Biogás pode fazer a diferença na crise energética do Amapá

Estudo do Escolhas e CIBiogás mostra o potencial de geração de biogás no estado capaz de abastecer 50 mil pessoas e permitir a manutenção dos negócios locais que estão perdendo a produção sem energia nos freezers

Instituto Escolhas

Há uma semana às escuras, todo o estado do Amapá sofre com a interrupção no fornecimento de energia elétrica. Mais de 765 mil pessoas sofreram com o blecaute provocado pelo incêndio na principal subestação de energia do estado na última terça-feira (03/11). A falta de luz afetou o fornecimento de serviços básicos, como o bombeamento de água potável e o transporte público – já que não há diesel suficiente para abastecer tanto os barcos – necessário para abastecer de alimentos as comunidades ribeirinhas – e os próprios geradores de eletricidade. Ou seja, é uma crise energética completa.

Estudo do Instituto Escolhas produzido em parceria com o CIBiogás mostra que essa realidade poderia ser diferente. Com políticas incentivando a energia local, o Estado poderia gerar 15 milhões de metros cúbico de biogás por ano, a partir de resíduos sólidos urbanos e dos rejeitos da piscicultura. Isso seria o suficiente para gerar cerca de 31.136 MWh de energia elétrica e abastecer quase 11.800 residências ou 50 mil pessoas – isso equivale a população de Laranjal do Jari, terceira maior do Estado. Poderia também ser utilizado pelas indústrias locais, como as do peixe e açaí, evitando que sua produção fosse perdida pela falta de refrigeração – situação vista hoje.

Os números são ainda conservadores, já que o biogás pode ser produzido também com outras matérias-primas orgânicas. É a transformação do lixo em uma fonte energética, garantindo suprimento local e dando destinação correta aos resíduos.

O Instituto Escolhas já havia apontado, em documento entregue ao Vice-Presidente, Hamilton Mourão, que é necessário um programa de energia elétrica para a Amazônia – no qual o biogás seria chave -, para desenvolver a Bioeconomia, alavancando negócios de economia circular, com benefícios sociais e ambientais coletivos, como é o caso das atividades do açaí, castanhas, óleos vegetais e peixe amazônicos.

O Texto para Discussão Do lixo ao luxo: biogás na agenda da Bioeconomia da Amazônia, idealizado pelo Escolhas e publicado em agosto, mostra como o biogás poderia contribuir para destravar essa agenda, já que pode ser gerado localmente e pelas próprias cadeias da Bioeconomia.

“Precisamos urgente de um programa de energia para a Amazônia. Não é aceitável que pessoas ainda passem por uma calamidade energética. Sem contar a situação das comunidades ribeirinhas, para quem a falta de energia é usual. Temos alternativas locais, como é o caso do biogás, que poderia aliviar essa situação e ainda alavancar atividades da bioeconomia, como o açaí e o pescado”, afirma Larissa Rodrigues, gerente de Projetos e Produtos do Escolhas.

O estudo inédito – que deve ser publicado em dezembro – traz números a esse potencial, revelando que hoje a população e os negócios do Amapá poderiam não só evitar a situação de calamidade e prejuízos decorrentes da falta de energia, mas também estruturar o crescimento de sua economia. O trabalho vai revelar ainda os potenciais de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos e da piscicultura para outros três estados: Amazonas, Roraima e Rondônia.

No início de 2021 o Instituto Escolhas e o CIBiogás fornecerão um mapa completo do potencial de geração de biogás em toda a Amazônia, incluindo também os resíduos da produção de mandioca.

Potencial do biogás no Amapá
15 milhões de m3/ano em potencial
31.136 MWh/ano de eletricidade
11.800 residências atendidas
50 mil pessoas beneficiadas

PUBLICADO EM:   INSTITUTO ESCOLHAS

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