Procuradores da República fazem vídeo pedindo para que indígenas de MT permaneçam nas aldeias

Procuradores da República fazem vídeo pedindo para que indígenas de MT permaneçam nas aldeias

Arte: Francisco Stuchi, João Rosa e Luciano Silva – Publicado em: MPF MT

Com a frase “Fique em Casa” falada em 14 línguas indígenas, além do português, procuradores da República fizeram um vídeo pedindo para que a população indígena de Mato Grosso permaneça nas aldeias durante a pandemia da covid-19. Devido aos casos confirmados de coronavírus nos municípios próximos às aldeias, 20 terras indígenas já estão em estado de alerta.

O vídeo tem início com o procurador da República e titular do Ofício de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF), Ricardo Pael, falando sobre a importância de se fazer o isolamento social, não apenas para não ser infectado pelo vírus, mas para também não transmitir, caso seja portador da doença. Pael ressalta que o MPF continua trabalhando na defesa dos direitos dos cidadãos, principalmente em relação ao direito à saúde. “Mas para que este trabalho dê certo, precisamos da ajuda de cada um. Precisamos que vocês sigam todas as orientações de prevenção e higiene e, principalmente, fique em casa. (…) Ficar em casa protege vocês e os demais”, ressaltou.

De acordo com Pael, a ideia de falar a frase nas línguas maternas nasceu do respeito que o MPF nutre pelas peculiaridades culturais dos povos indígenas. “O próprio Texto Constitucional assegura o respeito à cultura desses povos. Muito embora não tenhamos conseguido falar em todas as línguas indígenas de Mato Grosso, nossa preocupação é geral e faremos o que for necessário para que a mensagem chegue a todos”, completou.

Mato Grosso tem registrados, atualmente, 134 casos de coronavírus em 17 municípios, sendo que alguns deles ou estão bem próximos de aldeias ou possuem terras indígenas em seus limites municipais. Com isso, um levantamento feito por um grupo de pesquisadores de Mato Grosso, e cedido ao Ministério Público Federal, aponta de 20 terras indígenas já estão em estado de alerta para a covid-19 (veja mapa). E como muitos indígenas vão até as cidades para fazer compras entre outras atividades, os procuradores decidiram fazer o apelo para que permaneçam o maior tempo possível nas aldeias.

Na região norte do estado, próximo a Aripuanã, as TIs que estão em alerta são Piripikura (índios isolados), Sete de Setembro (Suruí), Zoró (Zoró), Roosevelt (Cinta Larga), Arara do Rio Branco (Arara) e Parque do Aripuanã (Cinta Larga). Na região do Araguaia, próximo a União do Sul e Canarana, estão o Parque Indígena do Xingu e a TI Pimentel Barbosa (Xavante). Somente no Parque do Xingu vivem indígenas de 15 etnias diferentes: Wauja, Trumái, Yawalapití, Mehináku, Aweti, Yudjá, Kisêdjê, Ikpeng, Matipú, Kuikuro, Nahukuá, Tapayuna, Kaiabi, Kamayrurá, Kalapalo.

Já na região sudoeste, as TIs Utiariti, Paresi, Estivadinho, Figueiras e Rio Formoso (todas da etnia Paresi), Sararé (Nambikwára) e Portal do Encantado (Chiquitanos) estão próximas os municípios de Campo Novo do Parecis, Tangará da Serra e Pontes e Lacerda, que já registram casos de covid-19.

Na região central do estado apenas uma Terra Indígena está sob alerta, que é a Santana, dos Bakairi, que fica no município de Nobres e nas proximidades do município de Nova Mutum, que já possui caso de contaminação do coronavírus.

No sul de Mato Grosso, as TIs em estado de alerta são Sangradouro/Volta Grande (Xavante e Bororo), próxima ao município de Primavera do Leste, e Jarudore, Tereza Cristina e Tadarimana. Estas três estão nas proximidades da cidade de Rondonópolis, que atualmente é a segunda em número de casos de covid-19 no estado, 22 confirmações.

Apesar da preocupação por parte do MPF, ainda não houve registro de casos de coronavírus em indígenas no estado. “A ideia é justamente não registrarmos, ou se houver, que seja em menor número possível”, enfatizou o procurador Ricardo Pael.

Conforme o senso do IBGE de 2010, Mato Grosso tem aproximadamente 42 mil indígenas de 45 etnias: Apiaká, Apurinã, Arara do Rio Branco, Aweti, Bakairi, Bororo, Chiquitano, Cinta larga, Enawenê-nawê, Guató, Ikpeng, Iny, Karajá, Iranxe, Manoki, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiwete, Kisêdjê, Krenak, Kuikuro, Matipu, Mebêngôkre, Kayapó, Mehinako, Menky, Manoki, Nahukuá, Nambikwara, Naruvotu, Panará, Paresí, Rikbaktsa, Surui, Paiter, Tapayuna, Tapirapé, Terena, Trumai, Umutina, Wauja, Xavante, Yawalapiti, Yudja e Zoró. Estes estão distribuídos em 87 terras indígenas em situação de estudo, delimitadas, regularizadas e/ou declaradas, conforme informações da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Destinação aos indígenas – Com as últimas destinações de recursos para os Dseis Araguaia e Cuiabá, o valor destinado para a aquisição de materiais médico-hospitalares, kits de testagem rápida, medicamentos, materiais educativos e alimentação das comunidades indígenas já chega a R$ 1.085.826,64.

Sobre o vídeo – Participaram da gravação do vídeo, além do procurador Ricardo Pael, as procuradoras e os procuradores da República Valéria Etgeton de Siqueira (Bakairi), Gustavo Nogami (Bororo), Ludmila Bortoleto (Enawenê-Nawê), Júlio César de Almeida (Guató), Vinicius Alexandre Fortes de Barros (Irantxe), Marianne Cury (Kalapalo), Erich Masson (Munduruku), Bernardo Meyer (Nambikwara), Pedro Melo Pouchain Ribeiro (Paresi), Gabriel Pimenta Alves (Tapayuna), Leandro Musa de Almeida (Tapirapé), Rodrigo Pires (Terena), Guilherme Tavares (Waujá) e Everton Araújo (Xavante).

Assista ao vídeo

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