Coronavírus: Amazonas e Pará registram quatro casos em indígenas venezuelanos. Um homem Warao morreu

Os Estados do Amazonas e Pará anunciaram as primeiras notificações do novo coronavírus em migrantes venezuelanos da etnia Warao.

Em Manaus, o paciente mais jovem é um bebê de dois meses e o resultado do diagnóstico demorou 11 dias para sair. Os povos Warao buscam apoio nas ruas de Manaus (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Nesta quarta-feira (16), em Belém morreu um homem, de 64 anos, durante o tratamento da Covid-19 no hospital municipal de retaguarda Dom Vicente Zico. Mais duas pessoas estão com o vírus, mas no isolamento. Em Manaus, um bebê de dois meses foi infectado e está internado no Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, na zona norte da capital amazonense. Seu estado de saúde é estável.

A morte do indígena Warao foi comunicada em live na internet pelo prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB). “Nós tivemos mais dois casos de coronavírus entre os venezuelanos warao. A PMB (Prefeitura Municipal de Belém) está transferindo cerca de 50 pessoas, para deixar o grupo que teve contato em isolamento. Para preservar eles e outras pessoas”, disse o prefeito.

O bebê Warao nasceu no dia 28 de janeiro, em Manaus. Ele, sua mãe, o pai e mais seis irmãos viviam em um abrigo com mais de 500 migrantes alojados, na zona norte da capital amazonense. O primeiro sintoma apresentado foi um resfriado no dia 2 de abril, quando o recém-nascido foi internado no Hospital Pronto Socorro da Criança, no bairro compensa, na zona oeste de Manaus. O teste, que confirmou o novo coronavírus, saiu no dia 13 de abril, portando 11 dias após a internação hospitalar.

Após a confirmação do caso, o bebê foi transferido na madrugada de terça-feira (14) para o Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, na zona norte da cidade, que é a unidade de referência para o tratamento de Covid-19 no estado. O pai da criança, que está em isolamento, e os outros filhos foram realojados em um novo abrigo, na zona oeste da cidade.

A Prefeitura de Manaus, que divulgou o caso à imprensa, não informou por que o teste para o novo coronavírus no bebê demorou 11 dias para sair. Em comunicado, disse que “como o hospital [Hospital da Criança] só acusou o teste para Covid-19 após 11 dias, da indígena ter dado entrada na unidade, não é possível confirmar se a infecção foi no hospital ou no abrigo onde a família morava”.

Testes para o novo coronavírus são realizados pelo Laboratório Central de Saúde (Lacen), ligado à Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, que libera os resultados em cerca de 24 horas.

A diretora presidente da FVS, Rosemary Pinto, justificou a demora no diagnóstico do bebê Warao. Ela disse que a suspeita surgiu após investigação do Hospital Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste. “Como é uma criança indígena, ela tem várias patologias. Essa criança ficou internada um tempo até que os médicos aventassem a possibilidade da hipótese diagnóstica de Covid-19. No momento em que a criança foi identificada com essa possibilidade, o Lacen foi acionado, a coleta foi feita e o diagnóstico foi dado. Esse tempo de 11 dias foi o tempo que a unidade [hospitalar], entre tantas patologias apresentadas, suspeitasse de Covid-19”, disse a diretora.

No Amazonas, segundo o Ministério da Saúde, é o estado da região norte com mais casos do novo coronavírus na população: foram 1.719 diagnósticos confirmados até esta quarta-feira (16) e 124 mortes. No estado do Pará, são 438 casos confirmados e 24 mortes.

Por Izabel Santos e Vivianny Matos, da Amazônia Real

Por: | 17/04/2020 às 01:41

CONTEÚDO COMPLETO DISPONÍVEL EM: AMAZÔNIA REAL  

VER MAIS:

Coronavírus: “Um ancião indígena que morre é uma perda para toda a humanidade”, diz Márcio Meira  

Coronavírus: enterro de indígena sem ritual requer diálogo entre lideranças e o Ministério da Saúde, dizem especialistas 

Sepultamento de Yanomami vítima da COVID-19  

Coronavírus: Indígenas que vivem na cidade são classificados como “brancos” no Amazonas   

Entre‌ ‌festa‌ ‌e‌ ‌luta, ‌a‌ ‌vida‌‌ da‌ ‌indígena‌ ‌Borari‌ ‌vítima da‌ Covid-19‌ ‌  

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *