coordenador do projeto Semeando Capacidades, Camilo Ardila Galvis, agradeceu aos presentes pelo acompanhamento na construção do documento e convidou a participarem ativamente desse espaço de diálogo a fim de conhecer as recomendações que permitem a sua concretização. “O projeto gera conhecimentos e produtos para que sejam utilizados e apropriados por diferentes atores”, destacou.

A consultora da FAO Colômbia, Catherine Rivera, apresentou um breve resumo da proposta preliminar de diretrizes de pesquisa em agroecologia para o Brasil e a Colômbia, e a metodologia para a construção deste documento, destacando que o mapeamento permitiu a identificação de 31 atores na Colômbia. “58% na academia; 29% em centros privados, institutos, organismos de investigação e 13% públicos. Além disso, no Brasil, foram identificados 32 atores: 81% na academia; 10% em centros privados, institutos, organismos de pesquisa e 9% públicos”, explicou.

Foi apresentado o processo de identificação de eixos estratégicos para a construção do documento de diretrizes de pesquisa que, segundo a revisão de 3 documentos estratégicos, resultou em 23 linhas de pesquisa agrupadas em 4 dimensões: As dimensões são econômico-produtivas; educação, extensão e pesquisa; sócio cultural; e mudanças ambientais e climáticas. E justamente nos diálogos de grupo deste encontro vamos aprofundar cada uma das linhas”, explicou a consultora da FAO Colômbia.

Diálogos de grupo

Os participantes foram divididos em dois grupos de trabalho que forneceram contribuições para o documento preliminar de diretrizes. Dentre as sugestões gerais, foram indicados o fortalecimento das ações ou estratégias de acordo com as linhas delineadas no documento; e a abordagem e articulação das diretrizes de pesquisa junto as políticas públicas dos dois países.

Em relação às questões mais específicas, os grupos destacaram a necessidade de aprofundar as pesquisas sobre sistemas de rastreabilidade e monitoramento de processos comunitários; e destacaram a importância de reconhecer e reavaliar os sistemas de conhecimento tradicionais e avançar para sistemas de informação como portais ou plataformas que consigam integrar toda a informação e disponibilizá-la a todo o público, contribuindo assim para o fortalecimento dos processos de investigação.

Também foi proposta a incorporação de um eixo ou linha de trabalho de análise e promoção de redes de consumo e agregação de valor social à produção agroecológica, articulando o econômico e o produtivo. Outros temas abordados foram: maior visibilidade do aspecto Segurança Alimentar e Nutricional e Soberania Alimentar e a contribuição da agroecologia; reconversão produtiva em áreas produtivas; e controle sanitário inclusivo e consistente com a agricultura familiar e seus saberes locais.

Próximos passos

O coordenador do projeto Semeando Capacidades explicou que, a partir de todas as contribuições, serão feitos ajustes e revisões no documento, de forma que a versão final esteja disponível em meados de fevereiro para diagramação e ampla divulgação.

Nas palavras finais, o representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil, Rafael Dias, destacou a importância de colocar em prática essa cooperação, que deu oportunidade de conhecer experiências de professores, pesquisadores do Brasil e da Colômbia, e que gerou um documento poderoso e de qualidade. “O documento é útil para futuras cooperações e até futuras investigações conjuntas”, disse.

Já representando o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR) da Colômbia, Ronald Dallos, agradeceu a participação de todos e disse que espera “concretizar as ideias e ter um documento robusto sobre todas as contribuições importantes recebidas”.

Colômbia e Brasil: semeando capacidades

O projeto Semeando Capacidades, iniciado em novembro de 2019, está dividido em quatro componentes: extensão agrícola, agroecologia, mercados diferenciados e sistemas de informação. O objetivo é fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, com especial ênfase na produção da agricultura familiar com enfoque agroecológico, sendo um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento rural do país rumo à transformação econômica, social e política.

PUBLICADO EM:    ONU NAÇÕES UNIDAS

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