‘A gente supõe que já existia um acordo do ministro com os garimpeiros’, diz Munduruku

Líder indígena ameaçado de morte suspeita que viagem de Ricardo Salles ao Pará foi articulada diretamente por invasores de área protegida com objetivo de atrapalhar operação de fiscalização

Garimpo na Terra Indígena Mundurucu, no Pará, em 2017 | Ibama

O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, saiu um pouco dos holofotes após vir a público o conteúdo da reunião ministerial de 22 de abril, na qual defendeu “ir passando a boiada”. Salles queria dizer que o governo deveria aproveitar que a atenção da imprensa estava na pandemia para fragilizar a legislação ambiental por meio de mudanças infralegais (edição de decretos, portarias, instruções etc).

Na semana passada, o ministro voltou a colocar à prova a missão legal de seu cargo ao referendar a posição de invasores de uma área protegida. Ele fez uma visita surpresa à Jacareacanga (PA), foi recebido por garimpeiros que atuam ilegalmente na Terra Indígena (TI) Mundurucu e defendeu sua atividade.

Coincidentemente, estava em curso uma operação coordenada pela Polícia Federal (PF) contra o garimpo no território indígena. O ministro alegou que pretendia acompanhar a ação, mas fez questão de retornar à Brasília, em um avião oficial, com algumas das pessoas que o receberam. Na capital federal, apesar de apoiarem um crime (o garimpo em TI é ilegal), elas foram ouvidas por outras autoridades. A viagem acontece na esteira de várias outras medidas de desmonte das políticas ambientais em 2020.

Entrevista e edição: Oswaldo Braga de Souza

ÍNTEGRA EM:   AMAZÔNIA.ORG.BR    –      INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL  

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