Barcos Hospitais Papa Francisco e João Paulo II: atendimento a ribeirinhos com Covid e sem oxigênio chega pelo rio

A dramática situação vivida no Estado do Amazonas agora se estende ao oeste do Pará, onde as duas embarcações fazem atendimentos e correm contra o tempo para salvar a vida dos ribeirinhos.

Expedições de rotina foram suspensas para atender só pacientes com Covid – Vatican News

Frei Nicolau fala de “calamidade” na região do Baixo Amazonas tanto nos hospitais como nas comunidades, com pacientes gravíssimos, e infectados que inclusive já faleceram por falta de oxigênio: “a gente está aqui, unindo forças, desdobrando as atividades para conseguir socorrer todo mundo. Mas não está fácil”, desabafa o frade.

Tanto o Barco Hospital Papa Francisco quanto a outra embarcação que leva o nome de “Papa João Paulo II” estão atracados na cidade de Faro, comunidade ribeirinha do Rio Amazonas, no Estado do Pará, desde quarta-feira (20) e por tempo indeterminado para dar suporte e estabilizar o atendimento aos pacientes com Covid-19. Só nesta quinta-feira (21), 9 pessoas foram transferidas para o hospital mais próximo e de referência do Baixo Amazonas, o 9 de abril.

A movimentação dos barcos no combate ao vírus foi confirmada ao Vatican News pelo bispo de Óbidos, dom Bernardo Bahlmann, que comenta sobre a situação crítica também naquela região:

“O Barco Hospital foi correndo para Faro, porque lá é já a divisa com o Estado do Amazonas, e nós somos a diocese que faz divisa com o Estado do Amazonas. Está muito afetado também, muita gente aqui. Então, a gente está fazendo um trabalho a todo vapor.”

Nesta sexta-feira (22), a região recebeu a visita do governador do Pará, Helder Barbalho, que nesta semana inclusive postou nas suas redes sociais sobre a presença dos barcos no distrito de Maracanã, em Faro.

O Frei Nicolau, também de Óbidos, confirmou a situação dramática do Estado do Amazonas que agora se estende até o oeste do Pará, onde as embarcações procuram socorrer os ribeirinhos das comunidades do Baixo Amazonas. Principalmente porque a região, esclarece o frade, não conta com leitos de UTI.

“A mesma situação que hoje nós enfrentamos em Manaus, está refletindo aqui para nós no Baixo Amazonas. Começou a calamidade na cidade de Faro, onde teve a falta de oxigênio e inclusive o nosso Barco Hospital ‘Papa Francisco’ e o ‘Papa João Paulo II’ estão lá para conseguir fazer o atendimento e dar um socorro lá para a população de Faro. Oriximiná também está com dificuldade de oxigênio. Nós aqui em Óbidos, na Santa Casa de Misericórdia de Óbidos, também estamos com dificuldades de oxigênio. Nosso fornecedor hoje já manifestou que a carga que ele vai conseguir mandar para nós hoje, depois ele vai conseguir mandar só na segunda-feira… A gente está com vários pacientes gravíssimos aqui porque não tem leito de UTI, o nosso pessoal do Hospital 9 de Abril, na cidade de Juruti, nesse momento está em Belém para discutir com o Estado o credenciamento de mais leitos, leitos clínicos de Covid lá no hospital 9 de Abril de Juruti. Aqui o nosso Baixo Amazonas também se encontra nessa calamidade pela falta da matéria e pela falta do oxigênio.”

“Não está fácil”, desabafa o frade

A Associação e Fraternidade Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, que mantém as embarcações para atender os ribeirinhos, precisou suspender as expedições programadas no Rio Amazonas para dar suporte direcionado aos pacientes de Covid e para reforçar o trabalho da Secretaria de Estado da Saúde do Pará. Frei Nicolau fala das dificuldades vividas na região, agravadas pela pandemia:

“O preço do medicamento que foi lá para cima, uma série de dificuldades aqui que nós enfrentamos, mas que isso acaba sendo rotina do nosso dia. Porém, neste momento mais agravante, é a falta de oxigênio e os nossos pacientes morrendo por falta de ar porque não tem oxigênio. Em Faro, uma família perdeu sete pessoas ao mesmo tempo por falta de oxigênio. Então, de emergência, a gente deixou todas as missões do barco e partiu com o barco para lá para socorrer Faro. A gente está aqui, unindo forças, desdobrando as atividades para conseguir socorrer todo mundo. Mas não está fácil.”

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Andressa Collet – Vatican News

PUBLICADO EM:      VATICAN NEWS

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